A Bíblia é o mais conhecido e mais lido de todos os livros praticamente por toda parte no planeta e nenhum outro se vendeu tanto até hoje. Não obstante há diversas contradições existentes dentro do Velho Testamento e muito mais entre esse e o chamado Novo Testamento, é corrente no meio religioso a idéia de que há uma unanimidade maravilhosa de pensamento entre todos os escritores que participaram da criação do livro sagrado. Diante desse sucesso todo, muitos estudiosos têm dedicado tempo e muito trabalho perscrutando sua obscura origem e o poder inexplicável desse livro sobre o imaginário humano, tornando-o a base da fé da maior parte do mundo. Só recentemente, através da arqueologia e análise dos registros encontrado das bibliotecas de povos do Oriente Médio, está-se chegando a uma conclusão sobre o seu início. O começo da Bíblia escrita remonta ao século sétimo antes da era Cristã. Todos os povos têm lendas que tentam explicar a origem de todas as coisas. Os hebreus também tinha as suas, que eram transmitidas oralmente de pais para filhos, misturadas com fatos e esculpidas pelas crenças vigentes em cada época e cada meio. Assim, versões diversas existiam sobre as divindades e a respeito da origem do universo com tudo que nele há. Uma leitura atenta do velho testamento nos mostra que vários escritores de pensamentos diversos contribuíram na elaboração dos primeiros livros bíblicos. Mediante os dados arqueológicos e os registros encontrados em antigas bibliotecas egípcias e dos povos antigos do Oriente Médio, os estudiosos passaram a perceber que a realidade fática e geográfica anterior ao sétimo século antes da Era Cristã divergia muito dos relatos da história patriarcal hebraica, dando a entender que foi naquele século que o livro foi criado. Analisando todas as contradições, chegou-se à conclusão de que tudo foi redigido pelos escribas do templo a mando do rei Josias. ”Não há registro arqueológico ou histórico da existência de Moisés ou dos fatos descritos no Êxodo. A libertação dos hebreus, escravizados por um faraó egípcio, foi incluída na Torá provavelmente no século VII a.C. , por obra dos escribas do Templo de Jerusalém, em uma reforma social e religiosa. Para combater o politeísmo e o culto de imagens, que cresciam entre os judeus, os rabinos inventaram um novo código de leis e histórias de patriarcas heróicos que recebiam ensinamentos diretamente de Jeová. Tais intenções acabaram batizadas de “ideologia deuteronômica”, porque estão mais evidentes no livro Deuteronômio. A prova de que esses textos são lendas estaria nas inúmeras incongruências culturais e geográficas entre o texto e a realidade. Muitos reinos e locais citados na jornada de Moisés pelo deserto não existiam no século XIII a.C., quando o Êxodo teria ocorrido. Esses locais só viriam a existir 500 anos depois, justamente no período dos escribas deuteronômicos. Também não havia um local chamado Monte Sinai, onde Moisés teria recebido os Dez Mandamentos. Sua localização atual, no Egito, foi escolhida entre os séculos IV e VI d.C., por monges cristãos bizantinos, porque ele oferecia uma bela vista. Já as Dez Pragas seriam o eco de um desastre ecológico ocorrido no Vale do Nilo quando tribos nômades de semitas estiveram por lá. Vejamos agora o caso de Abraão, o patriarca dos judeus. Segundo a Bíblia, ele era um comerciante nômade que, por volta de 1850 a.C., emigrou de Ur, na Mesopotâmia, para Canaã (na Palestina). Na viagem, ele e seus filhos comerciavam em caravanas de camelos. Mas não há registros de migrações de Ur em direção a Canaã que justifiquem o relato bíblico e, naquela época, os camelos ainda não haviam sido domesticados. Aqui também há erros geográficos: lugares citados na viagem de Abraão, como Hebron e Bersheba, nem existiam então. Hoje, a análise filológica dos textos indica que Abraão foi introduzido na Torá entre os séculos VIII e VII a.C. (mais de 1 000 anos após a suposta viagem). Então, como surgiu o povo hebreu? Na verdade, hebreus e canaanitas são o mesmo povo. Por volta de 2000 a.C., os canaanitas viviam em povoados nas terras férteis dos vales, enquanto os hebreus eram nômades das montanhas. Foi o declínio das cidades canaanitas, acossadas por invasores no final da Idade do Bronze (300 a.C. a 1000 a.C.)" [“300” deve-se ler “1.300”], "que permitiu aos hebreus ocupar os vales. Segundo a Bíblia, os hebreus conquistaram Canaã com a ajuda dos céus: na entrada de Jericó, o exército hebreu toca suas trombetas e as muralhas da cidade desabam, por milagre. Mas a ciência diz que Jericó nem tinha muralhas nessa época. A chegada dos hebreus teria sido um longo e pacífico processo de infiltração. DAVID E SALOMÃO Há pouca dúvida de que David e Salomão existiram. Mas há muita controvérsia sobre seu verdadeiro papel na história do povo hebreu. A Bíblia diz que a primeira unificação das tribos hebraicas aconteceu no reinado de Saul. Seu sucessor, David, organizou o Estado hebraico, eliminando adversários e preparando o terreno para que seu filho, Salomão, pudesse reinar sobre um vasto império. O período salomônico (970 a.C. a 930 a.C.) teria sido marcado pela construção do Templo de Jerusalém e a entronização da Arca da Aliança em seu altar. Não há registros históricos ou arqueológicos da existência de Saul, mas a arqueologia mostra que boa parte dos hebreus ainda vivia em aldeias nas montanhas no período em que ele teria vivido (por volta de 1000 a.C.) – assim, Saul seria apenas um entre os muitos líderes tribais hebreus. Quanto a David, há pelos menos um achado arqueológico importante: em 1993 foi encontrada uma pedra de basalto datada do século IX a.C. com escritos que mencionam um rei David. Por outro lado, não há qualquer evidência das conquistas de David narradas na Bíblia, como sua vitória sobre o gigante Golias. Ao contrário, as cidades canaanitas mencionadas como destruídas por seus exércitos teriam continuado sua vida normalmente. Na verdade, David não teria sido o grande líder que a Bíblia afirma. Seu papel teria sido muito menor. Ele pode ter sido o líder de um grupo de rebeldes que vivia nas montanhas, chamados apiru (palavra de onde deriva a palavra hebreu) – uma espécie de guerrilheiro que ameaçava as cidades do sul da Palestina. Quanto ao império salomônico cantado em verso e prosa na Torá hebraica, a verdade é que não foram achadas ruínas de arquitetura monumental em Jerusalém ou qualquer das outras cidades citadas na Bíblia. O principal indício de que as conquistas de David e o império de Salomão são, em sua maior parte, invenções é que, no período em que teriam vivido, a arqueologia prova que a cultura canaanita (que, segundo a Bíblia, teria sido destruída) continuava viva. A conclusão é que David e Salomão teriam sido apenas pequenos líderes tribais de Judá, um Estado pobre e politicamente inexpressivo localizado no sul da Palestina. Na verdade, o grande momento da história hebraica teria acontecido não no período salomônico, mas cerca de um século mais tarde. Entre 884 e 873 a.C., foi fundada Samária, a capital do reino de Israel, no norte da Palestina, sob a liderança do rei israelita Omri. Enquanto Judá permanecia pobre e esquecida no sul, os israelitas do norte faziam alianças com os assírios e viviam um período de grande desenvolvimento econômico. A arqueologia demonstrou que os monumentos normalmente atribuídos a Salomão foram, na verdade, erguidos pelos omridas. Ou seja: o primeiro grande Estado judaico não teve a liderança de Salomão, e sim dos reis da dinastia omrida. Enriquecido pelos acordos comerciais com Assíria e Egito, o rei Acab, filho de Omri, ordena a construção dos palácios de Megido e as muralhas de Hazor, entre outras obras. Hoje, os restos arqueológicos desses palácios e muralhas são o principal ponto de discórdia entre os arqueólogos que estudam a Torá. Muitos ainda os atribuem a Salomão, numa atitude muito mais de fé do que de rigor científico, já que as datações mais recentes indicam que Salomão nunca ergueu palácios. JUDÁ Entender a história de Judá é fundamental para entender todo o Velho Testamento. Até o século VIII a.C., Judá era apenas uma reunião de tribos vivendo numa região desértica do sul da Palestina. Em 722 a.C., porém, os assírios resolvem conquistar as ricas planícies e cidades de Israel – o reino do norte, mais desenvolvido economicamente e mais culto. Judá, no sul, que não pareceu interessar aos assírios, pôde continuar independente, desde que pagasse tributos ao império assírio. Assim, enquanto no norte acontece uma desintegração dos hebreus, levados para a Assíria como escravos, no sul eles continuam unidos em torno do Templo de Jerusalém. Judá beneficiou-se enormemente da destruição do reino do norte. Jerusalém cresceu rapidamente e cidades como Lachish, que servia de passagem antes de chegar a Jerusalém, foram fortificadas. Era o momento de Judá tomar a frente dos hebreus. Para isso, precisaria de duas coisas: um rei forte e um arsenal ideológico capaz de convencer as tribos do norte de que Judá fora escolhida por Deus para unir os hebreus. Além disso, era preciso combater o politeísmo que voltava a crescer no norte. Josias foi o candidato a assumir a posição de rei unificador. Durante uma reforma no Templo de Jerusalém, em seu governo, foi “encontrado” (na verdade, não há dúvidas de que o livro foi colocado ali de propósito) o livro Deuteronômio, com todos os ingredientes para um ampla reforma social e religiosa. O livro possui até profecias que afirmam, por exemplo, que um rei chamado Josias, da casa de David, seria escolhido por Deus para salvar os hebreus. Ungido pelo relato do livro, o ardiloso Josias consegue seu objetivo de centralizar o poder, mas acaba morto em batalha. Judá revolta-se contra os assírios e o rei da Assíria, Senaqueribe, invade a região, destruindo Lachish e submetendo Jerusalém. A destruição de Lachish, narrada com riqueza de detalhes na Bíblia, também aparece num relevo encontrado em Nínive, a antiga capital assíria. E as escavações comprovaram que a Bíblia e o relevo são fiéis ao acontecido. Ou seja: nesse caso, a arqueologia provou que a Torá foi fiel aos fatos” (Superinteressante, julho/2002). Como naqueles tempos não havia meios de análise do passado, tudo pareceu verdadeiro, e os judeus passaram a crer que o único deus verdadeiro os havia escolhido desde muitos séculos para governar o mundo. Yavé seria o único deus verdadeiro. Todos os outros teriam sido criações humanas. E os adoradores de Yavé dominariam o mundo. O UNGIDO DE BELÉM QUE SUBMETERIA TODOS OS OUTROS REINOS A Assíria, como acima informado, submetera o reino de Israel exilando o povo, e Judá permaneceu, embora obrigado a pagar tribuntos à Assíria. Alguma coisas deveria ser feito para que isso não prosseguisse. A mensagem do deus verdadeiro, Yavé, através de um profeta (homem santo que previa o futuro), fortaleceria o ânimo daquele povo com a promessa de destronar a Assíria e criar um reino inabalável. Assim, um profeta chamado Miquéias apresentou o futuro: “Mas tu, Belém Efrata, posto que pequena para estar entre os milhares de Judá, de ti é que me sairá aquele que há de reinar em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade. Portanto os entregará até o tempo em que a que está de parto tiver dado à luz; então o resto de seus irmãos voltará aos filhos de Israel. E ele permanecerá, e apascentará o povo na força do Senhor, na excelência do nome do Senhor seu Deus; e eles permanecerão, porque agora ele será grande até os fins da terra. E este será a nossa paz. Quando a Assíria entrar em nossa terra, e quando pisar em nossos palácios, então suscitaremos contra ela sete pastores e oito príncipes dentre os homens. Esses consumirão a terra da Assíria à espada, e a terra de Ninrode nas suas entradas. Assim ele nos livrará da Assíria, quando entrar em nossa terra, e quando calcar os nossos termos. E o resto de Jacó estará no meio de muitos povos, como orvalho da parte do Senhor, como chuvisco sobre a erva, que não espera pelo homem, nem aguarda filhos de homens. Também o resto de Jacó estará entre as nações, no meio de muitos povos, como um leão entre os animais do bosque, como um leão novo entre os rebanhos de ovelhas, o qual, quando passar, as pisará e despedaçará, sem que haja quem as livre. A tua mão será exaltada sobre os teus adversários e serão exterminados todos os seus inimigos. Naquele dia, diz o Senhor, exterminarei do meio de ti os teus cavalos, e destruirei os teus carros; destruirei as cidade da tua terra, e derribarei todas as tuas fortalezas. Tirarei as feitiçarias da tua mão, e não terás adivinhadores; arrancarei do meio de ti as tuas imagens esculpidas e as tuas colunas; e não adorarás mais a obra das tuas mãos. Do meio de ti arrancarei os teus aserins, e destruirei as tuas cidades. E com ira e com furor exercerei vingança sobre as nações que não obedeceram.” (Miquéias, 5: 2-15). Isso foi escrito, pelo menos está dito que foi, “nos dias de Jotão Acaz e Ezequias reis de Judá” (Miquéias, 1: 1). Vamos ver um pouco da história, para entender as palavras de Miquéias: “No ano duodécimo de Acaz, rei de Judá, começou a reinar Oséias, filho de Elá, e reinou sobre Israel, em Samária nove anos. E fez o que era mau aos olhos do Senhor, contudo não como os reis de Israel que foram antes dele. Contra ele subiu Salmanasar, rei da Assiria; e Oséias ficou sendo servo dele e lhe pagava tributos. O rei da Assíria , porém, achou em Oséias conspiração; porque ele enviara mensageiros a Sô, rei do Egito, e não pagava, como dantes, os tributos anuais ao rei da Assíria; então este o encerrou e o pôs em grilhões numa prisão. E o rei da Assíria subiu por toda a terra, e chegando a Samária sitiou-a por três anos. No ano nono de Oséias, o rei da Assíria tomou Samária, e levou Israel cativo para a Assíria; e fê-los habitar em Hala, e junto a Habor, o rio de Gozã, e nas cidades dos medos. (II Reis, 17: 1-6) Uma vez que só Judá estava livre, e o restante de Israel, o reino no Norte, estava sob o poder assírio, na promessa do profeta estavam estas palavras: “então o resto de seus irmãos voltará aos filhos de Israel” . Quando deveria vir o Messias? “Quando a Assíria entrar em nossa terra, e quando pisar em nossos palácios”, disse o profeta. Segundo o profeta, a Assíria iria tentar dominar Judá também; mas aí surgiria o Messias e a esmagaria, libertaria Israel, estabelecendo o reino unificado de Israel sobre todas as nações, "até os fins da Terra”. A Acaz, sucederam: Ezequias (16: 20), Manassés (20: 21; 21: 1), Amom (21: 18), e Josias (21: 26). O segundo Livro dos Reis informa que: “No ano décimo quarto do rei Ezequias, subiu Senaqueribe, rei da Assíria, contra todas as cidades fortificadas de Judá, e as tomou. Pelo que Ezequias, rei de Judá, enviou ao rei da Assíria, a Laquis, dizendo: Pequei; retira-te de mim; tudo o que me impuseres suportarei. Então o rei da Assíria impôs a Ezequias, rei de Judá, trezentos talentos de prata e trinta talentos de ouro” (II Reis, 18: 134, 14). O reino de Judá estava em uma condição bem melhor do que o de Israel, apenas pagando tributos à Assíria, enquanto o de Israel estava no esílio. Josias, que era o terceiro dos sucessores Ezequias, no décimo oitavo ano de seu reinado, aproximadamente noventa anos após a submissão de Ezequias por Salmanazar da Assíria, determinou uma reforma do templo, onde dizem ter sido achado o livro da lei de Moisés (II Reis, 22: 1-8). “Então disse o sumo sacerdote Hilquias ao escrivão Safã: Achei o livro da lei na casa do Senhor. E Hilquias entregou o livro a Safã, e ele o leu” (v. 8). Dadas as incongruências existentes na história pregressa, concluíram alguns analistas que esse livro da lei não fora encontrado, mas elaborado pelos escribas do reino e posto ali a mando de Josias. Havia até a seguinte predição: “E o homem clamou contra o altar, por ordem do Senhor, dizendo: Altar, altar! assim diz o Senhor: Eis que um filho nascerá à casa de Davi, cujo nome será Josias; o qual sacrificará sobre ti os sacerdotes dos altos que sobre ti queimam incenso, e ossos de homens se queimarão sobre ti” (II Reis, 13: 2). Tudo parece ter sido elaborado, com todos os assombrosos prodígios divinos e a predição sobre Josias, para levantar o ânimo do povo na luta para reunificar o reino. Após matar os sacerdotes adoradores de outros deuses e destruir tudo que estivesse ligado à idolatria (adoração que não seja a Yavé) segundo a lei do livro, “Josias tirou também todas as casas dos altos que havia nas cidades de Samária, e que os reis de Israel tinham feito para provocarem o Senhor à ira, e lhes fez conforme tudo o que havia feito em Betel. E a todos os sacerdotes dos altos que encontrou ali, ele os matou sobre os respectivos altares, onde também queimou ossos de homens; depois voltou a Jerusalém. Então o rei deu ordem a todo o povo dizendo: Celebrai a páscoa ao Senhor vosso Deus, como está escrito neste livro do pacto” (II Reis, 23: 19-21). Ali está registrado que “não se celebrara tal páscoa desde os dias dos juízes que julgaram a Israel, nem em todos os dias dos reis de Israel, nem tampouco nos dias dos reis de Judá” (v. 22). Conferindo todas as descobertas sobre a história anterior, que acreditam ter sido encontrada na reforma do templo, não é difícil perceber que essa “páscoa” nunca existira antes, mas foi introduzida com as leis divinas elaboradas pelos escribas. Mas, apesar de todo o preparo ideológico contido no livro, Josias não conseguiu estabelecer o reino unido. Foi morto em uma batalha, e Judá foi dominada pelo Egito e depois por Babilônia. A promessa divina falhou. “Nos seus dias subiu Faraó-Neco, rei do Egito, contra o rei da Assíria, ao rio Eufrates. E o rei Josias lhe foi ao encontro; e Faraó-Neco o matou em Megido, logo que o viu. ... E o povo da terra tomou a Jeoacaz, filho de Josias, ungiram-no, e o fizeram rei em lugar de seu pai. ... Ora, Faraó-Neco mandou prendê-lo em Ribla, na terra de Hamate, para que não reinasse em Jerusalém; e à terra impôs o tributo de cem talentos de prata e um talento de ouro. Também Faraó-Neco constituiu rei a Eliaquim, filho de Josias, em lugar de Josias, seu pai, e lhe mudou o nome em Jeoiaquim; porém levou consigo a Jeoacaz, que conduzido ao Egito, ali morreu. E Jeoiaquim deu a Faraó a prata e o ouro; porém impôs à terra uma taxa, para fornecer esse dinheiro conforme o mandado de Faraó. Exigiu do povo da terra, de cada um segundo a sua avaliação, prata e ouro, para o dar a Faraó-Neco. Jeoiaquim tinha vinte e cinco ano quando começou a reinar, e reinou onze anos em Jerusalém. ... Jeoiaquim dormiu com seus pais. E Joaquim, seu filho, reinou em seu lugar. O rei do Egito nunca mais saiu da sua terra, porque o rei de Babilônia tinha tomado tudo quanto era do rei do Egito desde o rio do Egito até o rio Eufrates. Tinha Joaquim dezoito anos quando começou a reinar e reinou três meses em Jerusalém. ... Naquele tempo os servos de Nabucodonosor, rei de Babilônia, subiram contra Jerusalém, e a cidade foi sitiada. E Nabucodonosor, rei de Babilônia, chegou diante da cidade quando já os seus servos a estavam sitiando. Então saiu Joaquim, rei de Judá, ao rei da Babilônia, ele, e sua mãe, e seus servos, e seus príncipes, e seus oficiais; e, no ano oitavo do seu reinado, o rei de Babilônia o levou preso. E tirou dali todos os tesouros da casa do Senhor, e os tesouros da casa do rei; e despedaçou todos os vasos de ouro que Salomão, rei de Israel, fizera no templo do Senhor, como o Senhor havia dito. E transportou toda a Jerusalém, como também todos os príncipes e todos os homens valentes, deu mil cativos, e todos os artífices e ferreiros; ninguém ficou senão o povo pobre da terra” (II Reis, 23: 29, 30, 33-36; 24: 7-14). Como a própria Bíblia relata, quando a Assíria entrasse na terra de Judá, deveria surgir o Messias e estabelecer o reino universal e eterno. Não obstante tudo indicasse esse ungido libertador fosse Josias, ele não o conseguiu, e os hebreus, longe de perder a fé nas palavras dos seus profetas, passaram a crer que esse Messias (ungido) viesse no futuro e ainda o esperam até hoje. NOVAS PROMESSAS DE DOMÍNIO MUNDIAL APÓS A QUEDA DE BABILÔNIA Como falhara a promessa do ungido de Belém e tanto judeus como israelitas caíram sob o domínio babilônico, novas promessas divina de libertação e domínio do mundo chegavam ao povo por meio dos profetas. Assim, estava sendo escrito mais um trecho do livro sagrado. Nos dias de Babilônia, apareceu a promessa do profeta Isaías com a palavra de Yavé, anunciando a queda de Babilônia, a construção da nova Jerusalém (Jerusalém havia sido destruída pelo império babilônico), e a paz perpétua do povo: "E Babilônia, a glória dos reinos, o esplendor e o orgulho dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou" (Isaías, 13:19) "Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão: Mas alegrai-vos e regozijai-vos perpetuamente no que eu crio; porque crio para Jerusalém motivo de exultação e para o seu povo motivo de gozo. E exultarei em Jerusalém, e folgarei no meu povo; e nunca mais se ouvirá nela voz de choro nem voz de clamor. Não haverá mais nela criança de poucos dias, nem velho que não tenha cumprido os seus dias; porque o menino morrerá de cem anos; mas o pecador de cem anos será amaldiçoado. E eles edificarão casas, e as habitarão; e plantarão vinhas, e comerão o fruto delas. Não edificarão para que outros habitem; não plantarão para que outros comam; porque os dias do meu povo serão como os dias da árvore, e os meus escolhidos gozarão por longo tempo das obras das suas mãos: Não trabalharão debalde, nem terão filhos para calamidade; porque serão a descendência dos benditos do Senhor, e os seus descendentes estarão com eles. E acontecerá que, antes de clamarem eles, eu responderei; e estando eles ainda falando, eu os ouvirei. O lobo e o cordeiro juntos se apascentarão, o leão comerá palha como o boi; e pó será a comida da serpente. Não farão mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o Senhor" (Isaías, 65: 17-25). A essa época ainda não se havia estabelecido entre eles a crença na ressurreição dos mortos. Por isso o profeta só prometia prosperidade e muito poder. A QUEDA DE BABILÔNIA NÃO RESULTOU NO FUTURO PREDITO Babilônia caiu. Entretanto, novamente, a promessa do reino de Israel não se cumpriu, e eles continuaram passando de um jugo para outro: após Babilônia, veio Medo-Pérsia, depois Grécia, depois Roma. No período babilônico, os hebreus já começaram a ter contato com a crença na ressurreição dos mortos. Entre os persas é que parece ter-se consolidado essa gloriosa esperança no ideário hebreu. Não obstante mais uma vez quebrada a promessa divina do poderoso reino de Israel, os profetas continuaram prevendo esse futuro esplendoroso do povo escolhido de Yavé. Nos dias em que o império grego estava dividido, o rei Antíoco Epífanes perpetrou a maior humilhação aos hebreus: profanou o tempo de Jerusalém e estabeleceu sobre ele sacrifícios aos seus deuses, sacrificando carne de porco sobre o altar que eles levantaram ao que crêem ser o deus verdadeiro. Depois de alguns anos de desolação, Judas Macabeu venceu uma grande batalha e conseguiu restabelecer o santuário. Deve ser nesses dias que apareceu a profecia de Daniel falando da abominação assoladora: os capítulos 8 a 12 de Daniel (o livro de Daniel não é uma seqüência, mas os capítulos 7 e 8 foram até escritos em línguas diferentes, o 7, que veio por último, em aramaico, e o 8, em hebraico, conforme informam alguns estudiosos). Restaurado o santuário, em seguida viria o fim das desolações e aquele tão prometido reino seria estabelecido. O profeta Daniel iria ressuscitar no fim desse dias; pois a ressurreição dos mortos já havia sido incorporada nas crenças hebraicas. No entanto, mais uma vez, o povo hebreu não chegou a poder sobre os outros povos e estava muito distante do fim de suas agruras. NOVA PROMESSA DE DOMÍNIO MUNDIAL O capítulo 7, que foi escrito depois do 8, já apresenta uma história muito parecida com os atos de Antíoco, mas o período de "um tempo, dois tempos e metade de um tempo" de assolamento e "destruição do poder do povo santo" já não era mais de um rei oriundo dos gregos, e sim do império seguinte, representado pelo "quarto animal", na visão de quatro animais que representavam os últimos reinos do mundo antes do estabelecimento do eterno reino de Israel. Em ambos os capítulos, era prevista a vitória final do povo de Yavé, para não ser molestado nunca mais. Afirmam alguns comentaristas de Daniel que o povo judeu reconhecia a vitória de Judas Macabeu como o cumprimento da profecia sobre o fim da desolação. Mas, como o capítulo 7 apresenta a desolação procedente do quarto animal, que seria um reino posterior ao da Grécia, isso nos dá a certeza de que quem o escreveu tomou as previsões do capítulo 8 e a adaptou a um futuro, que deveria ocorrer com a queda de Roma. Aí estava a última promessa divina de domínio do mundo pelos hebreus. Mas não parou por aí. Esses textos seriam interpretados a seu modo pelos seguidores de Yeshua (Jesus) para novamente dar ao povo a esperança de que o deus criador de todas as coisas daria o reino a quem o adora, sendo escrita a última parte do famoso livro sagrado. JESUS ADAPTADO AO MESSIAS DE MIQUÉIAS Nos dias do Império Romano, alguns heróis surgiram pretendo ser o messias libertador dos hebreus. Todos eles foram abatidos pelo poderoso império romano. Mas os seguidores de um deles, mediante uma grande montagem literária, conseguiram transformá-lo naquele libertador e convencer quase o mundo inteiro com essa idéia, que persiste até hoje. Aí estava sendo escrita a última parte da Bíblia. Os autores dos evangelhos de Mateus e Lucas apresentaram, após a destruição de Jerusalém do ano 70 AD, palavras atribuídas a Jesus, afirmando que a "abominação da desolação de que falou o profeta Daniel" se referia àquele período que eles já estavam vivendo nos dias em que foram escritos os evangelhos: "Quando, pois, virdes o abominável da desolação de que falou o profeta Daniel no lugar santo (que lê entenda)" (Mateus, 24: 15). "Quando, pois virdes Jerusalém sitiada de exércitos, sabei que está próxima a sua devastação" (Lucas, 21: 20). "Porque nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido, e nem haverá jamais" (Mateus, 24: 21 [Referência a Daniel, 12:01]). "E, até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles" (Lucas, 21: 20). "Estes por quarenta e dois meses calcarão aos pés a cidade santa.", completou o autor do Apocalipse (Apocalipse, 11: 2). E a nova promessa de eternidade foi: "Logo em seguida à tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento e os poderes dos céus serão abalados. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu com poder e muita glória. E ele enviará seus anjos com grande clangor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus." (Mateus, 24: 29 a 31). Isso foi inspirado nas palavras do livro de Daniel: "Eu estava olhando nas minhas visões noturnas, e eis que vinha com as nuvens do céu um como filho de homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e foi apresentado diante dele. E foi-lhe dado domínio, e glória, e um reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino tal, que não será destruído" (Daniel, 7: 13, 14). O mesmo que foi predito para ocorrer após o restabelecimento por Judas do santuário profanado por Antíoco Epífanes e foi repetido com certeza já sob o domínio romano, foi utilizado pelos cristãos para persuadir o mundo de que aquele Jesus executado pelos romanos teria ressuscitado e retornaria um dia para acabar com todo o mal. O assolamento apresentado no capítulo 7 de Daniel deveria durar “um tempo, dois tempos e metade de um tempo”, a saber, três anos e meio. Como o fim da terra dos hebreus e sua dispersão pelo mundo durou séculos, criou-se uma interpretação de que cada dia da profecia corresponderia a um ano. Assim, foi possível passar ao mundo a idéia de que o que está na Bíblia ainda se cumprirá. Convertendo cada dia em um ano, o reino divino deveria ser estabelecido no século XIV (1260 anos a partir de 70 A.D. = 1330). Contudo, grupos religiosos criaram novas interpretações, e adaptações, conseguido manter a fé do povo por todos esses séculos. Todos os livros do Novo Testamento foram escritos décadas depois dos dias de Jesus, quando já era fácil convencer o povo de que ele tivesse operado grandes milagres, como ressurreição de mortos, cura de aleijados, loucos, etc. Muito foi escrito pelos cristãos, mas poucos livros foram selecionados para compor o livro sagrado. Assim estava escrito o mais famosos livro do mundo. É incrível como todas essas promessas e fracassos reunidos se converteram em um livro que a maior parte do mundo diz conter “A VERDADE”.
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Origem da Bíblia
A Bíblia é o mais conhecido e mais lido de todos os livros praticamente por toda parte no planeta e nenhum outro se vendeu tanto até hoje. Não obstante há diversas contradições existentes dentro do Velho Testamento e muito mais entre esse e o chamado Novo Testamento, é corrente no meio religioso a idéia de que há uma unanimidade maravilhosa de pensamento entre todos os escritores que participaram da criação do livro sagrado. Diante desse sucesso todo, muitos estudiosos têm dedicado tempo e muito trabalho perscrutando sua obscura origem e o poder inexplicável desse livro sobre o imaginário humano, tornando-o a base da fé da maior parte do mundo. Só recentemente, através da arqueologia e análise dos registros encontrado das bibliotecas de povos do Oriente Médio, está-se chegando a uma conclusão sobre o seu início. O começo da Bíblia escrita remonta ao século sétimo antes da era Cristã. Todos os povos têm lendas que tentam explicar a origem de todas as coisas. Os hebreus também tinha as suas, que eram transmitidas oralmente de pais para filhos, misturadas com fatos e esculpidas pelas crenças vigentes em cada época e cada meio. Assim, versões diversas existiam sobre as divindades e a respeito da origem do universo com tudo que nele há. Uma leitura atenta do velho testamento nos mostra que vários escritores de pensamentos diversos contribuíram na elaboração dos primeiros livros bíblicos. Mediante os dados arqueológicos e os registros encontrados em antigas bibliotecas egípcias e dos povos antigos do Oriente Médio, os estudiosos passaram a perceber que a realidade fática e geográfica anterior ao sétimo século antes da Era Cristã divergia muito dos relatos da história patriarcal hebraica, dando a entender que foi naquele século que o livro foi criado. Analisando todas as contradições, chegou-se à conclusão de que tudo foi redigido pelos escribas do templo a mando do rei Josias. ”Não há registro arqueológico ou histórico da existência de Moisés ou dos fatos descritos no Êxodo. A libertação dos hebreus, escravizados por um faraó egípcio, foi incluída na Torá provavelmente no século VII a.C. , por obra dos escribas do Templo de Jerusalém, em uma reforma social e religiosa. Para combater o politeísmo e o culto de imagens, que cresciam entre os judeus, os rabinos inventaram um novo código de leis e histórias de patriarcas heróicos que recebiam ensinamentos diretamente de Jeová. Tais intenções acabaram batizadas de “ideologia deuteronômica”, porque estão mais evidentes no livro Deuteronômio. A prova de que esses textos são lendas estaria nas inúmeras incongruências culturais e geográficas entre o texto e a realidade. Muitos reinos e locais citados na jornada de Moisés pelo deserto não existiam no século XIII a.C., quando o Êxodo teria ocorrido. Esses locais só viriam a existir 500 anos depois, justamente no período dos escribas deuteronômicos. Também não havia um local chamado Monte Sinai, onde Moisés teria recebido os Dez Mandamentos. Sua localização atual, no Egito, foi escolhida entre os séculos IV e VI d.C., por monges cristãos bizantinos, porque ele oferecia uma bela vista. Já as Dez Pragas seriam o eco de um desastre ecológico ocorrido no Vale do Nilo quando tribos nômades de semitas estiveram por lá. Vejamos agora o caso de Abraão, o patriarca dos judeus. Segundo a Bíblia, ele era um comerciante nômade que, por volta de 1850 a.C., emigrou de Ur, na Mesopotâmia, para Canaã (na Palestina). Na viagem, ele e seus filhos comerciavam em caravanas de camelos. Mas não há registros de migrações de Ur em direção a Canaã que justifiquem o relato bíblico e, naquela época, os camelos ainda não haviam sido domesticados. Aqui também há erros geográficos: lugares citados na viagem de Abraão, como Hebron e Bersheba, nem existiam então. Hoje, a análise filológica dos textos indica que Abraão foi introduzido na Torá entre os séculos VIII e VII a.C. (mais de 1 000 anos após a suposta viagem). Então, como surgiu o povo hebreu? Na verdade, hebreus e canaanitas são o mesmo povo. Por volta de 2000 a.C., os canaanitas viviam em povoados nas terras férteis dos vales, enquanto os hebreus eram nômades das montanhas. Foi o declínio das cidades canaanitas, acossadas por invasores no final da Idade do Bronze (300 a.C. a 1000 a.C.)" [“300” deve-se ler “1.300”], "que permitiu aos hebreus ocupar os vales. Segundo a Bíblia, os hebreus conquistaram Canaã com a ajuda dos céus: na entrada de Jericó, o exército hebreu toca suas trombetas e as muralhas da cidade desabam, por milagre. Mas a ciência diz que Jericó nem tinha muralhas nessa época. A chegada dos hebreus teria sido um longo e pacífico processo de infiltração. DAVID E SALOMÃO Há pouca dúvida de que David e Salomão existiram. Mas há muita controvérsia sobre seu verdadeiro papel na história do povo hebreu. A Bíblia diz que a primeira unificação das tribos hebraicas aconteceu no reinado de Saul. Seu sucessor, David, organizou o Estado hebraico, eliminando adversários e preparando o terreno para que seu filho, Salomão, pudesse reinar sobre um vasto império. O período salomônico (970 a.C. a 930 a.C.) teria sido marcado pela construção do Templo de Jerusalém e a entronização da Arca da Aliança em seu altar. Não há registros históricos ou arqueológicos da existência de Saul, mas a arqueologia mostra que boa parte dos hebreus ainda vivia em aldeias nas montanhas no período em que ele teria vivido (por volta de 1000 a.C.) – assim, Saul seria apenas um entre os muitos líderes tribais hebreus. Quanto a David, há pelos menos um achado arqueológico importante: em 1993 foi encontrada uma pedra de basalto datada do século IX a.C. com escritos que mencionam um rei David. Por outro lado, não há qualquer evidência das conquistas de David narradas na Bíblia, como sua vitória sobre o gigante Golias. Ao contrário, as cidades canaanitas mencionadas como destruídas por seus exércitos teriam continuado sua vida normalmente. Na verdade, David não teria sido o grande líder que a Bíblia afirma. Seu papel teria sido muito menor. Ele pode ter sido o líder de um grupo de rebeldes que vivia nas montanhas, chamados apiru (palavra de onde deriva a palavra hebreu) – uma espécie de guerrilheiro que ameaçava as cidades do sul da Palestina. Quanto ao império salomônico cantado em verso e prosa na Torá hebraica, a verdade é que não foram achadas ruínas de arquitetura monumental em Jerusalém ou qualquer das outras cidades citadas na Bíblia. O principal indício de que as conquistas de David e o império de Salomão são, em sua maior parte, invenções é que, no período em que teriam vivido, a arqueologia prova que a cultura canaanita (que, segundo a Bíblia, teria sido destruída) continuava viva. A conclusão é que David e Salomão teriam sido apenas pequenos líderes tribais de Judá, um Estado pobre e politicamente inexpressivo localizado no sul da Palestina. Na verdade, o grande momento da história hebraica teria acontecido não no período salomônico, mas cerca de um século mais tarde. Entre 884 e 873 a.C., foi fundada Samária, a capital do reino de Israel, no norte da Palestina, sob a liderança do rei israelita Omri. Enquanto Judá permanecia pobre e esquecida no sul, os israelitas do norte faziam alianças com os assírios e viviam um período de grande desenvolvimento econômico. A arqueologia demonstrou que os monumentos normalmente atribuídos a Salomão foram, na verdade, erguidos pelos omridas. Ou seja: o primeiro grande Estado judaico não teve a liderança de Salomão, e sim dos reis da dinastia omrida. Enriquecido pelos acordos comerciais com Assíria e Egito, o rei Acab, filho de Omri, ordena a construção dos palácios de Megido e as muralhas de Hazor, entre outras obras. Hoje, os restos arqueológicos desses palácios e muralhas são o principal ponto de discórdia entre os arqueólogos que estudam a Torá. Muitos ainda os atribuem a Salomão, numa atitude muito mais de fé do que de rigor científico, já que as datações mais recentes indicam que Salomão nunca ergueu palácios. JUDÁ Entender a história de Judá é fundamental para entender todo o Velho Testamento. Até o século VIII a.C., Judá era apenas uma reunião de tribos vivendo numa região desértica do sul da Palestina. Em 722 a.C., porém, os assírios resolvem conquistar as ricas planícies e cidades de Israel – o reino do norte, mais desenvolvido economicamente e mais culto. Judá, no sul, que não pareceu interessar aos assírios, pôde continuar independente, desde que pagasse tributos ao império assírio. Assim, enquanto no norte acontece uma desintegração dos hebreus, levados para a Assíria como escravos, no sul eles continuam unidos em torno do Templo de Jerusalém. Judá beneficiou-se enormemente da destruição do reino do norte. Jerusalém cresceu rapidamente e cidades como Lachish, que servia de passagem antes de chegar a Jerusalém, foram fortificadas. Era o momento de Judá tomar a frente dos hebreus. Para isso, precisaria de duas coisas: um rei forte e um arsenal ideológico capaz de convencer as tribos do norte de que Judá fora escolhida por Deus para unir os hebreus. Além disso, era preciso combater o politeísmo que voltava a crescer no norte. Josias foi o candidato a assumir a posição de rei unificador. Durante uma reforma no Templo de Jerusalém, em seu governo, foi “encontrado” (na verdade, não há dúvidas de que o livro foi colocado ali de propósito) o livro Deuteronômio, com todos os ingredientes para um ampla reforma social e religiosa. O livro possui até profecias que afirmam, por exemplo, que um rei chamado Josias, da casa de David, seria escolhido por Deus para salvar os hebreus. Ungido pelo relato do livro, o ardiloso Josias consegue seu objetivo de centralizar o poder, mas acaba morto em batalha. Judá revolta-se contra os assírios e o rei da Assíria, Senaqueribe, invade a região, destruindo Lachish e submetendo Jerusalém. A destruição de Lachish, narrada com riqueza de detalhes na Bíblia, também aparece num relevo encontrado em Nínive, a antiga capital assíria. E as escavações comprovaram que a Bíblia e o relevo são fiéis ao acontecido. Ou seja: nesse caso, a arqueologia provou que a Torá foi fiel aos fatos” (Superinteressante, julho/2002). Como naqueles tempos não havia meios de análise do passado, tudo pareceu verdadeiro, e os judeus passaram a crer que o único deus verdadeiro os havia escolhido desde muitos séculos para governar o mundo. Yavé seria o único deus verdadeiro. Todos os outros teriam sido criações humanas. E os adoradores de Yavé dominariam o mundo. O UNGIDO DE BELÉM QUE SUBMETERIA TODOS OS OUTROS REINOS A Assíria, como acima informado, submetera o reino de Israel exilando o povo, e Judá permaneceu, embora obrigado a pagar tribuntos à Assíria. Alguma coisas deveria ser feito para que isso não prosseguisse. A mensagem do deus verdadeiro, Yavé, através de um profeta (homem santo que previa o futuro), fortaleceria o ânimo daquele povo com a promessa de destronar a Assíria e criar um reino inabalável. Assim, um profeta chamado Miquéias apresentou o futuro: “Mas tu, Belém Efrata, posto que pequena para estar entre os milhares de Judá, de ti é que me sairá aquele que há de reinar em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade. Portanto os entregará até o tempo em que a que está de parto tiver dado à luz; então o resto de seus irmãos voltará aos filhos de Israel. E ele permanecerá, e apascentará o povo na força do Senhor, na excelência do nome do Senhor seu Deus; e eles permanecerão, porque agora ele será grande até os fins da terra. E este será a nossa paz. Quando a Assíria entrar em nossa terra, e quando pisar em nossos palácios, então suscitaremos contra ela sete pastores e oito príncipes dentre os homens. Esses consumirão a terra da Assíria à espada, e a terra de Ninrode nas suas entradas. Assim ele nos livrará da Assíria, quando entrar em nossa terra, e quando calcar os nossos termos. E o resto de Jacó estará no meio de muitos povos, como orvalho da parte do Senhor, como chuvisco sobre a erva, que não espera pelo homem, nem aguarda filhos de homens. Também o resto de Jacó estará entre as nações, no meio de muitos povos, como um leão entre os animais do bosque, como um leão novo entre os rebanhos de ovelhas, o qual, quando passar, as pisará e despedaçará, sem que haja quem as livre. A tua mão será exaltada sobre os teus adversários e serão exterminados todos os seus inimigos. Naquele dia, diz o Senhor, exterminarei do meio de ti os teus cavalos, e destruirei os teus carros; destruirei as cidade da tua terra, e derribarei todas as tuas fortalezas. Tirarei as feitiçarias da tua mão, e não terás adivinhadores; arrancarei do meio de ti as tuas imagens esculpidas e as tuas colunas; e não adorarás mais a obra das tuas mãos. Do meio de ti arrancarei os teus aserins, e destruirei as tuas cidades. E com ira e com furor exercerei vingança sobre as nações que não obedeceram.” (Miquéias, 5: 2-15). Isso foi escrito, pelo menos está dito que foi, “nos dias de Jotão Acaz e Ezequias reis de Judá” (Miquéias, 1: 1). Vamos ver um pouco da história, para entender as palavras de Miquéias: “No ano duodécimo de Acaz, rei de Judá, começou a reinar Oséias, filho de Elá, e reinou sobre Israel, em Samária nove anos. E fez o que era mau aos olhos do Senhor, contudo não como os reis de Israel que foram antes dele. Contra ele subiu Salmanasar, rei da Assiria; e Oséias ficou sendo servo dele e lhe pagava tributos. O rei da Assíria , porém, achou em Oséias conspiração; porque ele enviara mensageiros a Sô, rei do Egito, e não pagava, como dantes, os tributos anuais ao rei da Assíria; então este o encerrou e o pôs em grilhões numa prisão. E o rei da Assíria subiu por toda a terra, e chegando a Samária sitiou-a por três anos. No ano nono de Oséias, o rei da Assíria tomou Samária, e levou Israel cativo para a Assíria; e fê-los habitar em Hala, e junto a Habor, o rio de Gozã, e nas cidades dos medos. (II Reis, 17: 1-6) Uma vez que só Judá estava livre, e o restante de Israel, o reino no Norte, estava sob o poder assírio, na promessa do profeta estavam estas palavras: “então o resto de seus irmãos voltará aos filhos de Israel” . Quando deveria vir o Messias? “Quando a Assíria entrar em nossa terra, e quando pisar em nossos palácios”, disse o profeta. Segundo o profeta, a Assíria iria tentar dominar Judá também; mas aí surgiria o Messias e a esmagaria, libertaria Israel, estabelecendo o reino unificado de Israel sobre todas as nações, "até os fins da Terra”. A Acaz, sucederam: Ezequias (16: 20), Manassés (20: 21; 21: 1), Amom (21: 18), e Josias (21: 26). O segundo Livro dos Reis informa que: “No ano décimo quarto do rei Ezequias, subiu Senaqueribe, rei da Assíria, contra todas as cidades fortificadas de Judá, e as tomou. Pelo que Ezequias, rei de Judá, enviou ao rei da Assíria, a Laquis, dizendo: Pequei; retira-te de mim; tudo o que me impuseres suportarei. Então o rei da Assíria impôs a Ezequias, rei de Judá, trezentos talentos de prata e trinta talentos de ouro” (II Reis, 18: 134, 14). O reino de Judá estava em uma condição bem melhor do que o de Israel, apenas pagando tributos à Assíria, enquanto o de Israel estava no esílio. Josias, que era o terceiro dos sucessores Ezequias, no décimo oitavo ano de seu reinado, aproximadamente noventa anos após a submissão de Ezequias por Salmanazar da Assíria, determinou uma reforma do templo, onde dizem ter sido achado o livro da lei de Moisés (II Reis, 22: 1-8). “Então disse o sumo sacerdote Hilquias ao escrivão Safã: Achei o livro da lei na casa do Senhor. E Hilquias entregou o livro a Safã, e ele o leu” (v. 8). Dadas as incongruências existentes na história pregressa, concluíram alguns analistas que esse livro da lei não fora encontrado, mas elaborado pelos escribas do reino e posto ali a mando de Josias. Havia até a seguinte predição: “E o homem clamou contra o altar, por ordem do Senhor, dizendo: Altar, altar! assim diz o Senhor: Eis que um filho nascerá à casa de Davi, cujo nome será Josias; o qual sacrificará sobre ti os sacerdotes dos altos que sobre ti queimam incenso, e ossos de homens se queimarão sobre ti” (II Reis, 13: 2). Tudo parece ter sido elaborado, com todos os assombrosos prodígios divinos e a predição sobre Josias, para levantar o ânimo do povo na luta para reunificar o reino. Após matar os sacerdotes adoradores de outros deuses e destruir tudo que estivesse ligado à idolatria (adoração que não seja a Yavé) segundo a lei do livro, “Josias tirou também todas as casas dos altos que havia nas cidades de Samária, e que os reis de Israel tinham feito para provocarem o Senhor à ira, e lhes fez conforme tudo o que havia feito em Betel. E a todos os sacerdotes dos altos que encontrou ali, ele os matou sobre os respectivos altares, onde também queimou ossos de homens; depois voltou a Jerusalém. Então o rei deu ordem a todo o povo dizendo: Celebrai a páscoa ao Senhor vosso Deus, como está escrito neste livro do pacto” (II Reis, 23: 19-21). Ali está registrado que “não se celebrara tal páscoa desde os dias dos juízes que julgaram a Israel, nem em todos os dias dos reis de Israel, nem tampouco nos dias dos reis de Judá” (v. 22). Conferindo todas as descobertas sobre a história anterior, que acreditam ter sido encontrada na reforma do templo, não é difícil perceber que essa “páscoa” nunca existira antes, mas foi introduzida com as leis divinas elaboradas pelos escribas. Mas, apesar de todo o preparo ideológico contido no livro, Josias não conseguiu estabelecer o reino unido. Foi morto em uma batalha, e Judá foi dominada pelo Egito e depois por Babilônia. A promessa divina falhou. “Nos seus dias subiu Faraó-Neco, rei do Egito, contra o rei da Assíria, ao rio Eufrates. E o rei Josias lhe foi ao encontro; e Faraó-Neco o matou em Megido, logo que o viu. ... E o povo da terra tomou a Jeoacaz, filho de Josias, ungiram-no, e o fizeram rei em lugar de seu pai. ... Ora, Faraó-Neco mandou prendê-lo em Ribla, na terra de Hamate, para que não reinasse em Jerusalém; e à terra impôs o tributo de cem talentos de prata e um talento de ouro. Também Faraó-Neco constituiu rei a Eliaquim, filho de Josias, em lugar de Josias, seu pai, e lhe mudou o nome em Jeoiaquim; porém levou consigo a Jeoacaz, que conduzido ao Egito, ali morreu. E Jeoiaquim deu a Faraó a prata e o ouro; porém impôs à terra uma taxa, para fornecer esse dinheiro conforme o mandado de Faraó. Exigiu do povo da terra, de cada um segundo a sua avaliação, prata e ouro, para o dar a Faraó-Neco. Jeoiaquim tinha vinte e cinco ano quando começou a reinar, e reinou onze anos em Jerusalém. ... Jeoiaquim dormiu com seus pais. E Joaquim, seu filho, reinou em seu lugar. O rei do Egito nunca mais saiu da sua terra, porque o rei de Babilônia tinha tomado tudo quanto era do rei do Egito desde o rio do Egito até o rio Eufrates. Tinha Joaquim dezoito anos quando começou a reinar e reinou três meses em Jerusalém. ... Naquele tempo os servos de Nabucodonosor, rei de Babilônia, subiram contra Jerusalém, e a cidade foi sitiada. E Nabucodonosor, rei de Babilônia, chegou diante da cidade quando já os seus servos a estavam sitiando. Então saiu Joaquim, rei de Judá, ao rei da Babilônia, ele, e sua mãe, e seus servos, e seus príncipes, e seus oficiais; e, no ano oitavo do seu reinado, o rei de Babilônia o levou preso. E tirou dali todos os tesouros da casa do Senhor, e os tesouros da casa do rei; e despedaçou todos os vasos de ouro que Salomão, rei de Israel, fizera no templo do Senhor, como o Senhor havia dito. E transportou toda a Jerusalém, como também todos os príncipes e todos os homens valentes, deu mil cativos, e todos os artífices e ferreiros; ninguém ficou senão o povo pobre da terra” (II Reis, 23: 29, 30, 33-36; 24: 7-14). Como a própria Bíblia relata, quando a Assíria entrasse na terra de Judá, deveria surgir o Messias e estabelecer o reino universal e eterno. Não obstante tudo indicasse esse ungido libertador fosse Josias, ele não o conseguiu, e os hebreus, longe de perder a fé nas palavras dos seus profetas, passaram a crer que esse Messias (ungido) viesse no futuro e ainda o esperam até hoje. NOVAS PROMESSAS DE DOMÍNIO MUNDIAL APÓS A QUEDA DE BABILÔNIA Como falhara a promessa do ungido de Belém e tanto judeus como israelitas caíram sob o domínio babilônico, novas promessas divina de libertação e domínio do mundo chegavam ao povo por meio dos profetas. Assim, estava sendo escrito mais um trecho do livro sagrado. Nos dias de Babilônia, apareceu a promessa do profeta Isaías com a palavra de Yavé, anunciando a queda de Babilônia, a construção da nova Jerusalém (Jerusalém havia sido destruída pelo império babilônico), e a paz perpétua do povo: "E Babilônia, a glória dos reinos, o esplendor e o orgulho dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou" (Isaías, 13:19) "Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão: Mas alegrai-vos e regozijai-vos perpetuamente no que eu crio; porque crio para Jerusalém motivo de exultação e para o seu povo motivo de gozo. E exultarei em Jerusalém, e folgarei no meu povo; e nunca mais se ouvirá nela voz de choro nem voz de clamor. Não haverá mais nela criança de poucos dias, nem velho que não tenha cumprido os seus dias; porque o menino morrerá de cem anos; mas o pecador de cem anos será amaldiçoado. E eles edificarão casas, e as habitarão; e plantarão vinhas, e comerão o fruto delas. Não edificarão para que outros habitem; não plantarão para que outros comam; porque os dias do meu povo serão como os dias da árvore, e os meus escolhidos gozarão por longo tempo das obras das suas mãos: Não trabalharão debalde, nem terão filhos para calamidade; porque serão a descendência dos benditos do Senhor, e os seus descendentes estarão com eles. E acontecerá que, antes de clamarem eles, eu responderei; e estando eles ainda falando, eu os ouvirei. O lobo e o cordeiro juntos se apascentarão, o leão comerá palha como o boi; e pó será a comida da serpente. Não farão mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o Senhor" (Isaías, 65: 17-25). A essa época ainda não se havia estabelecido entre eles a crença na ressurreição dos mortos. Por isso o profeta só prometia prosperidade e muito poder. A QUEDA DE BABILÔNIA NÃO RESULTOU NO FUTURO PREDITO Babilônia caiu. Entretanto, novamente, a promessa do reino de Israel não se cumpriu, e eles continuaram passando de um jugo para outro: após Babilônia, veio Medo-Pérsia, depois Grécia, depois Roma. No período babilônico, os hebreus já começaram a ter contato com a crença na ressurreição dos mortos. Entre os persas é que parece ter-se consolidado essa gloriosa esperança no ideário hebreu. Não obstante mais uma vez quebrada a promessa divina do poderoso reino de Israel, os profetas continuaram prevendo esse futuro esplendoroso do povo escolhido de Yavé. Nos dias em que o império grego estava dividido, o rei Antíoco Epífanes perpetrou a maior humilhação aos hebreus: profanou o tempo de Jerusalém e estabeleceu sobre ele sacrifícios aos seus deuses, sacrificando carne de porco sobre o altar que eles levantaram ao que crêem ser o deus verdadeiro. Depois de alguns anos de desolação, Judas Macabeu venceu uma grande batalha e conseguiu restabelecer o santuário. Deve ser nesses dias que apareceu a profecia de Daniel falando da abominação assoladora: os capítulos 8 a 12 de Daniel (o livro de Daniel não é uma seqüência, mas os capítulos 7 e 8 foram até escritos em línguas diferentes, o 7, que veio por último, em aramaico, e o 8, em hebraico, conforme informam alguns estudiosos). Restaurado o santuário, em seguida viria o fim das desolações e aquele tão prometido reino seria estabelecido. O profeta Daniel iria ressuscitar no fim desse dias; pois a ressurreição dos mortos já havia sido incorporada nas crenças hebraicas. No entanto, mais uma vez, o povo hebreu não chegou a poder sobre os outros povos e estava muito distante do fim de suas agruras. NOVA PROMESSA DE DOMÍNIO MUNDIAL O capítulo 7, que foi escrito depois do 8, já apresenta uma história muito parecida com os atos de Antíoco, mas o período de "um tempo, dois tempos e metade de um tempo" de assolamento e "destruição do poder do povo santo" já não era mais de um rei oriundo dos gregos, e sim do império seguinte, representado pelo "quarto animal", na visão de quatro animais que representavam os últimos reinos do mundo antes do estabelecimento do eterno reino de Israel. Em ambos os capítulos, era prevista a vitória final do povo de Yavé, para não ser molestado nunca mais. Afirmam alguns comentaristas de Daniel que o povo judeu reconhecia a vitória de Judas Macabeu como o cumprimento da profecia sobre o fim da desolação. Mas, como o capítulo 7 apresenta a desolação procedente do quarto animal, que seria um reino posterior ao da Grécia, isso nos dá a certeza de que quem o escreveu tomou as previsões do capítulo 8 e a adaptou a um futuro, que deveria ocorrer com a queda de Roma. Aí estava a última promessa divina de domínio do mundo pelos hebreus. Mas não parou por aí. Esses textos seriam interpretados a seu modo pelos seguidores de Yeshua (Jesus) para novamente dar ao povo a esperança de que o deus criador de todas as coisas daria o reino a quem o adora, sendo escrita a última parte do famoso livro sagrado. JESUS ADAPTADO AO MESSIAS DE MIQUÉIAS Nos dias do Império Romano, alguns heróis surgiram pretendo ser o messias libertador dos hebreus. Todos eles foram abatidos pelo poderoso império romano. Mas os seguidores de um deles, mediante uma grande montagem literária, conseguiram transformá-lo naquele libertador e convencer quase o mundo inteiro com essa idéia, que persiste até hoje. Aí estava sendo escrita a última parte da Bíblia. Os autores dos evangelhos de Mateus e Lucas apresentaram, após a destruição de Jerusalém do ano 70 AD, palavras atribuídas a Jesus, afirmando que a "abominação da desolação de que falou o profeta Daniel" se referia àquele período que eles já estavam vivendo nos dias em que foram escritos os evangelhos: "Quando, pois, virdes o abominável da desolação de que falou o profeta Daniel no lugar santo (que lê entenda)" (Mateus, 24: 15). "Quando, pois virdes Jerusalém sitiada de exércitos, sabei que está próxima a sua devastação" (Lucas, 21: 20). "Porque nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido, e nem haverá jamais" (Mateus, 24: 21 [Referência a Daniel, 12:01]). "E, até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles" (Lucas, 21: 20). "Estes por quarenta e dois meses calcarão aos pés a cidade santa.", completou o autor do Apocalipse (Apocalipse, 11: 2). E a nova promessa de eternidade foi: "Logo em seguida à tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento e os poderes dos céus serão abalados. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu com poder e muita glória. E ele enviará seus anjos com grande clangor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus." (Mateus, 24: 29 a 31). Isso foi inspirado nas palavras do livro de Daniel: "Eu estava olhando nas minhas visões noturnas, e eis que vinha com as nuvens do céu um como filho de homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e foi apresentado diante dele. E foi-lhe dado domínio, e glória, e um reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino tal, que não será destruído" (Daniel, 7: 13, 14). O mesmo que foi predito para ocorrer após o restabelecimento por Judas do santuário profanado por Antíoco Epífanes e foi repetido com certeza já sob o domínio romano, foi utilizado pelos cristãos para persuadir o mundo de que aquele Jesus executado pelos romanos teria ressuscitado e retornaria um dia para acabar com todo o mal. O assolamento apresentado no capítulo 7 de Daniel deveria durar “um tempo, dois tempos e metade de um tempo”, a saber, três anos e meio. Como o fim da terra dos hebreus e sua dispersão pelo mundo durou séculos, criou-se uma interpretação de que cada dia da profecia corresponderia a um ano. Assim, foi possível passar ao mundo a idéia de que o que está na Bíblia ainda se cumprirá. Convertendo cada dia em um ano, o reino divino deveria ser estabelecido no século XIV (1260 anos a partir de 70 A.D. = 1330). Contudo, grupos religiosos criaram novas interpretações, e adaptações, conseguido manter a fé do povo por todos esses séculos. Todos os livros do Novo Testamento foram escritos décadas depois dos dias de Jesus, quando já era fácil convencer o povo de que ele tivesse operado grandes milagres, como ressurreição de mortos, cura de aleijados, loucos, etc. Muito foi escrito pelos cristãos, mas poucos livros foram selecionados para compor o livro sagrado. Assim estava escrito o mais famosos livro do mundo. É incrível como todas essas promessas e fracassos reunidos se converteram em um livro que a maior parte do mundo diz conter “A VERDADE”.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Concílios Ecumênicos
Um concílio (também conhecido como sínodo) é uma assembléia de uma Igreja, geralmente uma Igreja cristã, convocada para decidir um ponto de doutrina ou administração. Um concílio ecumênico (ou ecumênico) é assim chamado porque é um concílio de toda a Igreja (ou, mais exatamente, do que aqueles que o convocam consideram ser toda a Igreja).
A Igreja Ortodoxa apenas reconhece como ecumênicos os oito primeiros concílios, todos eles realizados no Oriente; os concílios subseqüentes a Latrão I são apenas considerados ecumênicos pela Igreja Católica.
Cronologia dos concílios ecumênicos
Concílio de Nicéia I
Duração: 20/maio a 25/julho/325 d.C.
Temas Principais: A heresia de Ário. Redação do símbolo ou credo que se recita na missa.
Concílio de Constantinopla I
Duração: maio a julho/381 d.C.
Temas Principais: A divindade do Espírito Santo.
Concílio de Éfeso
Duração: 22/junho a 17/julho/431 d.C.
Temas Principais: A heresia de Nestório. A maternidade divina de Maria.
Concílio de Calcedônia
Duração: 08/outubro a 01/novembro/451 d.C.
Temas Principais: Condenação do Monofisismo. A existência em Jesus Cristo de duas naturezas completas e perfeitas na unidade da pessoa, que é divina.
Concílio de Constantinopla II
Duração: 05/maio a 02/junho/533 d.C.
Temas Principais: Condenação de documentos nestorianos designados "Os três capítulos".
Concílio de Constantinopla III
Duração: 07/novembro/680 a 16/setembro/681 d.C.
Temas Principais: Condenação do monotelismo.(*)
A Igreja Ortodoxa apenas reconhece como ecumênicos os oito primeiros concílios, todos eles realizados no Oriente; os concílios subseqüentes a Latrão I são apenas considerados ecumênicos pela Igreja Católica.
Cronologia dos concílios ecumênicos
Concílio de Nicéia I
Duração: 20/maio a 25/julho/325 d.C.
Temas Principais: A heresia de Ário. Redação do símbolo ou credo que se recita na missa.
Concílio de Constantinopla I
Duração: maio a julho/381 d.C.
Temas Principais: A divindade do Espírito Santo.
Concílio de Éfeso
Duração: 22/junho a 17/julho/431 d.C.
Temas Principais: A heresia de Nestório. A maternidade divina de Maria.
Concílio de Calcedônia
Duração: 08/outubro a 01/novembro/451 d.C.
Temas Principais: Condenação do Monofisismo. A existência em Jesus Cristo de duas naturezas completas e perfeitas na unidade da pessoa, que é divina.
Concílio de Constantinopla II
Duração: 05/maio a 02/junho/533 d.C.
Temas Principais: Condenação de documentos nestorianos designados "Os três capítulos".
Concílio de Constantinopla III
Duração: 07/novembro/680 a 16/setembro/681 d.C.
Temas Principais: Condenação do monotelismo.(*)
(*) O monotelismo foi uma heresia surgida na Igreja Católica Ortodoxa quando a teologia cristológica ainda possuía muitos adeptos de correntes distintas. Opôs-se ao nestorianismo (que afirmava haver em Jesus Cristo duas pessoas, a divina e a humana, o que foi condenado pelo Concílio de Éfeso, em 431).
Eutiques, arquimandrita de um mosteiro de Constantinopla, defendeu que, havendo uma só pessoa em Jesus Cristo, também devia haver uma só natureza, admitindo que a humana fora absorvida pela divina. A discussão foi turbulenta e a questão só foi definitivamente resolvida no Concílio de Calcedónia, em 451, que definiu haver em Jesus Cristo duas naturezas, a divina e a humana, subsistindo na única pessoa divina do Verbo encarnado. Esta definição não convenceu diversas comunidades, que continuaram a aderir ao monotelismo, algumas até hoje.
Tempos depois, o patriarca Sérgio de Constantinopla, com a intenção de congraçar os monofisitas, proclamou que em Jesus Cristo, embora havendo duas naturezas, só havia uma vontade, pela identificação perfeita da vontade humana com a vontade divina, o que ficou conhecido na história das heresias por monotelismo. A questão ficou esclarecida no Terceiro Concílio de Constantinopla, em 681.
Concílio de Nicéia II
Duração: 24/setembro a 23/outubro/787 d.C.
Temas Principais: Legitimidade da veneração de imagens.
Concílio de Constantinopla IV
Duração: 05/outubro/869 a 28/fevereiro/870 d.C.
Temas Principais: Condenação e deposição de Fócio, patriarca de Constantinopla.
Concílio de Latrão I
Duração: 18/março a 06/abril/1123 d.C.
Temas Principais: A Questão das Investiduras. Independência da Igreja perante o poder temporal.
Concílio de Latrão II
Duração: abril/1139 d.C.
Temas Principais: Fim do cisma do Anti-papa Anacleto II.
Concílio de Latrão III
Duração: março/1179 d.C.
Temas Principais: Normas para a eleição do Papa.
Concílio de Verona
Duração: 1183 d.C.
Temas Principais: Criação da Inquisição.
Concílio de Latrão IV
Duração: 11 a 30/novembro/1215 d.C.
Temas Principais: Condenação do catarismo.(*) Definição de transubstanciação. Preceito pascal.
(*) A doutrina cátara diferenciava-se do Catolicismo e do próprio cristianismo[1] em alguns dos principais conceitos:Eutiques, arquimandrita de um mosteiro de Constantinopla, defendeu que, havendo uma só pessoa em Jesus Cristo, também devia haver uma só natureza, admitindo que a humana fora absorvida pela divina. A discussão foi turbulenta e a questão só foi definitivamente resolvida no Concílio de Calcedónia, em 451, que definiu haver em Jesus Cristo duas naturezas, a divina e a humana, subsistindo na única pessoa divina do Verbo encarnado. Esta definição não convenceu diversas comunidades, que continuaram a aderir ao monotelismo, algumas até hoje.
Tempos depois, o patriarca Sérgio de Constantinopla, com a intenção de congraçar os monofisitas, proclamou que em Jesus Cristo, embora havendo duas naturezas, só havia uma vontade, pela identificação perfeita da vontade humana com a vontade divina, o que ficou conhecido na história das heresias por monotelismo. A questão ficou esclarecida no Terceiro Concílio de Constantinopla, em 681.
Concílio de Nicéia II
Duração: 24/setembro a 23/outubro/787 d.C.
Temas Principais: Legitimidade da veneração de imagens.
Concílio de Constantinopla IV
Duração: 05/outubro/869 a 28/fevereiro/870 d.C.
Temas Principais: Condenação e deposição de Fócio, patriarca de Constantinopla.
Concílio de Latrão I
Duração: 18/março a 06/abril/1123 d.C.
Temas Principais: A Questão das Investiduras. Independência da Igreja perante o poder temporal.
Concílio de Latrão II
Duração: abril/1139 d.C.
Temas Principais: Fim do cisma do Anti-papa Anacleto II.
Concílio de Latrão III
Duração: março/1179 d.C.
Temas Principais: Normas para a eleição do Papa.
Concílio de Verona
Duração: 1183 d.C.
Temas Principais: Criação da Inquisição.
Concílio de Latrão IV
Duração: 11 a 30/novembro/1215 d.C.
Temas Principais: Condenação do catarismo.(*) Definição de transubstanciação. Preceito pascal.
- Adoravam dois deuses (um do Bem, que seria Jesus Cristo, e outro do Mal[1]
Duração: 28/junho a 17/julho/1245 d.C.
Temas Principais: Deposição do Frederico II.
Concílio de Lyon II
Duração: 07/maio a 17/julho/1274 d.C.
Temas Principais: União com a igreja Grega. Regulamentação do conclave para a eleição papal. Cruzada para libertar Jerusalém.
Concílio de Vienne
Duração: 16/outubro/1311 a 06/maio/1312 d.C.
Temas Principais: Supressão dos Templários.
Concílio de Constança
Duração: 05/outubro/1414 a 22/abril/1418 d.C.
Temas Principais: Fim do Grande Cisma do Ocidente. Condenação de Wyclif e de Hus.
Concílio de Basiléia-Ferrara-Florença
Duração: 1431 a 1432 d.C.
Temas Principais: União com as Igrejas orientais. Reconhecimento no romano pontífice de poderes sobre a Igreja Universal.
Concílio de Latrão V
Duração: 10/maio/1512 a 16/março/1517 d.C.
Temas Principais: Condenação do Concílio Cismático de Pisa (1511-1512). Reforma da Igreja.
Concílio de Trento
Duração: 13/dezembro/1545 a 04/dezembro/1563 d.C.
Temas Principais: Reforma geral da Igreja.
Concílio de Vaticano I
Duração: 08/dezembro/1869 a 18/julho/1870 d.C.
Temas Principais: Primado do papa e infalibilidade pontifícia.
Concílio de Vaticano II
Duração: 11/outubro/1962 a 08/dezembro/1965 d.C.
Temas Principais: Correção de problemas disciplinares e de índole pastoral. Chamada à renovação dos ritos litúrgicos. Promoção dos estudos bíblicos, decretos pastorais e progresso ecumênico para o diálogo e reconciliação com outras Igrejas Cristãs.
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Primeiro Concílio de Nicéia
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Data: 20 de maio de 325 a 19 de junho de 325
Aceite por: Católicos, Ortodoxos e Protestantes
Concílio anterior:
Concílio seguinte: Primeiro Concílio de Constantinopla
Convocado por: Imperador Constantino
Presidido por: Bispo Alexandre de Alexandria
Afluência: de 250 a 318 pessoas
Tópicos de discussão: Arianismo, celebração da Páscoa, cisma de Milécio, batismo de heréticos e o estatuto dos prisioneiros na perseguição de Licínio.
Documentos e deliberações: O Credo Niceno original.
O primeiro concílio de Nicéia teve lugar durante o reinado do imperador romano Constantino I (o primeiro imperador romano a aderir ao cristianismo) em 325. Foi a primeira conferência de bispos ecumênica (do Grego oikumene, "mundial") da igreja católica. Lidou com questões levantadas pela opinião Ariana da natureza de Jesus Cristo - Se Deus, homem ou alguma mistura. Acabou por decidir contra a opinião dos arianos, em favor da trindade.
Nicéia (hoje Iznik), é uma cidade da Anatólia (hoje parte da Turquia)
Foram oferecidas aos bispos as comodidades do sistema de transporte imperial - livre transporte e alojamento de e para o local da conferência - para encorajar a maior audiência possível. Constantino abriu formalmente a sessão.
Este concílio teve uma importância especial também porque as perseguições aos cristãos tinham recentemente terminado.
O primeiro concílio de Nicéia ressalta como o ponto inicial para as grandes controvérsias doutrinais da igreja no quarto e quinto séculos. Aqui foi efetuada uma união entre o portentado eclesiástico dos conselhos e o estado, que concedeu às deliberações deste corpo o poder imperial. Sínodos anteriores tinham-se dado por satisfeitos com a proteção de doutrinas heréticas; mas o concílio de Nicéia é caracterizado pela etapa adicional de uma posição mais ofensiva, respeitante a artigos minuciosamente elaborados sobre a fé.
Na controvérsia ariana colocava-se um obstáculo grande à realização da idéia de Constantino de um império universal que deveria ser alcançado com a ajuda da uniformidade da adoração divina. Conformemente, para o verão de 325 os bispos de todas as províncias foram chamados ao primeiro concílio ecumênico em Nicéia, na Bitínia, Frígia, no Helesponto: um lugar facilmente acessível à maioria dos bispos, especialmente aos da Ásia, Síria, Palestina, Egipto, Grécia, Trácia e Egrisi (Geórgia ocidental). O número dos membros não pode exatamente ser indicado; Atanásio contou 318, Eusébio somente 250.
Como era costume, os bispos orientais estavam em maioria; na primeira linha de influência hierárquica estavam três arcebispos: Alexandre de Alexandria, Eustáquio de Antioquia, e Macário de Jerusalém, bem como Eusébio de Nicomédia e Eusébio de Cesareia. Entre os bispos encontravam-se Stratofilus, bispo de Pitiunt (Bichvinta, reino de Egrisi).
O ocidente enviou não mais de cinco representantes na proporção relativa das províncias: Marcus de Calabria de Itália, Cecilian de Cartago de África, Hosius de Córdova (Espanha), Nicasius de Dijon da França, e Domnus de Stridon da província do Danúbio. Estes dignitários eclesiásticos naturalmente não viajaram sozinhos, mas cada qual com sua comitiva, de modo que Eusébio refere um grupo quase inumerável de padres acompanhantes, diáconos e acólitos.
Entre os presentes encontrava-se Atanásio, um diácono novo e companheiro do bispo Alexandre de Alexandria, que se distinguiu como o "lutador mais vigoroso contra os arianos" e similarmente o patriarca Alexandre de Constantinopla, um presbítero, como o representante de seu bispo, mais velho.
O papa em exercício na época, Silvestre I, recusou o convite do imperador e não compareceu pessoalmente nas sessões do concílio, provavelmente esperando que sua ausência representasse um protesto contra a convocação do sínodo pelo imperador.
Os pontos a serem discutidos no sínodo eram:
· A questão Ariana,
· A celebração da Páscoa
· O cisma de Milécio
· O batismo de heréticos
· O estatuto dos prisioneiros na perseguição de Licínio.
É um fato reconhecido que o anti-judaísmo, ou o anti-semitismo cristão, ganhou um novo impulso com a tomada do controle do império romano, sendo o concílio de Nicéia um marco neste sentido. Os posteriores Concílios da Igreja manteriam esta linha. O Concílio de Antioquia (341 D.C.) proibiu aos Cristãos a celebração da Páscoa com os Judeus. O Concílio de Laodicéia proibiu os Cristãos de observar o Shabbat e de receber prendas de judeus ou mesmo de comer pão ázimo nos festejos judaicos.
Uma boa fonte para o estudo deste período histórico é-nos apresentada hoje sob a forma da obra de Edward Gibbon, um historiador representativo do iluminismo inglês do século XVIII, ainda hoje lida e traduzida para várias línguas (Uma nova tradução para o alemão foi editada em 2003): [A história do declínio e queda do império romano]].
O carácter, a sociedade, e os problemas
A cristandade do séc II não concordava sobre a data de celebração da Páscoa da ressurreição. As igrejas da Ásia Menor, entre elas a importante igreja de Éfeso, celebravam-na, juntamente com os judeus, no 14º dia da primeira lua da primavera (o 14º Nisan, segundo o calendário judaico), sem levar em consideração o dia da semana. Já as igrejas de Roma e de Alexandria, juntamente com muitas outras igrejas tanto ocidentais quanto orientais, celebravam-na no domingo subseqüente ao 14º Nisan. Com vistas à fixação de uma data comum, em 154/155, o bispo Policarpo de Esmirna, entrou em contato com o papa Aniceto, mas nenhuma unificação foi conseguida e o assunto permaneceu em aberto.
Foi no concílio de Nicéia que se decidiu então resolver a questão estabelecendo que a Páscoa dos cristãos seria sempre celebrada no domingo seguinte ao plenilúcio da primavera. Apesar de todo esse esforço, as diferenças de calendário entre Ocidente e Oriente fizeram com que esta vontade de festejar a Páscoa em toda a parte no mesmo dia continuasse sendo um belo sonho, e isso até os dias de hoje.
Além desse problema menor, outra questão mais séria incomodava a cristandade católica: como conciliar a divindade de Jesus Cristo com o dogma de fé num único Deus?
Na época a inteligência dos cristãos ainda estava à procura de uma fórmula satisfatória para a questão, embora já houvesse a consciência da imutabilidade de Deus e da existência divina do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Nesse quadro, um presbítero de nome Ário passa a defender em Alexandria a idéia de que Jesus é uma "criatura do Pai", não sendo, portanto, eterno. Em suas pregações, Ário por várias vezes insistia em afirmar em tom provocativo que "houve um tempo em que o Filho não existia". Dizia que Cristo teria sido apenas um instrumento de Deus mas sem natureza divina. A esse ensinamento de Ário aderiram outros bispos e presbíteros. Sobretudo, o bispo Eusébio de Cesaréia, conhecido escritor da igreja, que se colou do lado de Ário.
Por outro lado, a doutrina de Ário, ou arianismo, foi prontamente repudiada pelo restante dos cristãos, que viam nela uma negação do dogma da Encarnação. O repúdio mais radical talvez Ário tenha encontrado no bispo Alexandre de Alexandria e no diácono Atanásio, que defendiam enfaticamente a divindade de Cristo. Um sínodo foi convocado e a doutrina do Ário foi excluído da igreja em 318. Mas o número de seus adeptos já era tão grande que a doutrina não pode ser mais silenciada. A situação se agravava cada vez mais e, desejoso de resolver de vez a questão, o imperador Constantino convoca um concílio ecumênico.
Os procedimentos
O concílio foi aberto formalmente a 20 de maio, na estrutura central do palácio imperial, ocupando-se com discussões preparatórias na questão ariana, em que Arius, com alguns seguidores, em especial Eusébio de Nicomédia, Teógnis de Nice, e Maris de Chalcedon, parecem ter sido os principais líderes; as sessões regulares, no entanto, começaram somente com a chegada do imperador. Após ter prescrito o curso das negociações ele confiou o controlo dos procedimentos a uma comissão designada por ele mesmo, consistindo provavelmente nos participantes mais proeminentes desse corpo. É indubitavelmente devido às orientações de Constantino nesta etapa que o concílio, após estar na sessão por um mês inteiro, promulgou a 19 de Junho o credo de Nicéia.
O credo foi adotado neste conselho, mas o voto não foi unânime, e a influência do imperador era claramente evidente quando diversos bispos de Egito foram expulsos devido à sua oposição ao credo.
No início os arianos e os ortodoxos mostraram-se incondescendentes entre si. Os arianos confiaram a representação de seus interesses a Eusébio de Cesaréia, cujo nível e a eloqüência fez uma boa impressão perante o imperador. A sua leitura da confissão dos arianos provocou uma tempestade de raiva entre os oponentes; duas minorias interessadas vividamente em opiniões contrárias opuseram-se, mas entre elas bocejaram-se indiferentes.
No seu interesse, assim como para sua própria causa, Eusébio, depois de ter cessado de representar os arianos, apareceu como um mediador; ao afirmar que o objetivo principal a ser perseguido deveria ser o estabelecimento da paz da igreja, concordou ao mesmo tempo com seu protetor exaltado.
Apresentou uma fórmula nova, o símbolo batismal, da sua própria congregação, em Cesaréia, pela qual se conseguiu a reconciliação das diferentes opiniões. O imperador, que perseguiu as intenções puramente políticas de uma pacificação bem sucedida, não poderia desejar uma proposição mais bem-vinda e confirmando-a imediatamente, adotou-a como sua.
Desta maneira, não acedeu completamente à maioria, mas conciliou-se mais provavelmente com os seus desejos; pois, se os ortodoxos pudessem realmente fazer contar com uma maioria preponderante, mesmo a predileção do imperador não os teria impedido de conceber a sua confissão na forma proposta pelo bispo Alexandre na sua primeira carta circular.
Mas longe de ousar tal plano, a maioria (sem resistência) protestou, afirmando que os seus direitos deveriam ser considerados por cláusulas corretivas. Apesar deste tipo de procedimentos ser mais característico de minorias do que de maiorias, neste caso a maioria procedeu assim e não deixou de obter a vitória.
A votação final, quanto ao reconhecimento da divindade de Cristo, foi um total de 300 votos a favor contra 2 desfavoráveis. Porém é importante também saber que os bispos que votaram contra foram exilados e perseguidos.
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Origem do Cristianismo
O Cristianismo, a maior religião do mundo, teve suas raízes na incorporação da crença na ressurreição dos mortos pelos judeus durante o cativeiro babilônico e na profecia de Miquéias sobre um libertador de Israel do jugo assírio. Após a frustrada tentativa de Yeshua (Jesus), culminando na sua execução, seus seguidores levaram ao mundo a crença de que ele ressuscitou e ainda retornará para estabelecer um reino divino perfeito e eterno no nosso planeta. A própria Bíblia nos mostra que os hebreus nada sabiam sobre ressurreição dos mortos antes do cativeiro babilônico. Entretanto, no final do livro de Daniel está escrito que um anjo lhe havia prometido a ressurreição e recompensa (Ver A RESSURREIÇÃO DOS MORTOS). Embora ninguém dos historiadores dos dias de Jesus nada tenha dito sobre ele, acho mais lógico que Jesus realmente tenha existido do que tenha sido totalmente inventado. Temos informação de que houve mais de um herói que quis libertar Israel do jugo romano. O próprio livro de Atos dos Apóstolos fala de outros dois, Judas e Teudas (Atos, 5: 36, 37). Como, nos dias do domínio assírio, o profeta Miquéias prometera que um ungido de Judá destronaria aquele império e libertaria Israel, o que muito parece se referir a Josias, rei de Judá que pretendeu unificar os dois povos (Israel e Judá), os hebreus continuaram esperando que um dia surgisse esse ungido que os libertasse e estabelecesse aquele reino imbatível, uma vez que Josias não o fez. Jesus deve ter sido um dos que pretenderam combater o império romano, mas não conseguiram juntar guerreiros para o combate e foram executados. Talvez até seu nome tenha sido outro, e os seus seguidores o tenham mudado para dar o significado que tem: aquele que salva. É provável que Jesus, após se ver sem saída e na iminência de ser morto pelos romanos, porém crendo na doutrina da ressurreição dos mortos, tenha dito aos seus companheiros que retornaria quando ressuscitado por Yavé para derrotar os romanos e estabelecer o tão sonhado reino eterno. Morto Jesus, seus seguidores, crendo que ele seria ressuscitado, devem ter passado a pregar às outras pessoas que Jesus teria sido ressuscitado pelo deus Yavé e breve retornaria para ressuscitar a todos que cressem nele para formar o reino eterno. Em epístolas de Paulo, vemos que ele esperava que Jesus retornasse antes mesmo de sua morte (I Coríntios, 15: 51, 52; I Tessalonicenses, 4: 17). Como levantarem-se pessoas contra os romanos e serem executados era coisa bem banal naqueles dias, os historiadores da época não devem nem ter dado atenção a mais essa execução, ou Jesus (Yeshua) tenha sido um nome inventado para algum dos executados. Todavia, a doutrina da ressurreição de Jesus e de seus seguidores deve ter ido crescendo e aumentando os adeptos; e, à medida que o fato ficava mais distante, os contos a respeito de Jesus iam ficando mais elaborados, e foram surgindo os milagres de curas, ressurreições, etc. É claro que, se houvesse alguém capaz de fazer um aleijado se tornar normal e um cego enxergar, isso não iria passar sem que ninguém percebesse como nos mostra a falta de registros anteriormente aos evangelhos. Muito menos poderiam ocorrer ressurreições sem haver um grande tumulto que chegasse ao conhecimento de muita gente. Se Filão de Alexandria viveu nos dias de Jesus e nunca escreveu uma linha falando sobre Jesus e seus feitos, isso só nos leva a concluir que esse feitos são lendas. Outrossim, como poderia ter ocorrido três horas de escuridão e ninguém além dos cristãos ter tomado conhecimento? Algumas décadas após a execução desse herói, algumas pessoas escreveram próximo de uma centena dos chamados evangelhos. Eles eram extremamente contraditórios, o que deu origem a várias correntes doutrinárias cristãs. Entre os poucos textos selecionados posteriormente pela igreja romana para comporem o novo testamento, sendo os mais harmônicos, ainda há muitas divergências. Exemplo pode ser visto na justificação pela fé ou pelas obras comentadas divergentemente por Paulo e Tiago. Os evangelhos de Mateus e Lucas falam da destruição de Jerusalém pelos romanos como sendo o início da grande tribulação predita pelo profeta Daniel (Ver OS TEMPOS DOS GENTIOS). e afirmam que, passado aquele período difícil, Jesus estaria retornando para buscar seus escolhidos e estabelecer o reino divino. O apocalipse já fala do império romano como a besta de sete cabeças e dez chifres, mas apresenta ainda um outro poder seguinte representado por uma besta semelhante a touro com chifres de cordeiro antes do estabelecimento do reino de Jesus. São Pedro já disse que um dia iria haver um grande estrondo, e o mundo seria destruído pelo fogo, assim como, segundo eles criam, já havia sido destruído por água. Para ver como os cristãos usaram o velho testamento para tornar Jesus o messias, leia O MESSIAS DE BELÉM NUNCA EXISTIU NEM PODERÁ EXISTIR. Como alguns séculos depois o imperador romano se converteu ao cristianismo, este foi unificado segundo a doutrina prevalente em Roma, e todos as correntes divergentes foram extintas, é o que os estudiosos constatam dos registros encontrados, apesar de a igreja ter tentado destruir todos os escritos e qualquer outra coisa que fosse contrária à linha cristã de Roma. Os cristãos clandestinos, aqueles que divergiam do cristianismo romano, devem ter firmado muito sua fé nas afirmações de que Roma era a prostituta montada na besta e o cristianismo romano deve ter passado a ser visto como a besta pelos dissidentes. E é isso mesmo que diz o Apocalipse: a mulher é a "cidade que reina sobre os reis da Terra", cidade edificada sobre "sete montes". Não há como negar. Talvez a besta semelhante a touro com chifres de cordeiro no apocalipse tenha derivado da visão de alguém que já procurava combater o cristianismo romano. E esse livro chegou a ser rejeitado pela igreja, vindo posteriormente a ser aceito para fazer parte da Bíblia. Quanto às profecias de Daniel, é bom ler o meu artigo O FIM: ANTÍOCO EPÍFANES, IMPÉRIO ROMANO, OUTRO PODER FUTURO. No final da Idade Média, surgiram os protestantes, que conseguiram enfraquecer o Catolicismo, porém fortaleceram a crença em Jesus e na ressurreição dos mortos. A essa altura, os prodígios de Jesus já eram cristalizados como fatos incontestáveis pelos fiéis. No século XIX, alguns protestantes fizeram uma interpretação das profecias de Daniel, calculando que 1843 seria a data do retorno de Jesus. Como isso não ocorreu, recalcularam e pensaram que houvesse cometido um pequeno erro, devendo o evento ocorrer em 1844. Como naturalmente nada se cumpriu, refizeram a interpretação, passando a crer que, em vez da volta de Jesus, seria a passagem de Jesus do lugar santo para o lugar santíssimo do santuário que criam existir no céu. Assim, anda deveriam passara mais alguns anos até que ele retornasse. Como, diferentemente do livro de Daniel, o Apocalipse apresentam um outro poder perseguidor após o poder romano, passaram a pregar que os Estados Unidos, mediante o protestantismo unido como o catolicismo, dariam cumprimento à figura da besta semelhante ao touro, que fariam uma grande perseguição antes do retorno de Jesus; mas tudo isso deveria ocorrer brevemente, porque quase todos os sinais do fim já haviam ocorrido (Veja, por exemplo, AS ESTRELAS NÃO CAÍRAM PELA TERRA). Na década de oitenta, conheci um livro intitulado "ELLEN G. WHITE E A IGREJA ADVENTISTA". Segundo esse livro, Ellen G. White havia dito, na última conferência de que participou, já bem próximo a sua morte, em 1915, que a maioria daqueles que estavam ouvindo-a não passariam pela morte, mas estariam vivos por ocasião da volta de Jesus. Acredito que, se ainda existirem alguns das crianças daquele dia, não devem ser muitos. Há poucos anos, procurei com os adventistas o livro "ELLEN G. WHITE E A IGREJA ADVENTISTA" e o chamado "Crede nos seus profetas", mas me disseram desconhecê-los. Atualmente há milhares de ramos cristãos e todos eles têm suas maneiras de explicar a doutrina e justificar por que Jesus ainda não veio, cada um como o dono da verdade e negando a verdade dos outros. Há até aqueles que dizem que a volta de Jesus é apenas figurada; mas seus argumentos não têm convencido muita gente. Eles são uns poucos milhares no mundo. Talvez a gritante distância entre as crenças cristãs do novo testamento e as explicações de todos os ramos cristãos atuais seja a razão de o Islamismo, religião não cristã, ser a religião que mais cresce no mundo atual. Acho que atualmente corremos mais risco de um dia o mundo ser torturado pelo poder muçulmano do que qualquer dominador que possa surgir. O radicalismo religioso me assusta mais do que qualquer socialismo ou ditadura militar leiga. Mas espero que o conhecimento prevaleça sobre as crendices. Como todas as mitologias, a origem do Cristianismo, como acima deduzido, só pode ter sido desenvolvida aos poucos a partir de um grupo de adeptos da crença na ressurreição dos mortos cujo líder tenha mesmo sido executado pelos romanos. Só isso pode explicar a falta de registro sobre esse homem, chamado filho de Deus, ou mesmo Deus, que se tornou tão importante no decorrer dos séculos.
RESSURREIÇÃO DOS MORTOS
A ressurreição dos mortos é uma doutrina cristã, herdada de judeus que, por sua vez, a incorporaram das crenças babilônicas, persas e romanas. Não é encontrada no livro da lei mosaica, não está entre os patriarcas nem entre os profetas, com exceção de Daniel, cujo livro, ao que tudo nele indica, foi criado muito tempo depois do cativeiro babilônico, talvez algumas partes tenha sido escritas já sob o domínio romano. Daniel é o único livro que tem uma linguagem bem parecida com a cristã. Embora o Velho Testamento apresente casos de pessoas ressuscitadas, a lei mosaica não apresentou nenhuma promessa de recompensa em outra vida após a morte. A lei apresentou um deus severo, com promessas e ameaças nesta vida: “porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam” (Deuteronômio, 5: 9). E não prometia nada mais além do que se pudesse conceder aqui na terra: “Honra a teu pai e a tua mãe, como o senhor teu Deus te ordenou, para que se prolonguem os teus dias, e para que te vá bem na terra que o Senhor teu Deus te dá” (Deuteronômio, 5: 15). Em relação ao pós-morte, encontramos algumas opiniões: Jó disse: “Oxalá me encobrisses na sepultura e me ocultasse até que a tua ira se fosse, e me pusesses um prazo e depois te lembrasse de mim! Morrendo o homem, porventura tornará a viver?” (Jó, l3: 13 e 14). Era assim que ele cria: “...o homem se deita, e não se levanta: enquanto existirem os céus não acordará, nem será despertado do seu sono” (Jó, 13: 12). Salomão não cria na existência de consciência após a morte: “Pois os vivos sabem que morrerão, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco têm eles daí em diante recompensa; porque a sua memória ficou entregue ao esquecimento. Tanto o seu amor como o seu ódio e a sua inveja já pereceram; nem têm eles daí em diante parte para sempre em coisa alguma do que se faz debaixo do sol.” (Eclesiastes, 9:5, 6). A NOVA JERUSALÉM prometida pelo profeta Isaías era muito diferente daquela apresentada nas visões de João no Apocalipse: “Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão: Mas alegrai-vos e regozijai-vos perpetuamente no que eu crio; porque crio para Jerusalém motivo de exultação e para o seu povo motivo de gozo. E exultarei em Jerusalém, e folgarei no meu povo; e nunca mais se ouvirá nela voz de choro nem voz de clamor. Não haverá mais nela criança de poucos dias, nem velho que não tenha cumprido os seus dias; porque o menino morrerá de cem anos; mas o pecador de cem anos será amaldiçoado. E eles edificarão casas, e as habitarão; e plantarão vinhas, e comerão o fruto delas. Não edificarão para que outros habitem; não plantarão para que outros comam; porque os dias do meu povo serão como os dias da árvore, e os meus escolhidos gozarão por longo tempo das obras das suas mãos: Não trabalharão debalde, nem terão filhos para calamidade; porque serão a descendência dos benditos do Senhor, e os seus descendentes estarão com eles. E acontecerá que, antes de clamarem eles, eu responderei; e estando eles ainda falando, eu os ouvirei. O lobo e o cordeiro juntos se apascentarão, o leão comerá palha como o boi; e pó será a comida da serpente. Não farão mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o Senhor.” (Isaías, 65: 17 a 25). Aí vemos que as promessas de Jeová, do Velho Testamento, não eram nada após a morte, mas prosperidade aqui na Terra. No profeta Isaías, já encontramos alguns textos falando de ressurreição: “Os falecidos não tornarão a viver; os mortos não ressuscitarão; por isso os visitaste e destruíste, e fizeste perecer toda a sua memória” (Isaias, 26: 14). “Os teus mortos viverão, os seus corpos ressuscitarão; despertai e exultai, vós que habitais no pó; porque o teu orvalho é orvalho de luz, e sobre a terra das sombras fá-lo-ás cair” (Isaias, 26: 19). Lendo todo o texto, percebe-se que não estava o profeta falando de uma ressurreição dos mortos em um dia de juízo final como se fala no Novo Testamento; tanto que, ao se referir a Israel, fala que “teus mortos ressuscitarão” e, ao se referir aos inimigos, diz “os mortos não ressuscitarão”. Se ele já cria que os hebreus fossem ressuscitar, achava que os outros povos não teriam ressurreição. Só posteriormente é que devem ter desenvolvido essa idéia de que os maus ressuscitam para serem punidos. Por outro lado, apesar da crença expressa na lei mosaica, nos livros que segue ao Pentateuco e na maioria dos profetas, a crença na ressurreição já aparece bem cristalizada em Daniel. As profecias de Daniel apresentam coisas muito coincidentes com o cristianismo, e a promessa de recompensa após a morte e ressurreição. No último capítulo está escrito que, em sua última visão, disse ter recebido a mensagem angélica: “...descansarás, e, ao fim dos dias, te levantarás para receber a tua herança” (Daniel, 12: 13). Há informações de que o primeiro contato dos hebreus com a crença na ressurreição dos mortos se deu sob os domínios babilônico e medo-persa. E o texto acima parece ter sido escrito nos dias da vitória de Judas Macabeu e restauração do santuário profanado por Antíoco Epífanes. “O reino unificado de Judeia e de Israel teve o seu último período de esplendor com Salomão (século X a.C), após a sua morte foi o mesmo dividido. No final do século VIII a.C Israel foi conquistada pela assíria, sendo muitos dos seus habitantes levados para a Assíria, tendo aí desaparecido, sendo hoje conhecidos como as dez tribos perdidas de Israel. O reino da judeia manteve a sua independência a troco de um pesado tributo. Cerca de 150 anos mais tarde, os babilónios tomam a sua capital - Jesusalém -, e arrasam-na (586 a.C), levando consigo grande número de prisioneiros. No seu cativeiro na Babilónia os judeus absorveram aí muitos conceitos novos que vieram a incorporar no judaísmo: Ressurreição dos Mortos, Inferno, Demónios, Apocalipse, etc. Como dissemos, a partir de meados do séc.VIII a..C o judaísmo entra num período de grande produção doutrinária, conhecido pela ‘tempo dos profetas’. Estes afirmam de forma clara a universalidade e unicidade de Deus.” (Carlos Fontes, Origem da Filosofia). Está escrito que o próprio Jesus, para convencer os saduceus de sua doutrina da ressurreição, não apresentou nenhuma afirmação antiga que falasse diretamente dela, mas disse: “E, quanto à ressurreição dos mortos, não lestes o que foi dito por Deus: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó? Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos” (Mateus, 22: 31,32). O evangelho de Mateus fala de Daniel, mas parece que seu autor não conhecida o capítulo 12: 13). Se conhecesse, teria apresentado isso como argumento de Jesus. O fato de os saduceus não crerem na ressurreição é uma evidência de que essa idéia era nova entre os hebreus. A grande diferença que os religiosos não vêem entre o Velho e o Novo Testamento é que, no Velho, Jeová prometia prosperidade aqui na Terra, e no Novo, Jesus prometeu recompensa após a morte e ressurreição. Compare-se a Nova Jerusalém de Isaías (Isaías, 65: 17-25) e a Nova Jerusalém de João (Apocalipse, 21 e 22). Entre outras diferenças, na primeira, haveria muita prosperidade, mas tudo dentro na normalidade terrena, com pecado e morte; na segunda, a imortalidade e a inexistência do pecado. Não percebem que a ressurreição foi introduzida nas cabeças dos hebreus em época bem posterior ao começo da formação da Bíblia.
João de Freitas
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Origem do Catolicismo Romano
Publicado em: 15/3/2002
A Bíblia Sagrada é auto-explicativa; aliás, a regra fundamental da Hermenêutica (interpretação) é que ela seja seu próprio intérprete, entretanto, para compreendermos certas coisas ou fortalecer nossa fé em Jesus Cristo através dos seus ensinos, necessitamos recorrer a História Extra-Bíblica, por exemplo:
Nos primeiros séculos da nossa era, havia uma única comunidade cristã. Ora, Jesus havia dito: "Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, estarei no meio deles...". "Eis que estarei convosco, todos os dias até a consumação dos séculos". Mt 18,20 ; 28,20
Origem do papado e do Vaticano
O cristianismo teve continuidade com bispos, pastores, presbíteros e evangelistas como Lino, viveu no ano 65; Cleto em 69; Clemente em 95; Justino em 100; Policarpo, ano 155; Ignácio, ano 110; Irineu, por volta do ano 180; Papias, ano 140; Cipriano, bispo de Cartago, ano 247; João Crisostomo, famoso cristão, ano 350 e outros. Entre eles não havia maior ou menor, embora Tertuliano, advogado cristão, tenha acusado o bispo Calixto de "querer ser o bispo dos bispos" (ano 208).
O Catolicismo romano começou a tomar forma no ano 325 quando o imperador romano Constantino, "convertido" ao cristianismo, convocou o primeiro concílio das igrejas que foi dirigido por Hosia Cordova com 318 bispos presentes; esses bispos eram cristãos; ainda não havia Catolicismo romano. Constantino construiu a IGREJA DO SALVADOR num bairro nobre de Roma, chamado Vaticanus. Os bispos (papas) de então construíram vários palácios ao redor da "igreja" formando o Vaticano que hoje existe.
A Igreja recebeu o nome de "Católica" somente no ano 381 no concílio de Constantinopla com o decreto "CUNCTUS POPULOS" dirigido pelo imperador romano Teodósio. Devido às alterações que fez deixou de ser apostólica e não sabemos como pode ser Romana e Universal ao mesmo tempo. (Hist. Ecles.; Rivaux; Tom. 1; pg. 47).
Ate o século V não houve "papa" como conhecemos hoje. Esse tratamento terno começou a ser aplicado a TODOS os bispos a partir do ano 304. (Ciência e Religião; Cônego Salin; Tom. 2; pg. 56). Naqueles tempos ninguém supunha que "S. Pedro foi papa"; fora casado e teve ambições temporais. Depois dos apóstolos, os lideres do Cristianismo foram os bispos, os pastores e os evangelistas. A idéia de que uma relação de "papas" surgiu a partir de S. Pedro é falsa; foi forjada para hiper-valorizar os de então.
Depois do ano 400 as Igrejas viram-se dominadas por cinco "patriarcas" que foram os bispos de Antioquia, de Alexandria, de Jerusalém, de Constantinopla e de Roma, "útero" que gerou o papado. As Igrejas que eram livres começaram a perder autonomia com o papa Inocêncio I, ano 401, que dizendo-se "governante das igrejas de Deus exigia que todas as controvérsias fossem levadas a ele!".
O papa Leão I, ano 440, é mencionado pelos historiadores como o primeiro Papa. Procurou impor respeito prescrevendo que "RESISTIR SUA AUTORIDADE SERIA IR DIRETO PARA O INFERNO". Nessa situação confusa, houve porfia entre o bispo de Constantinopla e de Roma sobre a liderança do Cristianismo, quando interveio o Concílio de Calcedônia, ano 451, que concedeu "direitos iguais a ambos". O papado como o conhecemos, hoje, desenvolveu-se gradativamente sustentado, a princípio, pelo Império Romano; e intruso no Cristianismo e não se enquadra na bíblia, mas é identificado nas Sagradas Escrituras como "Ponte Pequena" (Daniel 7,8).
O Estado territorial do Vaticano teve origem com o papa Estevão II, anos 741-752 que instigou Pepino, o Breve e seu Exército a conquistar territórios da Itália e doá-los à Igreja. Carlos Magno, pai de Pepino confirmou a doação no ano 774 elevando o Catolicismo à posição de poder mundial, surgindo o "SANTO império ROMANO sob a autoridade do Papa-Rei; esse império durou 1100 anos. Carlos Magno já velho e arrependido por doar territórios aos papas, agonizando sofria horríveis pesadelos e lastimava-se assim: "Como me justificar diante de Deus pelas guerras que irão devastar a Itália, pois os papas são ambiciosos, eis porque se me apresentam imagens horríveis e monstruosas que me apavoram; devo merecer de Deus um severo castigo". (Pillati, Ed. Thompessom, Tom. III, pg. 64. Londres 1876).
O Papa Nicolau I, anos 858-867, foi o primeiro a usar a coroa! Serviu-se com muito efeito de documentos espúrios conhecidos como "PSEUDAS DECRETAIS DE ISIDORO", que surgiram no ano 857. Essas falsas "decretais" eram pretensões dos bispos dos séculos I e II que "exaltavam o poder dos papas!" foram invenções corruptas e premeditadas cuja falsidade foi descobertadepois da morte desse papa; havia mentido que "tais documentos estiveram por séculos sob guarda da Igreja". As "Pseudas decretais de Isidoro" selaram a pretensão do clero medieval com o sinete da "antiguidade" e o papado que era recente tornou-se coisa "antiga". Foi o MAIOR EMBUSTE DA HISTÓRIA; esses falsos documentos fortaleceram os papas e ANTECIPOU EM 5 séculos o poder temporal deles e serviu de base para as leis canônicas da igreja católica. Esse embuste ajudou o papa Gregório VII, 1073-1085 a decretar o "DIREITO EXCLUSIVO DE GOVERNAR A IGREJA". (Pochet bíblia Handbook pg. 685).
Em 1304-1305, o rei Filipe IV da França enfrentou o papa. Devido às perseguições religiosas da igreja e por cobrarem altos tributos dos franceses, o Rei mandou um emissário a Roma prender o pontífice e humilhou o papado até o chão. Conduzidos para Avinhão, na França, foram tratadoscomo meros instrumentos da Corte francesa de 1305 a 1377. Nesse período o Catolicismo teve dois papas, ambos "infalíveis"; um em Avinhão, na França e outro em Roma, proferindo maldições um contra o outro!
Com o papa Gregório IX, ano 1377, a sede da Igreja voltou a ser unificada no Vaticano e no século XV demoliram a IGREJA DO SALVADOR, construindo em seu lugar a Basílica de S. Pedro. Posteriormente, os papas envolveram-se em guerras que resultou na prisão do papa Pio VII, no ano 1798 por Napoleão Bonaparte.
No ano 1870 o papa Pio IX governava Roma com 10 mil soldados franceses quando a França retirou suas tropas. Victor Emanuelli invadiu a cidade, arrebatando Roma das mãos dos papas. Humilhados, perderam Roma e tornaram-se súditos do governo italiano. Até 1929 o papado esteve confinado no Vaticano; nesse ano, Pio XI e Mussolini assinaram o Tratado de Latrão legalizando esse pequeno Estado político-religioso que e controlado pela "Cúria romana e governado por 18 velhos cardeais italianos que por sua vez controlam a carreira dos bispos emonsenhores". O papa fica fora dessa pirâmide. (Estado, 20.03.82).
O Papado é uma instituição italiana que surgiu das ruínas do extinto império Romano; sobreviveu fazendo astutas alianças políticas como no caso dos francos e de Carlos Magno; sobreviveu pela fraude como no caso das "Falsas Decretais de Isidoro"; sobreviveu servindo-se dos exércitos dos reis subservientes e também derramando sangue na Inquisição. Muitos papas foram bons homens. A igreja dos primeiros séculos abrigou muitos santos que no entanto, viveram fora da influência do Vaticano; entendiam que os tais "vigários de Cristo" eram bem menos santos que aparentavam...
Atualmente a "igreja" esta envolvida na "opção pelos pobres" procurando distribuir a riqueza dos outros sem tocar nas suas... Com essa opção procuram atrair as massas que perderam. O mesmo desespero sofre na Itália "onde apenas 25% dos católicos são praticantes, comparando-se com 41% em 1968". (Estado, 07.04.88). Se os papas não conseguem manter a fé católica na Itália, sede da igreja e berço do papado, como esperam realizar isso viajando por outros países? Distanciam-se de Cristo, eriçando as classes sociais umas contra as outras e deixam ver que substituíram a mensagem eterna pelas temporais.
Rendas da Igreja e do Vaticano
Sem sustento nenhum, por estarem desacreditados, os papas e a igreja sancionaram o blefe, canalizando para seus cofres quantias fabulosas, negociando cargos eclesiásticos e posições que valiam fortunas. Cobravam para "canonizar um santo" naqueles tempos, 23 mil ducados; hoje, milhões! Vendiam relíquias e "pedacinhos da Cruz de Cristo" ; negociam o perdão de pecados mediante indulgências e amedrontavam os "fiéis" com o fogo do Purgatório que criaram prometendo com "missas" pagas, aliviar essa situação! Desconhecendo a bíblia e o amor de Deus, milhões acabavam aceitando esses expedientes matreiros do Catolicismo Romano.
O dominicano João Tetzel tornou-se famosos vendendo documentos de indulgências da "Igreja"; negociava uma que "dava o direito antecipado de pecar"! Vendia uma outra por alto preço que garantia: "AINDA QUE TENHAS VIOLADO MARIA, MÃE DE DEUS, DESCERÁS PARA CASA PERDOADO E CERTO DO PARAÍSO"!
O Papa leão X, ano 1518, continuou com o blefe; necessitando restaurar a igreja de S. Pedro que se rachava, utilizou cofres com dizeres absurdos tais como: AO SOM DE CADA MOEDA QUE CAI NESTE COFRE, UMA ALMA DESPREGA DO purgatório E VOA PARA O paraíso". (Hist. Literatura Inglesa por Tayne; vol II; pg. 35)
O purgatório é o nervo exposto da Igreja; não quer que toque! O escritor Cesare Cantu registrou que o purgatório e a "galinha dos ovos de ouro da igreja" e o ex-padre Dr. Humberto Rodhen disse que com este e outros expedientes a igreja católica recolhe por dia em todo o mundo 500 milhões de dólares. Esse lugar de tormento tornou-se comércio espiritual a partir do ano 1476 com o papa Sixto IV; o Catolicismo é a única instituição que "negocia com as almas dos homens" (Ap 18.13). Com esse dogma peca duas vezes e cria problemas de consciência para os padres: primeiro por oficializar uma inverdade; segundo por receber dinheiro em nome dela. Nunca informam quando as almas deixam esse lugar de tormento; celebram missas indefinidamente por uma pessoa falecida sempre que um simplório pagar.
O confessionário cujo interrogatório "devassa os lares" serve para vários fins; em Portugal e na Espanha usavam-no para descobrirem e informarem às autoridades o pensamento político dos generais, confessando suas esposas! Nessas "confissões" conseguem legados e doações de beatos e viúvas chorosas que buscando "absolvição" podem ser aliciados entregando terras epropriedades. "A igreja, no Brasil, tem um vultoso patrimônio imobiliário". (Estado 25.02.80). S. Bernardo, doutor da igreja e canonizado, dizia: O clero se diz pastores, mas o que são é roubadores; não satisfeitos com a lã das ovelhas, bebem seu sangue! (Roma, a igreja e o Anti-Cristo, pg. 178).
Influência do Estado do Vaticano
A influência do Estado do Vaticano e dos papas vem diminuindo dentro e fora. O Geral dos Minoristas, João Del Parma, canonizado, registrou que "A cúria Romana está entregue a charlatanearia, ao embuste e ao engano sem dar atenção às almas que se perdem!" (Salimbene, Vita del Parma, pg. 169).
Vazios espiritualmente, o clero recorre ao artificialismo para conservar o povo ao seu redor. Tudo no Catolicismo é muito colorido. Se o papa celebrasse as cerimônias civicamente trajado como os pastores das igrejas cristãs, reduziriam em 70% os curiosos; por essa razão a indumentária deles é de espantar! Conforme o cerimonial, o papa apresenta-se com a Casula, aMitra, o Báculo, a Estola, a Meseta, a Batina, o Manto, o Palio, a Roqueta, a Faixa, o Solideo, a Coroa, a Tiara, o Escapulário, as Luvas de seda e os Sapatos de Pelica vermelha, tudo muito colorido e atraente! O Papa João Paulo II acrescentou mais uma peça na sua indumentária: "colete à prova de balas". Comprou dois deles na empresa americana Armoured Body (Jornal de Milão II Giorno).
"A maioria católica" mencionada pelo clero para humilhar as Igrejas Cristãs, encontra-se, na verdade, nos países subdesenvolvidos e mal alfabetizados. Essas nações devem cobrar do Catolicismo Romano que abraçaram a má situação em que se encontram. Por séculos a igreja não alfabetizou já de má fé, objetivando explorar massas humanas com crendices; impediram povos de examinarem a bíblia, fonte de progresso e liberdade. Quando o clero menciona "religiões minoritárias" esquece milhões de cristãos exterminados pelos papas, retardando sua multiplicação.
Vaticano em seus concílios altera a doutrina cristã
Dogmas criados pela igreja católica são tão indiscutíveis entre eles que até impedem padres a raciocinar e decidir entre o certo e o errado. Muitos baseados em lendas e suposições; outros, impregnados de crendices que rebaixam o nível do Cristianismo; quase todos com fins lucrativos, outros conferem ao clero certa autoridade e influência até que a sociedade fique esclarecida.
Algumas alterações estranhas às Sagradas Escrituras:
Ano 304 d.C.: Os Bispos começaram a ser chamados de Papas.
Ano 310 d.C.: Introduzidas orações pelos mortos.Nos primeiros séculos da nossa era, havia uma única comunidade cristã. Ora, Jesus havia dito: "Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, estarei no meio deles...". "Eis que estarei convosco, todos os dias até a consumação dos séculos". Mt 18,20 ; 28,20
Origem do papado e do Vaticano
O cristianismo teve continuidade com bispos, pastores, presbíteros e evangelistas como Lino, viveu no ano 65; Cleto em 69; Clemente em 95; Justino em 100; Policarpo, ano 155; Ignácio, ano 110; Irineu, por volta do ano 180; Papias, ano 140; Cipriano, bispo de Cartago, ano 247; João Crisostomo, famoso cristão, ano 350 e outros. Entre eles não havia maior ou menor, embora Tertuliano, advogado cristão, tenha acusado o bispo Calixto de "querer ser o bispo dos bispos" (ano 208).
O Catolicismo romano começou a tomar forma no ano 325 quando o imperador romano Constantino, "convertido" ao cristianismo, convocou o primeiro concílio das igrejas que foi dirigido por Hosia Cordova com 318 bispos presentes; esses bispos eram cristãos; ainda não havia Catolicismo romano. Constantino construiu a IGREJA DO SALVADOR num bairro nobre de Roma, chamado Vaticanus. Os bispos (papas) de então construíram vários palácios ao redor da "igreja" formando o Vaticano que hoje existe.
A Igreja recebeu o nome de "Católica" somente no ano 381 no concílio de Constantinopla com o decreto "CUNCTUS POPULOS" dirigido pelo imperador romano Teodósio. Devido às alterações que fez deixou de ser apostólica e não sabemos como pode ser Romana e Universal ao mesmo tempo. (Hist. Ecles.; Rivaux; Tom. 1; pg. 47).
Ate o século V não houve "papa" como conhecemos hoje. Esse tratamento terno começou a ser aplicado a TODOS os bispos a partir do ano 304. (Ciência e Religião; Cônego Salin; Tom. 2; pg. 56). Naqueles tempos ninguém supunha que "S. Pedro foi papa"; fora casado e teve ambições temporais. Depois dos apóstolos, os lideres do Cristianismo foram os bispos, os pastores e os evangelistas. A idéia de que uma relação de "papas" surgiu a partir de S. Pedro é falsa; foi forjada para hiper-valorizar os de então.
Depois do ano 400 as Igrejas viram-se dominadas por cinco "patriarcas" que foram os bispos de Antioquia, de Alexandria, de Jerusalém, de Constantinopla e de Roma, "útero" que gerou o papado. As Igrejas que eram livres começaram a perder autonomia com o papa Inocêncio I, ano 401, que dizendo-se "governante das igrejas de Deus exigia que todas as controvérsias fossem levadas a ele!".
O papa Leão I, ano 440, é mencionado pelos historiadores como o primeiro Papa. Procurou impor respeito prescrevendo que "RESISTIR SUA AUTORIDADE SERIA IR DIRETO PARA O INFERNO". Nessa situação confusa, houve porfia entre o bispo de Constantinopla e de Roma sobre a liderança do Cristianismo, quando interveio o Concílio de Calcedônia, ano 451, que concedeu "direitos iguais a ambos". O papado como o conhecemos, hoje, desenvolveu-se gradativamente sustentado, a princípio, pelo Império Romano; e intruso no Cristianismo e não se enquadra na bíblia, mas é identificado nas Sagradas Escrituras como "Ponte Pequena" (Daniel 7,8).
O Estado territorial do Vaticano teve origem com o papa Estevão II, anos 741-752 que instigou Pepino, o Breve e seu Exército a conquistar territórios da Itália e doá-los à Igreja. Carlos Magno, pai de Pepino confirmou a doação no ano 774 elevando o Catolicismo à posição de poder mundial, surgindo o "SANTO império ROMANO sob a autoridade do Papa-Rei; esse império durou 1100 anos. Carlos Magno já velho e arrependido por doar territórios aos papas, agonizando sofria horríveis pesadelos e lastimava-se assim: "Como me justificar diante de Deus pelas guerras que irão devastar a Itália, pois os papas são ambiciosos, eis porque se me apresentam imagens horríveis e monstruosas que me apavoram; devo merecer de Deus um severo castigo". (Pillati, Ed. Thompessom, Tom. III, pg. 64. Londres 1876).
O Papa Nicolau I, anos 858-867, foi o primeiro a usar a coroa! Serviu-se com muito efeito de documentos espúrios conhecidos como "PSEUDAS DECRETAIS DE ISIDORO", que surgiram no ano 857. Essas falsas "decretais" eram pretensões dos bispos dos séculos I e II que "exaltavam o poder dos papas!" foram invenções corruptas e premeditadas cuja falsidade foi descobertadepois da morte desse papa; havia mentido que "tais documentos estiveram por séculos sob guarda da Igreja". As "Pseudas decretais de Isidoro" selaram a pretensão do clero medieval com o sinete da "antiguidade" e o papado que era recente tornou-se coisa "antiga". Foi o MAIOR EMBUSTE DA HISTÓRIA; esses falsos documentos fortaleceram os papas e ANTECIPOU EM 5 séculos o poder temporal deles e serviu de base para as leis canônicas da igreja católica. Esse embuste ajudou o papa Gregório VII, 1073-1085 a decretar o "DIREITO EXCLUSIVO DE GOVERNAR A IGREJA". (Pochet bíblia Handbook pg. 685).
Em 1304-1305, o rei Filipe IV da França enfrentou o papa. Devido às perseguições religiosas da igreja e por cobrarem altos tributos dos franceses, o Rei mandou um emissário a Roma prender o pontífice e humilhou o papado até o chão. Conduzidos para Avinhão, na França, foram tratadoscomo meros instrumentos da Corte francesa de 1305 a 1377. Nesse período o Catolicismo teve dois papas, ambos "infalíveis"; um em Avinhão, na França e outro em Roma, proferindo maldições um contra o outro!
Com o papa Gregório IX, ano 1377, a sede da Igreja voltou a ser unificada no Vaticano e no século XV demoliram a IGREJA DO SALVADOR, construindo em seu lugar a Basílica de S. Pedro. Posteriormente, os papas envolveram-se em guerras que resultou na prisão do papa Pio VII, no ano 1798 por Napoleão Bonaparte.
No ano 1870 o papa Pio IX governava Roma com 10 mil soldados franceses quando a França retirou suas tropas. Victor Emanuelli invadiu a cidade, arrebatando Roma das mãos dos papas. Humilhados, perderam Roma e tornaram-se súditos do governo italiano. Até 1929 o papado esteve confinado no Vaticano; nesse ano, Pio XI e Mussolini assinaram o Tratado de Latrão legalizando esse pequeno Estado político-religioso que e controlado pela "Cúria romana e governado por 18 velhos cardeais italianos que por sua vez controlam a carreira dos bispos emonsenhores". O papa fica fora dessa pirâmide. (Estado, 20.03.82).
O Papado é uma instituição italiana que surgiu das ruínas do extinto império Romano; sobreviveu fazendo astutas alianças políticas como no caso dos francos e de Carlos Magno; sobreviveu pela fraude como no caso das "Falsas Decretais de Isidoro"; sobreviveu servindo-se dos exércitos dos reis subservientes e também derramando sangue na Inquisição. Muitos papas foram bons homens. A igreja dos primeiros séculos abrigou muitos santos que no entanto, viveram fora da influência do Vaticano; entendiam que os tais "vigários de Cristo" eram bem menos santos que aparentavam...
Atualmente a "igreja" esta envolvida na "opção pelos pobres" procurando distribuir a riqueza dos outros sem tocar nas suas... Com essa opção procuram atrair as massas que perderam. O mesmo desespero sofre na Itália "onde apenas 25% dos católicos são praticantes, comparando-se com 41% em 1968". (Estado, 07.04.88). Se os papas não conseguem manter a fé católica na Itália, sede da igreja e berço do papado, como esperam realizar isso viajando por outros países? Distanciam-se de Cristo, eriçando as classes sociais umas contra as outras e deixam ver que substituíram a mensagem eterna pelas temporais.
Rendas da Igreja e do Vaticano
Sem sustento nenhum, por estarem desacreditados, os papas e a igreja sancionaram o blefe, canalizando para seus cofres quantias fabulosas, negociando cargos eclesiásticos e posições que valiam fortunas. Cobravam para "canonizar um santo" naqueles tempos, 23 mil ducados; hoje, milhões! Vendiam relíquias e "pedacinhos da Cruz de Cristo" ; negociam o perdão de pecados mediante indulgências e amedrontavam os "fiéis" com o fogo do Purgatório que criaram prometendo com "missas" pagas, aliviar essa situação! Desconhecendo a bíblia e o amor de Deus, milhões acabavam aceitando esses expedientes matreiros do Catolicismo Romano.
O dominicano João Tetzel tornou-se famosos vendendo documentos de indulgências da "Igreja"; negociava uma que "dava o direito antecipado de pecar"! Vendia uma outra por alto preço que garantia: "AINDA QUE TENHAS VIOLADO MARIA, MÃE DE DEUS, DESCERÁS PARA CASA PERDOADO E CERTO DO PARAÍSO"!
O Papa leão X, ano 1518, continuou com o blefe; necessitando restaurar a igreja de S. Pedro que se rachava, utilizou cofres com dizeres absurdos tais como: AO SOM DE CADA MOEDA QUE CAI NESTE COFRE, UMA ALMA DESPREGA DO purgatório E VOA PARA O paraíso". (Hist. Literatura Inglesa por Tayne; vol II; pg. 35)
O purgatório é o nervo exposto da Igreja; não quer que toque! O escritor Cesare Cantu registrou que o purgatório e a "galinha dos ovos de ouro da igreja" e o ex-padre Dr. Humberto Rodhen disse que com este e outros expedientes a igreja católica recolhe por dia em todo o mundo 500 milhões de dólares. Esse lugar de tormento tornou-se comércio espiritual a partir do ano 1476 com o papa Sixto IV; o Catolicismo é a única instituição que "negocia com as almas dos homens" (Ap 18.13). Com esse dogma peca duas vezes e cria problemas de consciência para os padres: primeiro por oficializar uma inverdade; segundo por receber dinheiro em nome dela. Nunca informam quando as almas deixam esse lugar de tormento; celebram missas indefinidamente por uma pessoa falecida sempre que um simplório pagar.
O confessionário cujo interrogatório "devassa os lares" serve para vários fins; em Portugal e na Espanha usavam-no para descobrirem e informarem às autoridades o pensamento político dos generais, confessando suas esposas! Nessas "confissões" conseguem legados e doações de beatos e viúvas chorosas que buscando "absolvição" podem ser aliciados entregando terras epropriedades. "A igreja, no Brasil, tem um vultoso patrimônio imobiliário". (Estado 25.02.80). S. Bernardo, doutor da igreja e canonizado, dizia: O clero se diz pastores, mas o que são é roubadores; não satisfeitos com a lã das ovelhas, bebem seu sangue! (Roma, a igreja e o Anti-Cristo, pg. 178).
Influência do Estado do Vaticano
A influência do Estado do Vaticano e dos papas vem diminuindo dentro e fora. O Geral dos Minoristas, João Del Parma, canonizado, registrou que "A cúria Romana está entregue a charlatanearia, ao embuste e ao engano sem dar atenção às almas que se perdem!" (Salimbene, Vita del Parma, pg. 169).
Vazios espiritualmente, o clero recorre ao artificialismo para conservar o povo ao seu redor. Tudo no Catolicismo é muito colorido. Se o papa celebrasse as cerimônias civicamente trajado como os pastores das igrejas cristãs, reduziriam em 70% os curiosos; por essa razão a indumentária deles é de espantar! Conforme o cerimonial, o papa apresenta-se com a Casula, aMitra, o Báculo, a Estola, a Meseta, a Batina, o Manto, o Palio, a Roqueta, a Faixa, o Solideo, a Coroa, a Tiara, o Escapulário, as Luvas de seda e os Sapatos de Pelica vermelha, tudo muito colorido e atraente! O Papa João Paulo II acrescentou mais uma peça na sua indumentária: "colete à prova de balas". Comprou dois deles na empresa americana Armoured Body (Jornal de Milão II Giorno).
"A maioria católica" mencionada pelo clero para humilhar as Igrejas Cristãs, encontra-se, na verdade, nos países subdesenvolvidos e mal alfabetizados. Essas nações devem cobrar do Catolicismo Romano que abraçaram a má situação em que se encontram. Por séculos a igreja não alfabetizou já de má fé, objetivando explorar massas humanas com crendices; impediram povos de examinarem a bíblia, fonte de progresso e liberdade. Quando o clero menciona "religiões minoritárias" esquece milhões de cristãos exterminados pelos papas, retardando sua multiplicação.
Vaticano em seus concílios altera a doutrina cristã
Dogmas criados pela igreja católica são tão indiscutíveis entre eles que até impedem padres a raciocinar e decidir entre o certo e o errado. Muitos baseados em lendas e suposições; outros, impregnados de crendices que rebaixam o nível do Cristianismo; quase todos com fins lucrativos, outros conferem ao clero certa autoridade e influência até que a sociedade fique esclarecida.
Algumas alterações estranhas às Sagradas Escrituras:
Ano 304 d.C.: Os Bispos começaram a ser chamados de Papas.
Ano 320 d.C.: Começaram a acender velas.
Ano 325 d.C.: Constantino celebra o primeiro concílio das igrejas.
Ano 375 d.C.: Adoração de "santos" (ídolos).
Ano 381 d.C.: A Igreja cristã recebe o nome de católica.
Ano 394 d.C.: Culto cristão é substituído pela missa.
Ano 416 d.C.: Começaram a batizar crianças recém-nascida.
Ano 431-432 d.C.: Instituído culto à virgem Maria, mãe de Jesus.
Ano 503 d.C.: Começa a existir o purgatório.
Em 593 d.C.: Foi introduzida sua doutrina.
Ano 606 d.C.: Supremacia papal.
Ano 709 d.C.: Costume de beijar o pé do papa.
Ano 787-788 d.C.: Adoração/culto às imagens de escultura.
Ano 830-840 d.C.: A Igreja começa a utilizar ramos e a tal "água benta".
Ano 933-993 d.C.: Instituída a canonização de "santos".
Ano 1074 d.C.: Instituição do Celibato.
Ano 1090 d.C.: Introduzido o terço.
Ano 1140 d.C.: Sete sacramentos.
Ano 1184 d.C.: Inquisição. Efetivada posteriormente.
Ano 1190 d.C.: Instituída a venda de indulgências.
Ano 1200 d.C.: A Ceia do Senhor e substituída pela hóstia.
Ano 1215 d.C.: Instituída a Transubstanciação.
Ano 1216 d.C.: Instituída a Confissão.
Ano 1316 d.C.: Introduzida a Ave Maria.
Ano 1415 d.C.: O cálice que era da Santa Ceia ficou só para o clero.
Ano 1439 d.C.: Decretado o purgatório.
Ano 1546 d.C.: Introduzidos livros apócrifos na bíblia
(Tobias, Judith, Sabedoria, Macabeus I/II, Eclesiástico e Baruque).
Ano 1854 d.C.: Anunciada conceição imaculada da virgem Maria.
Ano 1950 d.C.: Ascensão da virgem Maria.
A palavra "protestante" apareceu quando Clemente VII, em 1529, tentou impedir que o Evangelho fosse pregado em alguns Estados da Alemanha. Os cristãos não católicos fizeram um protesto contra essa pretensão do papa e receberam o nome de protestantes, aplicado, hoje a todos os evangélicos.
A Igreja depois do século IV
No ano 933, quando instituída a "canonização", essa distinção da igreja tem concedido inclusive por ato de bravura, como matar protestantes e maçons. Anchieta, por exemplo, em 9 de fevereiro de 1558, na Baia de Guanabara, ajudou os índios a enforcarem o holandês protestante Jacques Le Balleur e afogarem seus companheiros no mar.
A transubstanciação (hipotética transformação do pão e vinho no corpo e sangue de Cristo) foi proclamada pelo papa Inocêncio III, ano 1215. Os cristãos resistiram, mas foram derrotados em 1551 por um decreto papal.
Confronto Bíblia - Catolicismo Romano
Nos primeiros séculos a Igreja lutou contra os concílios dos papas, mantendo as doutrinas Cristãs originais. São Cipriano, bispo de Cartago (249-258), alertava: "não recebe opinião diferente das sagradas Escrituras, seja de quem for!". São Jerônimo (340-420) dizia o mesmo: "Se estiver escrito recebemo-lo, se não estiver escrito não receberemos, o que eles apresentam como tradição a Palavra de Deus o vergasta!" (Veja Adv. Creseon, pg. 40 e In. Agg. Proph. Cap. 1, n.2) .
1-ADORAÇÃO:
A Igreja depois do século IV
No ano 933, quando instituída a "canonização", essa distinção da igreja tem concedido inclusive por ato de bravura, como matar protestantes e maçons. Anchieta, por exemplo, em 9 de fevereiro de 1558, na Baia de Guanabara, ajudou os índios a enforcarem o holandês protestante Jacques Le Balleur e afogarem seus companheiros no mar.
A transubstanciação (hipotética transformação do pão e vinho no corpo e sangue de Cristo) foi proclamada pelo papa Inocêncio III, ano 1215. Os cristãos resistiram, mas foram derrotados em 1551 por um decreto papal.
Confronto Bíblia - Catolicismo Romano
Nos primeiros séculos a Igreja lutou contra os concílios dos papas, mantendo as doutrinas Cristãs originais. São Cipriano, bispo de Cartago (249-258), alertava: "não recebe opinião diferente das sagradas Escrituras, seja de quem for!". São Jerônimo (340-420) dizia o mesmo: "Se estiver escrito recebemo-lo, se não estiver escrito não receberemos, o que eles apresentam como tradição a Palavra de Deus o vergasta!" (Veja Adv. Creseon, pg. 40 e In. Agg. Proph. Cap. 1, n.2) .
1-ADORAÇÃO:
Bíblia: "só a Deus adoraras e só a Ele serviras" ... "em espírito e em verdade"...
Catolicismo Romano:as imagens têm prioridade por serem os "esteios" da igreja. No rosário há 166 contas, sendo 150 para as "Ave Maria" e apenas 16 para os "Padre Nosso".
2-MEDIAÇÃO:
Catolicismo Romano:as imagens têm prioridade por serem os "esteios" da igreja. No rosário há 166 contas, sendo 150 para as "Ave Maria" e apenas 16 para os "Padre Nosso".
2-MEDIAÇÃO:
Bíblia: "só ha um Deus e um mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo" e Pedro confirmou: "debaixo do céu não há outro nome pelo qual devamos ser salvos"... (I Tm 2.5 e At 4.12).
Catolicismo Romano: Maria, mãe de Jesus e tido como "Medianeira" e até bispos e padres se fazem de mediadores e perdoadores de pecados, como se fosse possível substituir Cristo. Agem como impostores.
3-ETERNIDADE E SALVAÇÃO
Catolicismo Romano: Maria, mãe de Jesus e tido como "Medianeira" e até bispos e padres se fazem de mediadores e perdoadores de pecados, como se fosse possível substituir Cristo. Agem como impostores.
3-ETERNIDADE E SALVAÇÃO
Bíblia: "Quem crer e for batizado salvo". "Crê no Senhor Jesus Cristo e será salvo tu e tua casa"...outros... (Mc 16, 15-16 e Atos 16, 31)
Catolicismo Romano: Apesar daquelas palavras de Jesus, Dom Helder Câmara, entrevistado pela revista Veja n. 867, disse que "não tinha certeza de sua própria salvação". Se um bispo está nessa situação espiritual, que dizer de um católico comum? Bispos e Padres, quando faleceu Tancredo Neves, proclamaram que "Os anjos levaram a alma de Tancredo Neves para os braços de Deus". Uma semana depois a igreja deu marcha-ré ordenando missas a favor da alma de Tancredo nas "chamas do purgatório"!
Catolicismo Romano: Apesar daquelas palavras de Jesus, Dom Helder Câmara, entrevistado pela revista Veja n. 867, disse que "não tinha certeza de sua própria salvação". Se um bispo está nessa situação espiritual, que dizer de um católico comum? Bispos e Padres, quando faleceu Tancredo Neves, proclamaram que "Os anjos levaram a alma de Tancredo Neves para os braços de Deus". Uma semana depois a igreja deu marcha-ré ordenando missas a favor da alma de Tancredo nas "chamas do purgatório"!
4-PURGATÓRIO E LIMBO:
São lugares intermediários para onde vão as almas.
Esses lugares não existem, mas rendem lucros para a igreja católica; ela não abre mão! Nesse aspecto a igreja foi "hábil" dizendo que no purgatório "os mortos se comunicam com os vivos através das missas". O Limbo, dizem, abriga as almas das crianças que morrem sem batismo, todavia podem receber almas especiais que não vão aquele tormento! Nos Evangelhos não constam nada dessas crendices.
Os que se aprofundam no estudo das Escrituras descobrem que o catolicismo Romano é descrito na bíblia, de maneira figurada como "Uma mulher embriagada com o sangue dos santos e das testemunhas de Jesus", devido às perseguições e a Inquisição cometidas contra os cristãos não católicos. Ap 18.
A ESTRAPADA
A Estrapada foi um instrumento de suplicio que a igreja católica usou nos tempos da Inquisição (500 anos) e tirou a vida de milhares de pessoas inocentes. Cardeais e bispos presenciavam o espetáculo; a ocasião era importante, iam queimar 6 cristãos Luteranos; os mais corajosos tiveram suas línguas cortadas para não sensibilizarem os carrascos com suas orações ou citações bíblicas.
João Huss, Reitor da Universidade de Praga, Bohemia, pregou contra o culto às imagens e mostrou que na bíblia não havia purgatório; por isso foi queimado vivo em praça pública. Por denunciar suas imoralidades (pai de muitos filhos ilegítimos), o papa Alexandre VI (1492-1503), considerado o mais devasso de todos (amante da própria filha, Lucrecia Borgia) mandou enforcar o grande orador cristão, Jerônimo Savonarola.
John Wicliff, queimado e muitos outros. A Reforma veio em 1517 ao "tocar" da trombeta do Monge Martinho Luthero. vários países se ergueram como gigantes! Luthero relacionou a bíblia com Catolicismo e ficou perplexo; disse ao Papa: "Raciocinemos sobre isto!" e o Papa respondeu: "Submete-te ou morrerás queimado!"
BIBLIOGRAFIA
Esses lugares não existem, mas rendem lucros para a igreja católica; ela não abre mão! Nesse aspecto a igreja foi "hábil" dizendo que no purgatório "os mortos se comunicam com os vivos através das missas". O Limbo, dizem, abriga as almas das crianças que morrem sem batismo, todavia podem receber almas especiais que não vão aquele tormento! Nos Evangelhos não constam nada dessas crendices.
Os que se aprofundam no estudo das Escrituras descobrem que o catolicismo Romano é descrito na bíblia, de maneira figurada como "Uma mulher embriagada com o sangue dos santos e das testemunhas de Jesus", devido às perseguições e a Inquisição cometidas contra os cristãos não católicos. Ap 18.
A ESTRAPADA
A Estrapada foi um instrumento de suplicio que a igreja católica usou nos tempos da Inquisição (500 anos) e tirou a vida de milhares de pessoas inocentes. Cardeais e bispos presenciavam o espetáculo; a ocasião era importante, iam queimar 6 cristãos Luteranos; os mais corajosos tiveram suas línguas cortadas para não sensibilizarem os carrascos com suas orações ou citações bíblicas.
João Huss, Reitor da Universidade de Praga, Bohemia, pregou contra o culto às imagens e mostrou que na bíblia não havia purgatório; por isso foi queimado vivo em praça pública. Por denunciar suas imoralidades (pai de muitos filhos ilegítimos), o papa Alexandre VI (1492-1503), considerado o mais devasso de todos (amante da própria filha, Lucrecia Borgia) mandou enforcar o grande orador cristão, Jerônimo Savonarola.
John Wicliff, queimado e muitos outros. A Reforma veio em 1517 ao "tocar" da trombeta do Monge Martinho Luthero. vários países se ergueram como gigantes! Luthero relacionou a bíblia com Catolicismo e ficou perplexo; disse ao Papa: "Raciocinemos sobre isto!" e o Papa respondeu: "Submete-te ou morrerás queimado!"
BIBLIOGRAFIA
1) O ESTADO DO VATICANO (Documentário) 11º edição ilustrada- Pr. Lauro de Barros Campos
2) ABECARENSE Nº 38, julho/98, Moji das Cruzes, S.P. Ano XI
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Novo Testamento: Evangelho Segundo Mateus
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Capítulo 1
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1 Livro da geração de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão. 2 Abraão gerou a Isaque; e Isaque gerou a Jacó; e Jacó gerou a Judá e a seus irmãos; 3 E Judá gerou, de Tamar, a Perez e a Zerá; e Perez gerou a Esrom; e Esrom gerou a Arão; 4 E Arão gerou a Aminadabe; e Aminadabe gerou a Naassom; e Naassom gerou a Salmom; 5 E Salmom gerou, de Raabe, a Boaz; e Boaz gerou de Rute a Obede; e Obede gerou a Jessé; 6 E Jessé gerou ao rei Davi; e o rei Davi gerou a Salomão da que foi mulher de Urias. 7 E Salomão gerou a Roboão; e Roboão gerou a Abias; e Abias gerou a Asa; 8 E Asa gerou a Josafá; e Josafá gerou a Jorão; e Jorão gerou a Uzias; 9 E Uzias gerou a Jotão; e Jotão gerou a Acaz; e Acaz gerou a Ezequias; 10 E Ezequias gerou a Manassés; e Manassés gerou a Amom; e Amom gerou a Josias; 11 E Josias gerou a Jeconias e a seus irmãos na deportação para Babilónia. 12 E, depois da deportação para a Babilónia, Jeconias gerou a Salatiel; e Salatiel gerou a Zorobabel; 13 E Zorobabel gerou a Abiúde; e Abiúde gerou a Eliaquim; e Eliaquim gerou a Azor; 14 E Azor gerou a Sadoque; e Sadoque gerou a Aquim; e Aquim gerou a Eliúde; 15 E Eliúde gerou a Eleázar; e Eleázar gerou a Matã; e Matã gerou a Jacó; 16 E Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu JESUS, que se chama o Cristo. 17 De sorte que todas as gerações, desde Abraão até Davi, são catorze gerações; e desde Davi até a deportação para a Babilónia, catorze gerações; e desde a deportação para a Babilónia até Cristo, catorze gerações. 18 Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo. 19 Então José, seu marido, como era justo, e a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente. 20 E, projetando ele isto, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo; 21 E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. 22 Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta, que diz; 23 Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chamá-lo-ão pelo nome de EMANUEL, Que traduzido é: Deus conosco. 24 E José, despertando do sono, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu a sua mulher; 25 E não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito; e pôs-lhe por nome JESUS.
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Capítulo 2
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1 E, tendo nascido Jesus em Belém de Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do oriente a Jerusalém, 2 Dizendo: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? porque vimos a sua estrela no oriente, e viemos a adorá-lo. 3 E o rei Herodes, ouvindo isto, perturbou-se, e toda Jerusalém com ele. 4 E, congregados todos os príncipes dos sacerdotes, e os escribas do povo, perguntou-lhes onde havia de nascer o Cristo. 5 E eles lhe disseram: Em Belém de Judéia; porque assim está escrito pelo profeta: 6 E tu, Belém, terra de Judá, De modo nenhum és a menor entre as capitais de Judá; Porque de ti sairá o Guia Que há de apascentar o meu povo de Israel. 7 Então Herodes, chamando secretamente os magos, inquiriu exatamente deles acerca do tempo em que a estrela lhes aparecera. 8 E, enviando-os a Belém, disse: Ide, e perguntai diligentemente pelo menino e, quando o achardes, participai-mo, para que também eu vá e o adore. 9 E, tendo eles ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela, que tinham visto no oriente, ia adiante deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino. 10 E, vendo eles a estrela, regozijaram-se muito com grande alegria. 11 E, entrando na casa, acharam o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro, incenso e mirra. 12 E, sendo por divina revelação avisados em sonhos para que não voltassem para junto de Herodes, partiram para a sua terra por outro caminho. 13 E, tendo eles se retirado, eis que o anjo do Senhor apareceu a José em sonhos, dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e foge para o Egito, e demora-te lá até que eu te diga; porque Herodes há de procurar o menino para o matar. 14 E, levantando-se ele, tomou o menino e sua mãe, de noite, e foi para o Egito. 15 E esteve lá, até à morte de Herodes, para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta, que diz: Do Egito chamei o meu Filho. 16 Então Herodes, vendo que tinha sido iludido pelos magos, irritou-se muito, e mandou matar todos os meninos que havia em Belém, e em todos os seus contornos, de dois anos para baixo, segundo o tempo que diligentemente inquirira dos magos. 17 Então se cumpriu o que foi dito pelo profeta Jeremias, que diz: 18 Em Ramá se ouviu uma voz, Lamentação, choro e grande pranto: Raquel chorando os seus filhos, E não querendo ser consolada, porque já não existem. 19 Morto, porém, Herodes, eis que o anjo do SENHOR apareceu num sonho a José no Egito, 20 Dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e vai para a terra de Israel; porque já estão mortos os que procuravam a morte do menino. 21 Então ele se levantou, e tomou o menino e sua mãe, e foi para a terra de Israel. 22 E, ouvindo que Arquelau reinava na Judéia em lugar de Herodes, seu pai, receou ir para lá; mas avisado em sonhos, por divina revelação, foi para as partes da Galiléia. 23 E chegou, e habitou numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que fora dito pelos profetas: Ele será chamado Nazareno.
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1 E, tendo nascido Jesus em Belém de Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do oriente a Jerusalém, 2 Dizendo: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? porque vimos a sua estrela no oriente, e viemos a adorá-lo. 3 E o rei Herodes, ouvindo isto, perturbou-se, e toda Jerusalém com ele. 4 E, congregados todos os príncipes dos sacerdotes, e os escribas do povo, perguntou-lhes onde havia de nascer o Cristo. 5 E eles lhe disseram: Em Belém de Judéia; porque assim está escrito pelo profeta: 6 E tu, Belém, terra de Judá, De modo nenhum és a menor entre as capitais de Judá; Porque de ti sairá o Guia Que há de apascentar o meu povo de Israel. 7 Então Herodes, chamando secretamente os magos, inquiriu exatamente deles acerca do tempo em que a estrela lhes aparecera. 8 E, enviando-os a Belém, disse: Ide, e perguntai diligentemente pelo menino e, quando o achardes, participai-mo, para que também eu vá e o adore. 9 E, tendo eles ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela, que tinham visto no oriente, ia adiante deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino. 10 E, vendo eles a estrela, regozijaram-se muito com grande alegria. 11 E, entrando na casa, acharam o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro, incenso e mirra. 12 E, sendo por divina revelação avisados em sonhos para que não voltassem para junto de Herodes, partiram para a sua terra por outro caminho. 13 E, tendo eles se retirado, eis que o anjo do Senhor apareceu a José em sonhos, dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e foge para o Egito, e demora-te lá até que eu te diga; porque Herodes há de procurar o menino para o matar. 14 E, levantando-se ele, tomou o menino e sua mãe, de noite, e foi para o Egito. 15 E esteve lá, até à morte de Herodes, para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta, que diz: Do Egito chamei o meu Filho. 16 Então Herodes, vendo que tinha sido iludido pelos magos, irritou-se muito, e mandou matar todos os meninos que havia em Belém, e em todos os seus contornos, de dois anos para baixo, segundo o tempo que diligentemente inquirira dos magos. 17 Então se cumpriu o que foi dito pelo profeta Jeremias, que diz: 18 Em Ramá se ouviu uma voz, Lamentação, choro e grande pranto: Raquel chorando os seus filhos, E não querendo ser consolada, porque já não existem. 19 Morto, porém, Herodes, eis que o anjo do SENHOR apareceu num sonho a José no Egito, 20 Dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e vai para a terra de Israel; porque já estão mortos os que procuravam a morte do menino. 21 Então ele se levantou, e tomou o menino e sua mãe, e foi para a terra de Israel. 22 E, ouvindo que Arquelau reinava na Judéia em lugar de Herodes, seu pai, receou ir para lá; mas avisado em sonhos, por divina revelação, foi para as partes da Galiléia. 23 E chegou, e habitou numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que fora dito pelos profetas: Ele será chamado Nazareno.
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Capítulo 3
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1 E, naqueles dias, apareceu João o Batista pregando no deserto da Judéia, 2 E dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus. 3 Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que disse: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, Endireitai as suas veredas. 4 E este João tinha as suas vestes de pelos de camelo, e um cinto de couro em torno de seus lombos; e alimentava-se de gafanhotos e de mel silvestre. 5 Então ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judéia, e toda a província adjacente ao Jordão; 6 E eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados. 7 E, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus, que vinham ao seu batismo, dizia-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura? 8 Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento; 9 E não presumais, de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão. 10 E também agora está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo. 11 E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; cujas alparcas não sou digno de levar; ele vos batizará com o Espírito Santo, e com fogo. 12 Em sua mão tem a pá, e limpará a sua eira, e recolherá no celeiro o seu trigo, e queimará a palha com fogo que nunca se apagará. 13 Então veio Jesus da Galiléia ter com João, junto do Jordão, para ser batizado por ele. 14 Mas João opunha-se-lhe, dizendo: Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim? 15 Jesus, porém, respondendo, disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então ele o permitiu. 16 E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele. 17 E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.
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Capítulo 4
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Capítulo 4
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1 Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. 2 E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome; 3 E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães. 4 Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus. 5 Então o diabo o transportou à cidade santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo, 6 E disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo; porque está escrito: Que aos seus anjos dará ordens a teu respeito, E tomar-te-ão nas mãos, Para que nunca tropeces em alguma pedra. 7 Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus. 8 Novamente o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles. 9 E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. 10 Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás. 11 Então o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos, e o serviam. 12 Jesus, porém, ouvindo que João estava preso, voltou para a Galiléia; 13 E, deixando Nazaré, foi habitar em Cafarnaum, cidade marítima, nos confins de Zebulom e Naftali; 14 Para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías, que diz: 15 A terra de Zebulom, e a terra de Naftali, Junto ao caminho do mar, além do Jordão, A Galiléia das nações; 16 O povo, que estava assentado em trevas, Viu uma grande luz; E, aos que estavam assentados na região e sombra da morte, A luz raiou. 17 Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus. 18 E Jesus, andando junto ao mar da Galiléia, viu a dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores; 19 E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. 20 Então eles, deixando logo as redes, seguiram-no. 21 E, adiantando-se dali, viu outros dois irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, num barco com seu pai, Zebedeu, consertando as redes; 22 E chamou-os; eles, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram-no. 23 E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas suas sinagogas e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo. 24 E a sua fama correu por toda a Síria, e traziam-lhe todos os que padeciam, acometidos de várias enfermidades e tormentos, os endemoninhados, os lunáticos, e os paralíticos, e ele os curava. 25 E seguia-o uma grande multidão da Galiléia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia, e de além do Jordão.
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Capítulo 5
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Capítulo 5
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1 E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos; 2 E, abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo: 3 Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus; 4 Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados; 5 Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; 6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; 7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; 8 Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; 9 Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; 10 Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; 11 Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. 12 Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós. 13 Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. 14 Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; 15 Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. 16 Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus. 17 Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir. 18 Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido. 19 Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus. 20 Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus. 21 Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. 22 Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno. 23 Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24 Deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta. 25 Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão. 26 Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil. 27 Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. 28 Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela. 29 Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno. 30 E, se a tua mão direita te escandalizar, corta-a e atira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca do que seja todo o teu corpo lançado no inferno. 31 Também foi dito: Qualquer que deixar sua mulher, dê-lhe carta de desquite. 32 Eu, porém, vos digo que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de prostituição, faz que ela cometa adultério, e qualquer que casar com a repudiada comete adultério. 33 Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos: Não perjurarás, mas cumprirás os teus juramentos ao Senhor. 34 Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus; 35 Nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei; 36 Nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto. 37 Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna. 38 Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. 39 Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; 40 E, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; 41 E, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas. 42 Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes. 43 Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. 44 Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; 45 Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. 46 Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? 47 E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim? 48 Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.
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1 E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos; 2 E, abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo: 3 Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus; 4 Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados; 5 Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; 6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; 7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; 8 Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; 9 Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; 10 Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; 11 Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. 12 Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós. 13 Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. 14 Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; 15 Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. 16 Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus. 17 Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir. 18 Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido. 19 Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus. 20 Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus. 21 Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. 22 Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno. 23 Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24 Deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta. 25 Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão. 26 Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil. 27 Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. 28 Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela. 29 Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno. 30 E, se a tua mão direita te escandalizar, corta-a e atira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca do que seja todo o teu corpo lançado no inferno. 31 Também foi dito: Qualquer que deixar sua mulher, dê-lhe carta de desquite. 32 Eu, porém, vos digo que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de prostituição, faz que ela cometa adultério, e qualquer que casar com a repudiada comete adultério. 33 Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos: Não perjurarás, mas cumprirás os teus juramentos ao Senhor. 34 Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus; 35 Nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei; 36 Nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto. 37 Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna. 38 Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. 39 Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; 40 E, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; 41 E, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas. 42 Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes. 43 Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. 44 Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; 45 Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. 46 Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? 47 E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim? 48 Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.
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Capítulo 6
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1 Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus. 2 Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. 3 Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita; 4 Para que a tua esmola seja dada em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, ele mesmo te recompensará publicamente. 5 E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. 6 Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente. 7 E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos 8 Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes. 9 Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; 10 Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; 11 O pão nosso de cada dia nos dá hoje; 12 E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores; 13 E não nos induzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém. 14 Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; 15 Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas. 16 E, quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram os seus rostos, para que aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. 17 Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto, 18 Para não pareceres aos homens que jejuas, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente. 19 Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; 20 Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. 21 Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. 22 A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz; 23 Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas! 24 Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom. 25 Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? 26 Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? 27 E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um cóvado à sua estatura? 28 E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam; 29 E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. 30 Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé? 31 Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? 32 (Porque todas estas coisas os gentios procuram). De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; 33 Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. 34 Não vos inquieteis, pois, pelo dia amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.
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Capítulo 7
1 Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus. 2 Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. 3 Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita; 4 Para que a tua esmola seja dada em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, ele mesmo te recompensará publicamente. 5 E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. 6 Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente. 7 E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos 8 Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes. 9 Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; 10 Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; 11 O pão nosso de cada dia nos dá hoje; 12 E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores; 13 E não nos induzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém. 14 Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; 15 Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas. 16 E, quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram os seus rostos, para que aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. 17 Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto, 18 Para não pareceres aos homens que jejuas, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente. 19 Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; 20 Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. 21 Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. 22 A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz; 23 Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas! 24 Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom. 25 Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? 26 Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas? 27 E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um cóvado à sua estatura? 28 E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam; 29 E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. 30 Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé? 31 Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos? 32 (Porque todas estas coisas os gentios procuram). De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; 33 Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. 34 Não vos inquieteis, pois, pelo dia amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.
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Capítulo 7
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1 Não julgueis, para que não sejais julgados. 2 Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. 3 E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? 4 Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? 5 Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão. 6 Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas, não aconteça que as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem. 7 Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. 8 Porque, aquele que pede, recebe; e, o que busca, encontra; e, ao que bate, abrir-se-lhe-á. 9 E qual de entre vós é o homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra? 10 E, pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente? 11 Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem? 12 Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas. 13 Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; 14 E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem. 15 Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores. 16 Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? 17 Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. 18 Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons. 19 Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. 20 Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. 21 Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. 22 Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demónios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? 23 E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade. 24 Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha; 25 E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. 26 E aquele que ouve estas minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia; 27 E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda. 28 E aconteceu que, concluindo Jesus este discurso, a multidão se admirou da sua doutrina; 29 Porquanto os ensinava como tendo autoridade; e não como os escribas.
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Capítulo 8
1 Não julgueis, para que não sejais julgados. 2 Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. 3 E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? 4 Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? 5 Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão. 6 Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas, não aconteça que as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem. 7 Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. 8 Porque, aquele que pede, recebe; e, o que busca, encontra; e, ao que bate, abrir-se-lhe-á. 9 E qual de entre vós é o homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra? 10 E, pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente? 11 Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem? 12 Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas. 13 Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; 14 E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem. 15 Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores. 16 Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? 17 Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. 18 Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons. 19 Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. 20 Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. 21 Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. 22 Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demónios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? 23 E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade. 24 Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha; 25 E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. 26 E aquele que ouve estas minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia; 27 E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda. 28 E aconteceu que, concluindo Jesus este discurso, a multidão se admirou da sua doutrina; 29 Porquanto os ensinava como tendo autoridade; e não como os escribas.
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Capítulo 8
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1 E, descendo ele do monte, seguiu-o uma grande multidão. 2 E, eis que veio um leproso, e o adorou, dizendo: Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo. 3 E Jesus, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Quero; sê limpo. E logo ficou purificado da lepra. 4 Disse-lhe então Jesus: Olha, não o digas a alguém, mas vai, mostra-te ao sacerdote, e apresenta a oferta que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho. 5 E, entrando Jesus em Cafarnaum, chegou junto dele um centurião, rogando-lhe, 6 E dizendo: Senhor, o meu criado jaz em casa, paralítico, e violentamente atormentado. 7 E Jesus lhe disse: Eu irei, e lhe darei saúde. 8 E o centurião, respondendo, disse: Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu telhado, mas dize somente uma palavra, e o meu criado há de sarar. 9 Pois também eu sou homem sob autoridade, e tenho soldados às minhas ordens; e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu criado: Faze isto, e ele o faz. 10 E maravilhou-se Jesus, ouvindo isto, e disse aos que o seguiam: Em verdade vos digo que nem mesmo em Israel encontrei tanta fé. 11 Mas eu vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó, no reino dos céus; 12 E os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes. 13 Então disse Jesus ao centurião: Vai, e como creste te seja feito. E naquela mesma hora o seu criado sarou. 14 E Jesus, entrando em casa de Pedro, viu a sogra deste acamada, e com febre. 15 E tocou-lhe na mão, e a febre a deixou; e levantou-se, e serviu-os. 16 E, chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos ndemoninhados, e ele com a sua palavra expulsou deles os espíritos, e curou todos os que estavam enfermos; 17 Para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz: Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e levou as nossas doenças. 18 E Jesus, vendo em torno de si uma grande multidão, ordenou que passassem para o outro lado; 19 E, aproximando-se dele um escriba, disse-lhe: Mestre, aonde quer que fores, eu te seguirei. 20 E disse Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça. 21 E outro de seus discípulos lhe disse: Senhor, permite-me que primeiramente vá sepultar meu pai. 22 Jesus, porém, disse-lhe: Segue-me, e deixa os mortos sepultar os seus mortos. 23 E, entrando ele no barco, seus discípulos o seguiram; 24 E eis que no mar se levantou uma tempestade, tão grande que o barco era coberto pelas ondas; ele, porém, estava dormindo. 25 E os seus discípulos, aproximando-se, o despertaram, dizendo: Senhor, salva-nos! que perecemos. 26 E ele disse-lhes: Por que temeis, homens de pouca fé? Então, levantando-se, repreendeu os ventos e o mar, e seguiu-se uma grande bonança. 27 E aqueles homens se maravilharam, dizendo: Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem? 28 E, tendo chegado ao outro lado, à província dos gadarenos, saíram-lhe ao encontro dois endemoninhados, vindos dos sepulcros; tão ferozes eram que ninguém podia passar por aquele caminho. 29 E eis que clamaram, dizendo: Que temos nós contigo, Jesus, Filho de Deus? Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo? 30 E andava pastando distante deles uma manada de muitos porcos. 31 E os demónios rogaram-lhe, dizendo: Se nos expulsas, permite-nos que entremos naquela manada de porcos. 32 E ele lhes disse: Ide. E, saindo eles, se introduziram na manada dos porcos; e eis que toda aquela manada de porcos se precipitou no mar por um despenhadeiro, e morreram nas águas. 33 Os porqueiros fugiram e, chegando à cidade, divulgaram tudo o que acontecera aos endemoninhados. 34 E eis que toda aquela cidade saiu ao encontro de Jesus e, vendo-o, rogaram-lhe que se retirasse dos seus termos.
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Capítulo 9
1 E, descendo ele do monte, seguiu-o uma grande multidão. 2 E, eis que veio um leproso, e o adorou, dizendo: Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo. 3 E Jesus, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Quero; sê limpo. E logo ficou purificado da lepra. 4 Disse-lhe então Jesus: Olha, não o digas a alguém, mas vai, mostra-te ao sacerdote, e apresenta a oferta que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho. 5 E, entrando Jesus em Cafarnaum, chegou junto dele um centurião, rogando-lhe, 6 E dizendo: Senhor, o meu criado jaz em casa, paralítico, e violentamente atormentado. 7 E Jesus lhe disse: Eu irei, e lhe darei saúde. 8 E o centurião, respondendo, disse: Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu telhado, mas dize somente uma palavra, e o meu criado há de sarar. 9 Pois também eu sou homem sob autoridade, e tenho soldados às minhas ordens; e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu criado: Faze isto, e ele o faz. 10 E maravilhou-se Jesus, ouvindo isto, e disse aos que o seguiam: Em verdade vos digo que nem mesmo em Israel encontrei tanta fé. 11 Mas eu vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó, no reino dos céus; 12 E os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes. 13 Então disse Jesus ao centurião: Vai, e como creste te seja feito. E naquela mesma hora o seu criado sarou. 14 E Jesus, entrando em casa de Pedro, viu a sogra deste acamada, e com febre. 15 E tocou-lhe na mão, e a febre a deixou; e levantou-se, e serviu-os. 16 E, chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos ndemoninhados, e ele com a sua palavra expulsou deles os espíritos, e curou todos os que estavam enfermos; 17 Para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz: Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e levou as nossas doenças. 18 E Jesus, vendo em torno de si uma grande multidão, ordenou que passassem para o outro lado; 19 E, aproximando-se dele um escriba, disse-lhe: Mestre, aonde quer que fores, eu te seguirei. 20 E disse Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça. 21 E outro de seus discípulos lhe disse: Senhor, permite-me que primeiramente vá sepultar meu pai. 22 Jesus, porém, disse-lhe: Segue-me, e deixa os mortos sepultar os seus mortos. 23 E, entrando ele no barco, seus discípulos o seguiram; 24 E eis que no mar se levantou uma tempestade, tão grande que o barco era coberto pelas ondas; ele, porém, estava dormindo. 25 E os seus discípulos, aproximando-se, o despertaram, dizendo: Senhor, salva-nos! que perecemos. 26 E ele disse-lhes: Por que temeis, homens de pouca fé? Então, levantando-se, repreendeu os ventos e o mar, e seguiu-se uma grande bonança. 27 E aqueles homens se maravilharam, dizendo: Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem? 28 E, tendo chegado ao outro lado, à província dos gadarenos, saíram-lhe ao encontro dois endemoninhados, vindos dos sepulcros; tão ferozes eram que ninguém podia passar por aquele caminho. 29 E eis que clamaram, dizendo: Que temos nós contigo, Jesus, Filho de Deus? Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo? 30 E andava pastando distante deles uma manada de muitos porcos. 31 E os demónios rogaram-lhe, dizendo: Se nos expulsas, permite-nos que entremos naquela manada de porcos. 32 E ele lhes disse: Ide. E, saindo eles, se introduziram na manada dos porcos; e eis que toda aquela manada de porcos se precipitou no mar por um despenhadeiro, e morreram nas águas. 33 Os porqueiros fugiram e, chegando à cidade, divulgaram tudo o que acontecera aos endemoninhados. 34 E eis que toda aquela cidade saiu ao encontro de Jesus e, vendo-o, rogaram-lhe que se retirasse dos seus termos.
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Capítulo 9
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1 E, entrando no barco, passou para o outro lado, e chegou à sua cidade. E eis que lhe trouxeram um paralítico, deitado numa cama. 2 E Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico: Filho, tem bom ánimo, perdoados te são os teus pecados. 3 E eis que alguns dos escribas diziam entre si: Ele blasfema. 4 Mas Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse: Por que pensais mal em vossos corações? 5 Pois, qual é mais fácil? dizer: Perdoados te são os teus pecados; ou dizer: Levanta-te e anda? 6 Ora, para que saibais que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados (disse então ao paralítico): Levanta-te, toma a tua cama, e vai para tua casa. 7 E, levantando-se, foi para sua casa. 8 E a multidão, vendo isto, maravilhou-se, e glorificou a Deus, que dera tal poder aos homens. 9 E Jesus, passando adiante dali, viu assentado na recebedoria um homem, chamado Mateus, e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu. 10 E aconteceu que, estando ele em casa sentado à mesa, chegaram muitos publicanos e pecadores, e sentaram-se juntamente com Jesus e seus discípulos. 11 E os fariseus, vendo isto, disseram aos seus discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores? 12 Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas, sim, os doentes. 13 Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento. 14 Então, chegaram ao pé dele os discípulos de João, dizendo: Por que jejuamos nós e os fariseus muitas vezes, e os teus discípulos não jejuam? 15 E disse-lhes Jesus: Podem porventura andar tristes os filhos das bodas, enquanto o esposo está com eles? Dias, porém, virão, em que lhes será tirado o esposo, e então jejuarão. 16 Ninguém deita remendo de pano novo em roupa velha, porque semelhante remendo rompe a roupa, e faz-se maior a rotura. 17 Nem se deita vinho novo em odres velhos; aliás rompem-se os odres, e entorna-se o vinho, e os odres estragam-se; mas deita-se vinho novo em odres novos, e assim ambos se conservam. 18 Dizendo-lhes ele estas coisas, eis que chegou um chefe, e o adorou, dizendo: Minha filha faleceu agora mesmo; mas vem, impõe-lhe a tua mão, e ela viverá. 19 E Jesus, levantando-se, seguiu-o, ele e os seus discípulos. 20 E eis que uma mulher que havia já doze anos padecia de um fluxo de sangue, chegando por detrás dele, tocou a orla de sua roupa; 21 Porque dizia consigo: Se eu tão-somente tocar a sua roupa, ficarei sã. 22 E Jesus, voltando-se, e vendo-a, disse: Tem ánimo, filha, a tua fé te salvou. E imediatamente a mulher ficou sã. 23 E Jesus, chegando à casa daquele chefe, e vendo os instrumentistas, e o povo em alvoroço, 24 Disse-lhes: Retirai-vos, que a menina não está morta, mas dorme. E riam-se dele. 25 E, logo que o povo foi posto fora, entrou Jesus, e pegou-lhe na mão, e a menina levantou-se. 26 E espalhou-se aquela notícia por todo aquele país. 27 E, partindo Jesus dali, seguiram-no dois cegos, clamando, e dizendo: Tem compaixão de nós, filho de Davi. 28 E, quando chegou à casa, os cegos se aproximaram dele; e Jesus disse-lhes: Credes vós que eu possa fazer isto? Disseram-lhe eles: Sim, Senhor. 29 Tocou então os olhos deles, dizendo: Seja-vos feito segundo a vossa fé. 30 E os olhos se lhes abriram. E Jesus ameaçou-os, dizendo: Olhai que ninguém o saiba. 31 Mas, tendo eles saído, divulgaram a sua fama por toda aquela terra. 32 E, havendo-se eles retirado, trouxeram-lhe um homem mudo e endemoninhado. 33 E, expulso o demónio, falou o mudo; e a multidão se maravilhou, dizendo: Nunca tal se viu em Israel. 34 Mas os fariseus diziam: Ele expulsa os demónios pelo príncipe dos demónios. 35 E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles, e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo. 36 E, vendo as multidões, teve grande compaixão delas, porque andavam cansadas e desgarradas, como ovelhas que não têm pastor. 37 Então, disse aos seus discípulos: A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros. 38 Rogai, pois, ao Senhor da seara, que mande ceifeiros para a sua seara.
1 E, entrando no barco, passou para o outro lado, e chegou à sua cidade. E eis que lhe trouxeram um paralítico, deitado numa cama. 2 E Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico: Filho, tem bom ánimo, perdoados te são os teus pecados. 3 E eis que alguns dos escribas diziam entre si: Ele blasfema. 4 Mas Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse: Por que pensais mal em vossos corações? 5 Pois, qual é mais fácil? dizer: Perdoados te são os teus pecados; ou dizer: Levanta-te e anda? 6 Ora, para que saibais que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados (disse então ao paralítico): Levanta-te, toma a tua cama, e vai para tua casa. 7 E, levantando-se, foi para sua casa. 8 E a multidão, vendo isto, maravilhou-se, e glorificou a Deus, que dera tal poder aos homens. 9 E Jesus, passando adiante dali, viu assentado na recebedoria um homem, chamado Mateus, e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu. 10 E aconteceu que, estando ele em casa sentado à mesa, chegaram muitos publicanos e pecadores, e sentaram-se juntamente com Jesus e seus discípulos. 11 E os fariseus, vendo isto, disseram aos seus discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores? 12 Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas, sim, os doentes. 13 Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento. 14 Então, chegaram ao pé dele os discípulos de João, dizendo: Por que jejuamos nós e os fariseus muitas vezes, e os teus discípulos não jejuam? 15 E disse-lhes Jesus: Podem porventura andar tristes os filhos das bodas, enquanto o esposo está com eles? Dias, porém, virão, em que lhes será tirado o esposo, e então jejuarão. 16 Ninguém deita remendo de pano novo em roupa velha, porque semelhante remendo rompe a roupa, e faz-se maior a rotura. 17 Nem se deita vinho novo em odres velhos; aliás rompem-se os odres, e entorna-se o vinho, e os odres estragam-se; mas deita-se vinho novo em odres novos, e assim ambos se conservam. 18 Dizendo-lhes ele estas coisas, eis que chegou um chefe, e o adorou, dizendo: Minha filha faleceu agora mesmo; mas vem, impõe-lhe a tua mão, e ela viverá. 19 E Jesus, levantando-se, seguiu-o, ele e os seus discípulos. 20 E eis que uma mulher que havia já doze anos padecia de um fluxo de sangue, chegando por detrás dele, tocou a orla de sua roupa; 21 Porque dizia consigo: Se eu tão-somente tocar a sua roupa, ficarei sã. 22 E Jesus, voltando-se, e vendo-a, disse: Tem ánimo, filha, a tua fé te salvou. E imediatamente a mulher ficou sã. 23 E Jesus, chegando à casa daquele chefe, e vendo os instrumentistas, e o povo em alvoroço, 24 Disse-lhes: Retirai-vos, que a menina não está morta, mas dorme. E riam-se dele. 25 E, logo que o povo foi posto fora, entrou Jesus, e pegou-lhe na mão, e a menina levantou-se. 26 E espalhou-se aquela notícia por todo aquele país. 27 E, partindo Jesus dali, seguiram-no dois cegos, clamando, e dizendo: Tem compaixão de nós, filho de Davi. 28 E, quando chegou à casa, os cegos se aproximaram dele; e Jesus disse-lhes: Credes vós que eu possa fazer isto? Disseram-lhe eles: Sim, Senhor. 29 Tocou então os olhos deles, dizendo: Seja-vos feito segundo a vossa fé. 30 E os olhos se lhes abriram. E Jesus ameaçou-os, dizendo: Olhai que ninguém o saiba. 31 Mas, tendo eles saído, divulgaram a sua fama por toda aquela terra. 32 E, havendo-se eles retirado, trouxeram-lhe um homem mudo e endemoninhado. 33 E, expulso o demónio, falou o mudo; e a multidão se maravilhou, dizendo: Nunca tal se viu em Israel. 34 Mas os fariseus diziam: Ele expulsa os demónios pelo príncipe dos demónios. 35 E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles, e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo. 36 E, vendo as multidões, teve grande compaixão delas, porque andavam cansadas e desgarradas, como ovelhas que não têm pastor. 37 Então, disse aos seus discípulos: A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros. 38 Rogai, pois, ao Senhor da seara, que mande ceifeiros para a sua seara.
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Capítulo 10
Capítulo 10
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1 E, chamando os seus doze discípulos, deu-lhes poder sobre os espíritos imundos, para os expulsarem, e para curarem toda a enfermidade e todo o mal. 2 Ora, os nomes dos doze apóstolos são estes: O primeiro, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; 3 Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Lebeu, apelidado Tadeu; 4 Simão o Zelote, e Judas Iscariotes, aquele que o traiu. 5 Jesus enviou estes doze, e lhes ordenou, dizendo: Não ireis pelo caminho dos gentios, nem entrareis em cidade de samaritanos; 6 Mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel; 7 E, indo, pregai, dizendo: É chegado o reino dos céus. 8 Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demónios; de graça recebestes, de graça dai. 9 Não possuais ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos, 10 Nem alforjes para o caminho, nem duas túnicas, nem alparcas, nem bordão; porque digno é o operário do seu alimento. 11 E, em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, procurai saber quem nela seja digno, e hospedai-vos aí, até que vos retireis. 12 E, quando entrardes nalguma casa, saudai-a; 13 E, se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz. 14 E, se ninguém vos receber, nem escutar as vossas palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés. 15 Em verdade vos digo que, no dia do juízo, haverá menos rigor para o país de Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade. 16 Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e inofensivos como as pombas. 17 Acautelai-vos, porém, dos homens; porque eles vos entregarão aos sinédrios, e vos açoitarão nas suas sinagogas; 18 E sereis até conduzidos à presença dos governadores, e dos reis, por causa de mim, para lhes servir de testemunho a eles, e aos gentios. 19 Mas, quando vos entregarem, não vos dê cuidado como, ou o que haveis de falar, porque naquela mesma hora vos será ministrado o que haveis de dizer. 20 Porque não sois vós quem falará, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós. 21 E o irmão entregará à morte o irmão, e o pai o filho; e os filhos se levantarão contra os pais, e os matarão. 22 E odiados de todos sereis por causa do meu nome; mas aquele que perseverar até ao fim será salvo. 23 Quando pois vos perseguirem nesta cidade, fugi para outra; porque em verdade vos digo que não acabareis de percorrer as cidades de Israel sem que venha o Filho do homem. 24 Não é o discípulo mais do que o mestre, nem o servo mais do que o seu senhor. 25 Basta ao discípulo ser como seu mestre, e ao servo como seu senhor. Se chamaram Belzebu ao pai de família, quanto mais aos seus domésticos? 26 Portanto, não os temais; porque nada há encoberto que não haja de revelar-se, nem oculto que não haja de saber-se. 27 O que vos digo em trevas dizei-o em luz; e o que escutais ao ouvido pregai-o sobre os telhados. 28 E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo. 29 Não se vendem dois passarinhos por um ceitil? e nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai. 30 E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. 31 Não temais, pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos. 32 Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus. 33 Mas qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei também diante de meu Pai, que está nos céus. 34 Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada; 35 Porque eu vim pór em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; 36 E assim os inimigos do homem serão os seus familiares. 37 Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim. 38 E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim. 39 Quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida, por amor de mim, achá-la-á. 40 Quem vos recebe, a mim me recebe; e quem me recebe a mim, recebe aquele que me enviou. 41 Quem recebe um profeta em qualidade de profeta, receberá galardão de profeta; e quem recebe um justo na qualidade de justo, receberá galardão de justo. 42 E qualquer que tiver dado só que seja um copo de água fria a um destes pequenos, em nome de discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão.
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Capítulo 11
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1 E aconteceu que, acabando Jesus de dar instruções aos seus doze discípulos, partiu dali a ensinar e a pregar nas cidades deles. 2 E João, ouvindo no cárcere falar dos feitos de Cristo, enviou dois dos seus discípulos, 3 A dizer-lhe: És tu aquele que havia de vir, ou esperamos outro? 4 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Ide, e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes: 5 Os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho. 6 E bem-aventurado é aquele que não se escandalizar em mim. 7 E, partindo eles, começou Jesus a dizer às turbas, a respeito de João: Que fostes ver no deserto? uma cana agitada pelo vento? 8 Sim, que fostes ver? um homem ricamente vestido? Os que trajam ricamente estão nas casas dos reis. 9 Mas, então que fostes ver? um profeta? Sim, vos digo eu, e muito mais do que profeta; 10 Porque é este de quem está escrito: Eis que diante da tua face envio o meu anjo, Que preparará diante de ti o teu caminho. 11 Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele. 12 E, desde os dias de João o Batista até agora, se faz violência ao reino dos céus, e pela força se apoderam dele. 13 Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João. 14 E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir. 15 Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. 16 Mas, a quem assemelharei esta geração? É semelhante aos meninos que se assentam nas praças, e clamam aos seus companheiros, 17 E dizem: Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamo-vos lamentações, e não chorastes. 18 Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e dizem: Tem demónio. 19 Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis aí um homem comilão e beberrão, amigo dos publicanos e pecadores. Mas a sabedoria é justificada por seus filhos. 20 Então começou ele a lançar em rosto às cidades onde se operou a maior parte dos seus prodígios o não se haverem arrependido, dizendo: 21 Ai de ti, Corazim! ai de ti, Betsaida! porque, se em Tiro e em Sidom fossem feitos os prodígios que em vós se fizeram, há muito que se teriam arrependido, com saco e com cinza. 22 Por isso eu vos digo que haverá menos rigor para Tiro e Sidom, no dia do juízo, do que para vós. 23 E tu, Cafarnaum, que te ergues até aos céus, serás abatida até aos infernos; porque, se em Sodoma tivessem sido feitos os prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje. 24 Eu vos digo, porém, que haverá menos rigor para os de Sodoma, no dia do juízo, do que para ti. 25 Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. 26 Sim, ó Pai, porque assim te aprouve. 27 Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar. 28 Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. 29 Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. 30 Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.
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Capítulo 12
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1 Naquele tempo passou Jesus pelas searas, em um sábado; e os seus discípulos, tendo fome, começaram a colher espigas, e a comer. 2 E os fariseus, vendo isto, disseram-lhe: Eis que os teus discípulos fazem o que não é lícito fazer num sábado. 3 Ele, porém, lhes disse: Não tendes lido o que fez Davi, quando teve fome, ele e os que com ele estavam? 4 Como entrou na casa de Deus, e comeu os pães da proposição, que não lhe era lícito comer, nem aos que com ele estavam, mas só aos sacerdotes? 5 Ou não tendes lido na lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado, e ficam sem culpa? 6 Pois eu vos digo que está aqui quem é maior do que o templo. 7 Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício, não condenaríeis os inocentes. 8 Porque o Filho do homem até do sábado é Senhor. 9 E, partindo dali, chegou à sinagoga deles. 10 E, estava ali um homem que tinha uma das mãos mirrada; e eles, para o acusarem, o interrogaram, dizendo: É lícito curar nos sábados? 11 E ele lhes disse: Qual dentre vós será o homem que tendo uma ovelha, se num sábado ela cair numa cova, não lançará mão dela, e a levantará? 12 Pois, quanto mais vale um homem do que uma ovelha? É, por conseqüência, lícito fazer bem nos sábados. 13 Então disse àquele homem: Estende a tua mão. E ele a estendeu, e ficou sã como a outra. 14 E os fariseus, tendo saído, formaram conselho contra ele, para o matarem. 15 Jesus, sabendo isso, retirou-se dali, e acompanharam-no grandes multidões, e ele curou a todas. 16 E recomendava-lhes rigorosamente que o não descobrissem, 17 Para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz: 18 Eis aqui o meu servo, que escolhi, O meu amado, em quem a minha alma se compraz; Porei sobre ele o meu espírito, E anunciará aos gentios o juízo. 19 Não contenderá, nem clamará, Nem alguém ouvirá pelas ruas a sua voz; 20 Não esmagará a cana quebrada, E não apagará o morrão que fumega, Até que faça triunfar o juízo; 21 E no seu nome os gentios esperarão. 22 Trouxeram-lhe, então, um endemoninhado cego e mudo; e, de tal modo o curou, que o cego e mudo falava e via. 23 E toda a multidão se admirava e dizia: Não é este o Filho de Davi? 24 Mas os fariseus, ouvindo isto, diziam: Este não expulsa os demónios senão por Belzebu, príncipe dos demónios. 25 Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: Todo o reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda a cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá. 26 E, se Satanás expulsa a Satanás, está dividido contra si mesmo; como subsistirá, pois, o seu reino? 27 E, se eu expulso os demónios por Belzebu, por quem os expulsam então vossos filhos? Portanto, eles mesmos serão os vossos juízes. 28 Mas, se eu expulso os demónios pelo Espírito de Deus, logo é chegado a vós o reino de Deus. 29 Ou, como pode alguém entrar em casa do homem valente, e furtar os seus bens, se primeiro não maniatar o valente, saqueando então a sua casa? 30 Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha. 31 Portanto, eu vos digo: Todo o pecado e blasfêmia se perdoará aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens. 32 E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro. 33 Ou fazei a árvore boa, e o seu fruto bom, ou fazei a árvore má, e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore. 34 Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que há em abundáncia no coração, disso fala a boca. 35 O homem bom tira boas coisas do bom tesouro do seu coração, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más. 36 Mas eu vos digo que de toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo. 37 Porque por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras serás condenado. 38 Então alguns dos escribas e dos fariseus tomaram a palavra, dizendo: Mestre, quiséramos ver da tua parte algum sinal. 39 Mas ele lhes respondeu, e disse: Uma geração má e adúltera pede um sinal, porém, não se lhe dará outro sinal senão o do profeta Jonas; 40 Pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra. 41 Os ninivitas ressurgirão no juízo com esta geração, e a condenarão, porque se arrependeram com a pregação de Jonas. E eis que está aqui quem é mais do que Jonas. 42 A rainha do meio-dia se levantará no dia do juízo com esta geração, e a condenará; porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. E eis que está aqui quem é maior do que Salomão. 43 E, quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso, e não o encontra. 44 Então diz: Voltarei para a minha casa, de onde saí. E, voltando, acha-a desocupada, varrida e adornada. 45 Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali; e são os últimos atos desse homem piores do que os primeiros. Assim acontecerá também a esta geração má. 46 E, falando ele ainda à multidão, eis que estavam fora sua mãe e seus irmãos, pretendendo falar-lhe. 47 E disse-lhe alguém: Eis que estão ali fora tua mãe e teus irmãos, que querem falar-te. 48 Ele, porém, respondendo, disse ao que lhe falara: Quem é minha mãe? E quem são meus irmãos? 49 E, estendendo a sua mão para os seus discípulos, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos; 50 Porque, qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, e irmã e mãe.
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Capítulo 13
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1 Tendo Jesus saído de casa, naquele dia, estava assentado junto ao mar; 2 E ajuntou-se muita gente ao pé dele, de sorte que, entrando num barco, se assentou; e toda a multidão estava em pé na praia. 3 E falou-lhe de muitas coisas por parábolas, dizendo: Eis que o semeador saiu a semear. 4 E, quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho, e vieram as aves, e comeram-na; 5 E outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante, e logo nasceu, porque não tinha terra funda; 6 Mas, vindo o sol, queimou-se, e secou-se, porque não tinha raiz. 7 E outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram e sufocaram-na. 8 E outra caiu em boa terra, e deu fruto: um a cem, outro a sessenta e outro a trinta. 9 Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. 10 E, acercando-se dele os discípulos, disseram-lhe: Por que lhes falas por parábolas? 11 Ele, respondendo, disse-lhes: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado; 12 Porque àquele que tem, se dará, e terá em abundáncia; mas àquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado. 13 Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem. 14 E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis, E, vendo, vereis, mas não percebereis. 15 Porque o coração deste povo está endurecido, E ouviram de mau grado com seus ouvidos, E fecharam seus olhos; Para que não vejam com os olhos, E ouçam com os ouvidos, E compreendam com o coração, E se convertam, E eu os cure. 16 Mas, bem-aventurados os vossos olhos, porque vêem, e os vossos ouvidos, porque ouvem. 17 Porque em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes, e não o viram; e ouvir o que vós ouvis, e não o ouviram. 18 Escutai vós, pois, a parábola do semeador. 19 Ouvindo alguém a palavra do reino, e não a entendendo, vem o maligno, e arrebata o que foi semeado no seu coração; este é o que foi semeado ao pé do caminho. 20 O que foi semeado em pedregais é o que ouve a palavra, e logo a recebe com alegria; 21 Mas não tem raiz em si mesmo, antes é de pouca duração; e, chegada a angústia e a perseguição, por causa da palavra, logo se ofende; 22 E o que foi semeado entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo, e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera; 23 Mas, o que foi semeado em boa terra é o que ouve e compreende a palavra; e dá fruto, e um produz cem, outro sessenta, e outro trinta. 24 Propós-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é semelhante ao homem que semeia a boa semente no seu campo; 25 Mas, dormindo os homens, veio o seu inimigo, e semeou joio no meio do trigo, e retirou-se. 26 E, quando a erva cresceu e frutificou, apareceu também o joio. 27 E os servos do pai de família, indo ter com ele, disseram-lhe: Senhor, não semeaste tu, no teu campo, boa semente? Por que tem, então, joio? 28 E ele lhes disse: Um inimigo é quem fez isso. E os servos lhe disseram: Queres pois que vamos arrancá-lo? 29 Ele, porém, lhes disse: Não; para que, ao colher o joio, não arranqueis também o trigo com ele. 30 Deixai crescer ambos juntos até à ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: Colhei primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; mas, o trigo, ajuntai-o no meu celeiro. 31 Outra parábola lhes propós, dizendo: O reino dos céus é semelhante ao grão de mostarda que o homem, pegando nele, semeou no seu campo; 32 O qual é, realmente, a menor de todas as sementes; mas, crescendo, é a maior das plantas, e faz-se uma árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham nos seus ramos. 33 Outra parábola lhes disse: O reino dos céus é semelhante ao fermento, que uma mulher toma e introduz em três medidas de farinha, até que tudo esteja levedado. 34 Tudo isto disse Jesus, por parábolas à multidão, e nada lhes falava sem parábolas; 35 Para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta, que disse: Abrirei em parábolas a minha boca; Publicarei coisas ocultas desde a fundação do mundo. 36 Então, tendo despedido a multidão, foi Jesus para casa. E chegaram ao pé dele os seus discípulos, dizendo: Explica-nos a parábola do joio do campo. 37 E ele, respondendo, disse-lhes: O que semeia a boa semente, é o Filho do homem; 38 O campo é o mundo; e a boa semente são os filhos do reino; e o joio são os filhos do maligno; 39 O inimigo, que o semeou, é o diabo; e a ceifa é o fim do mundo; e os ceifeiros são os anjos. 40 Assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será na consumação deste mundo. 41 Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles colherão do seu reino tudo o que causa escándalo, e os que cometem iniqüidade. 42 E lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes. 43 Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. 44 Também o reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo, que um homem achou e escondeu; e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo. 45 Outrossim, o reino dos céus é semelhante ao homem, negociante, que busca boas pérolas; 46 E, encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e comprou-a. 47 Igualmente o reino dos céus é semelhante a uma rede lançada ao mar, e que apanha toda a qualidade de peixes. 48 E, estando cheia, a puxam para a praia; e, assentando-se, apanham para os cestos os bons; os ruins, porém, lançam fora. 49 Assim será na consumação dos séculos: virão os anjos, e separarão os maus de entre os justos, 50 E lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes. 51 E disse-lhes Jesus: Entendestes todas estas coisas? Disseram-lhe eles: Sim, Senhor. 52 E ele disse-lhes: Por isso, todo o escriba instruído acerca do reino dos céus é semelhante a um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas. 53 E aconteceu que Jesus, concluindo estas parábolas, se retirou dali. 54 E, chegando à sua pátria, ensinava-os na sinagoga deles, de sorte que se maravilhavam, e diziam: De onde veio a este a sabedoria, e estas maravilhas? 55 Não é este o filho do carpinteiro? e não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, e José, e Simão, e Judas? 56 E não estão entre nós todas as suas irmãs? De onde lhe veio, pois, tudo isto? 57 E escandalizavam-se nele. Jesus, porém, lhes disse: Não há profeta sem honra, a não ser na sua pátria e na sua casa. 58 E não fez ali muitas maravilhas, por causa da incredulidade deles.
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Capítulo 14
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1 Naquele tempo ouviu Herodes, o tetrarca, a fama de Jesus, 2 E disse aos seus criados: Este é João o Batista; ressuscitou dos mortos, e por isso estas maravilhas operam nele. 3 Porque Herodes tinha prendido João, e tinha-o maniatado e encerrado no cárcere, por causa de Herodias, mulher de seu irmão Filipe; 4 Porque João lhe dissera: Não te é lícito possuí-la. 5 E, querendo matá-lo, temia o povo; porque o tinham como profeta. 6 Festejando-se, porém, o dia natalício de Herodes, dançou a filha de Herodias diante dele, e agradou a Herodes. 7 Por isso prometeu, com juramento, dar-lhe tudo o que pedisse; 8 E ela, instruída previamente por sua mãe, disse: Dá-me aqui, num prato, a cabeça de João o Batista. 9 E o rei afligiu-se, mas, por causa do juramento, e dos que estavam à mesa com ele, ordenou que se lhe desse. 10 E mandou degolar João no cárcere. 11 E a sua cabeça foi trazida num prato, e dada à jovem, e ela a levou a sua mãe. 12 E chegaram os seus discípulos, e levaram o corpo, e o sepultaram; e foram anunciá-lo a Jesus. 13 E Jesus, ouvindo isto, retirou-se dali num barco, para um lugar deserto, apartado; e, sabendo-o o povo, seguiu-o a pé desde as cidades. 14 E, Jesus, saindo, viu uma grande multidão, e possuído de íntima compaixão para com ela, curou os seus enfermos. 15 E, sendo chegada a tarde, os seus discípulos aproximaram-se dele, dizendo: O lugar é deserto, e a hora é já avançada; despede a multidão, para que vão pelas aldeias, e comprem comida para si. 16 Jesus, porém, lhes disse: Não é mister que vão; dai-lhes vós de comer. 17 Então eles lhe disseram: Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes. 18 E ele disse: Trazei-mos aqui. 19 E, tendo mandado que a multidão se assentasse sobre a erva, tomou os cinco pães e os dois peixes, e, erguendo os olhos ao céu, os abençoou, e, partindo os pães, deu-os aos discípulos, e os discípulos à multidão. 20 E comeram todos, e saciaram-se; e levantaram dos pedaços, que sobejaram, doze alcofas cheias. 21 E os que comeram foram quase cinco mil homens, além das mulheres e crianças. 22 E logo ordenou Jesus que os seus discípulos entrassem no barco, e fossem adiante para o outro lado, enquanto despedia a multidão. 23 E, despedida a multidão, subiu ao monte para orar, à parte. E, chegada já a tarde, estava ali só. 24 E o barco estava já no meio do mar, açoitado pelas ondas; porque o vento era contrário; 25 Mas, à quarta vigília da noite, dirigiu-se Jesus para eles, andando por cima do mar. 26 E os discípulos, vendo-o andando sobre o mar, assustaram-se, dizendo: É um fantasma. E gritaram com medo. 27 Jesus, porém, lhes falou logo, dizendo: Tende bom ánimo, sou eu, não temais. 28 E respondeu-lhe Pedro, e disse: Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por cima das águas. 29 E ele disse: Vem. E Pedro, descendo do barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus. 30 Mas, sentindo o vento forte, teve medo; e, começando a ir para o fundo, clamou, dizendo: Senhor, salva-me! 31 E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste? 32 E, quando subiram para o barco, acalmou o vento. 33 Então aproximaram-se os que estavam no barco, e adoraram-no, dizendo: És verdadeiramente o Filho de Deus. 34 E, tendo passado para o outro lado, chegaram à terra de Genesaré. 35 E, quando os homens daquele lugar o conheceram, mandaram por todas aquelas terras em redor e trouxeram-lhe todos os que estavam enfermos. 36 E rogavam-lhe que ao menos eles pudessem tocar a orla da sua roupa; e todos os que a tocavam ficavam sãos.
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Capítulo 15
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1 Então chegaram ao pé de Jesus uns escribas e fariseus de Jerusalém, dizendo: 2 Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? pois não lavam as mãos quando comem pão. 3 Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Por que transgredis vós, também, o mandamento de Deus pela vossa tradição? 4 Porque Deus ordenou, dizendo: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser ao pai ou à mãe, certamente morrerá. 5 Mas vós dizeis: Qualquer que disser ao pai ou à mãe: É oferta ao Senhor o que poderias aproveitar de mim; esse não precisa honrar nem a seu pai nem a sua mãe, 6 E assim invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus. 7 Hipócritas, bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: 8 Este povo se aproxima de mim com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim. 9 Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens. 10 E, chamando a si a multidão, disse-lhes: Ouvi, e entendei: 11 O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem. 12 Então, acercando-se dele os seus discípulos, disseram-lhe: Sabes que os fariseus, ouvindo essas palavras, se escandalizaram? 13 Ele, porém, respondendo, disse: Toda a planta, que meu Pai celestial não plantou, será arrancada. 14 Deixai-os; são condutores cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova. 15 E Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Explica-nos essa parábola. 16 Jesus, porém, disse: Até vós mesmos estais ainda sem entender? 17 Ainda não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce para o ventre, e é lançado fora? 18 Mas, o que sai da boca, procede do coração, e isso contamina o homem. 19 Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. 20 São estas coisas que contaminam o homem; mas comer sem lavar as mãos, isso não contamina o homem. 21 E, partindo Jesus dali, foi para as partes de Tiro e de Sidom. 22 E eis que uma mulher cananéia, que saíra daquelas cercanias, clamou, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente endemoninhada. 23 Mas ele não lhe respondeu palavra. E os seus discípulos, chegando ao pé dele, rogaram-lhe, dizendo: Despede-a, que vem gritando atrás de nós. 24 E ele, respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. 25 Então chegou ela, e adorou-o, dizendo: Senhor, socorre-me! 26 Ele, porém, respondendo, disse: Não é bom pegar no pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos. 27 E ela disse: Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores. 28 Então respondeu Jesus, e disse-lhe: O mulher, grande é a tua fé! Seja isso feito para contigo como tu desejas. E desde aquela hora a sua filha ficou sã. 29 Partindo Jesus dali, chegou ao pé do mar da Galiléia, e, subindo a um monte, assentou-se lá. 30 E veio ter com ele grandes multidões, que traziam coxos, cegos, mudos, aleijados, e outros muitos, e os puseram aos pés de Jesus, e ele os sarou, 31 De tal sorte, que a multidão se maravilhou vendo os mudos a falar, os aleijados sãos, os coxos a andar, e os cegos a ver; e glorificava o Deus de Israel. 32 E Jesus, chamando os seus discípulos, disse: Tenho compaixão da multidão, porque já está comigo há três dias, e não tem o que comer; e não quero despedi-la em jejum, para que não desfaleça no caminho. 33 E os seus discípulos disseram-lhe: De onde nos viriam, num deserto, tantos pães, para saciar tal multidão? 34 E Jesus disse-lhes: Quantos pães tendes? E eles disseram: Sete, e uns poucos de peixinhos. 35 Então mandou à multidão que se assentasse no chão, 36 E, tomando os sete pães e os peixes, e dando graças, partiu-os, e deu-os aos seus discípulos, e os discípulos à multidão. 37 E todos comeram e se saciaram; e levantaram, do que sobejou, sete cestos cheios de pedaços. 38 Ora, os que tinham comido eram quatro mil homens, além de mulheres e crianças. 39 E, tendo despedido a multidão, entrou no barco, e dirigiu-se ao território de Magadã.
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Capítulo 16
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1 E, chegando-se os fariseus e os saduceus, para o tentarem, pediram-lhe que lhes mostrasse algum sinal do céu. 2 Mas ele, respondendo, disse-lhes: Quando é chegada a tarde, dizeis: Haverá bom tempo, porque o céu está rubro. 3 E, pela manhã: Hoje haverá tempestade, porque o céu está de um vermelho sombrio. Hipócritas, sabeis discernir a face do céu, e não conheceis os sinais dos tempos? 4 Uma geração má e adúltera pede um sinal, e nenhum sinal lhe será dado, senão o sinal do profeta Jonas. E, deixando-os, retirou-se. 5 E, passando seus discípulos para o outro lado, tinham-se esquecido de trazer pão. 6 E Jesus disse-lhes: Adverti, e acautelai-vos do fermento dos fariseus e saduceus. 7 E eles arrazoavam entre si, dizendo: É porque não trouxemos pão. 8 E Jesus, percebendo isso, disse: Por que arrazoais entre vós, homens de pouca fé, sobre o não terdes trazido pão? 9 Não compreendeis ainda, nem vos lembrais dos cinco pães para cinco mil homens, e de quantas alcofas levantastes? 10 Nem dos sete pães para quatro mil, e de quantos cestos levantastes? 11 Como não compreendestes que não vos falei a respeito do pão, mas que vos guardásseis do fermento dos fariseus e saduceus? 12 Então compreenderam que não dissera que se guardassem do fermento do pão, mas da doutrina dos fariseus. 13 E, chegando Jesus às partes de Cesaréia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? 14 E eles disseram: Uns, João o Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas. 15 Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou? 16 E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. 17 E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus. 18 Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; 19 E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus. 20 Então mandou aos seus discípulos que a ninguém dissessem que ele era Jesus o Cristo. 21 Desde então começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e padecer muitas coisas dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia. 22 E Pedro, tomando-o de parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Senhor, tem compaixão de ti; de modo nenhum te acontecerá isso. 23 Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escándalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens. 24 Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me; 25 Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á. 26 Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma? 27 Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras. 28 Em verdade vos digo que alguns há, dos que aqui estão, que não provarão a morte até que vejam vir o Filho do homem no seu reino.
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Capítulo 17
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1 Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte, 2 E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz. 3 E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele. 4 E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, façamos aqui três tabernáculos, um para ti, um para Moisés, e um para Elias. 5 E, estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo; escutai-o. 6 E os discípulos, ouvindo isto, caíram sobre os seus rostos, e tiveram grande medo. 7 E, aproximando-se Jesus, tocou-lhes, e disse: Levantai-vos, e não tenhais medo. 8 E, erguendo eles os olhos, ninguém viram senão unicamente a Jesus. 9 E, descendo eles do monte, Jesus lhes ordenou, dizendo: A ninguém conteis a visão, até que o Filho do homem seja ressuscitado dentre os mortos. 10 E os seus discípulos o interrogaram, dizendo: Por que dizem então os escribas que é mister que Elias venha primeiro? 11 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro, e restaurará todas as coisas; 12 Mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles também padecer o Filho do homem. 13 Então entenderam os discípulos que lhes falara de João o Batista. 14 E, quando chegaram à multidão, aproximou-se-lhe um homem, pondo-se de joelhos diante dele, e dizendo: 15 Senhor, tem misericórdia de meu filho, que é lunático e sofre muito; pois muitas vezes cai no fogo, e muitas vezes na água; 16 E trouxe-o aos teus discípulos; e não puderam curá-lo. 17 E Jesus, respondendo, disse: O geração incrédula e perversa! até quando estarei eu convosco, e até quando vos sofrerei? Trazei-mo aqui. 18 E, repreendeu Jesus o demónio, que saiu dele, e desde aquela hora o menino sarou. 19 Então os discípulos, aproximando-se de Jesus em particular, disseram: Por que não pudemos nós expulsá-lo? 20 E Jesus lhes disse: Por causa de vossa pouca fé; porque em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e há de passar; e nada vos será impossível. 21 Mas esta casta de demónios não se expulsa senão pela oração e pelo jejum. 22 Ora, achando-se eles na Galiléia, disse-lhes Jesus: O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens; 23 E matá-lo-ão, e ao terceiro dia ressuscitará. E eles se entristeceram muito. 24 E, chegando eles a Cafarnaum, aproximaram-se de Pedro os que cobravam as dracmas, e disseram: O vosso mestre não paga as dracmas? 25 Disse ele: Sim. E, entrando em casa, Jesus se lhe antecipou, dizendo: Que te parece, Simão? De quem cobram os reis da terra os tributos, ou o censo? Dos seus filhos, ou dos alheios? 26 Disse-lhe Pedro: Dos alheios. Disse-lhe Jesus: Logo, estão livres os filhos. 27 Mas, para que os não escandalizemos, vai ao mar, lança o anzol, tira o primeiro peixe que subir, e abrindo-lhe a boca, encontrarás um estáter; toma-o, e dá-o por mim e por ti.
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Capítulo 18
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1 Naquela mesma hora chegaram os discípulos ao pé de Jesus, dizendo: Quem é o maior no reino dos céus? 2 E Jesus, chamando um menino, o pós no meio deles, 3 E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no reino dos céus. 4 Portanto, aquele que se tornar humilde como este menino, esse é o maior no reino dos céus. 5 E qualquer que receber em meu nome um menino, tal como este, a mim me recebe. 6 Mas, qualquer que escandalizar um destes pequeninos, que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza do mar. 7 Ai do mundo, por causa dos escándalos; porque é mister que venham escándalos, mas ai daquele homem por quem o escándalo vem! 8 Portanto, se a tua mão ou o teu pé te escandalizar, corta-o, e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida coxo, ou aleijado, do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno. 9 E, se o teu olho te escandalizar, arranca-o, e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida com um só olho, do que, tendo dois olhos, seres lançado no fogo do inferno. 10 Vede, não desprezeis algum destes pequeninos, porque eu vos digo que os seus anjos nos céus sempre vêem a face de meu Pai que está nos céus. 11 Porque o Filho do homem veio salvar o que se tinha perdido. 12 Que vos parece? Se algum homem tiver cem ovelhas, e uma delas se desgarrar, não irá pelos montes, deixando as noventa e nove, em busca da que se desgarrou? 13 E, se porventura achá-la, em verdade vos digo que maior prazer tem por aquela do que pelas noventa e nove que se não desgarraram. 14 Assim, também, não é vontade de vosso Pai, que está nos céus, que um destes pequeninos se perca. 15 Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão; 16 Mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada. 17 E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano. 18 Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. 19 Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. 20 Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles. 21 Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? 22 Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete. 23 Por isso o reino dos céus pode comparar-se a um certo rei que quis fazer contas com os seus servos; 24 E, começando a fazer contas, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos; 25 E, não tendo ele com que pagar, o seu senhor mandou que ele, e sua mulher e seus filhos fossem vendidos, com tudo quanto tinha, para que a dívida se lhe pagasse. 26 Então aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. 27 Então o senhor daquele servo, movido de íntima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida. 28 Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe devia cem dinheiros, e, lançando mão dele, sufocava-o, dizendo: Paga-me o que me deves. 29 Então o seu companheiro, prostrando-se a seus pés, rogava-lhe, dizendo: Sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. 30 Ele, porém, não quis, antes foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida. 31 Vendo, pois, os seus conservos o que acontecia, contristaram-se muito, e foram declarar ao seu senhor tudo o que se passara. 32 Então o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. 33 Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti? 34 E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia. 35 Assim vos fará, também, meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas.
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Capítulo 19
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1 E aconteceu que, concluindo Jesus estes discursos, saiu da Galiléia, e dirigiu-se aos confins da Judéia, além do Jordão; 2 E seguiram-no grandes multidões, e curou-as ali. 3 Então chegaram ao pé dele os fariseus, tentando-o, e dizendo-lhe: É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo? 4 Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez, 5 E disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne? 6 Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem. 7 Disseram-lhe eles: Então, por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio, e repudiá-la? 8 Disse-lhes ele: Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas ao princípio não foi assim. 9 Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério. 10 Disseram-lhe seus discípulos: Se assim é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar. 11 Ele, porém, lhes disse: Nem todos podem receber esta palavra, mas só aqueles a quem foi concedido. 12 Porque há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que foram castrados pelos homens; e há eunucos que se castraram a si mesmos, por causa do reino dos céus. Quem pode receber isto, receba-o. 13 Trouxeram-lhe, então, alguns meninos, para que sobre eles pusesse as mãos, e orasse; mas os discípulos os repreendiam. 14 Jesus, porém, disse: Deixai os meninos, e não os estorveis de vir a mim; porque dos tais é o reino dos céus. 15 E, tendo-lhes imposto as mãos, partiu dali. 16 E eis que, aproximando-se dele um jovem, disse-lhe: Bom Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna? 17 E ele disse-lhe: Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos. 18 Disse-lhe ele: Quais? E Jesus disse: Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho; 19 Honra teu pai e tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo. 20 Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade; que me falta ainda? 21 Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me. 22 E o jovem, ouvindo esta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades. 23 Disse então Jesus aos seus discípulos: Em verdade vos digo que é difícil entrar um rico no reino dos céus. 24 E, outra vez vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus. 25 Os seus discípulos, ouvindo isto, admiraram-se muito, dizendo: Quem poderá pois salvar-se? 26 E Jesus, olhando para eles, disse-lhes: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível. 27 Então Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Eis que nós deixamos tudo, e te seguimos; que receberemos? 28 E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel. 29 E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou terras, por amor de meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna. 30 Porém, muitos primeiros serão os derradeiros, e muitos derradeiros serão os primeiros.
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Capítulo 20
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1 Porque o reino dos céus é semelhante a um homem, pai de família, que saiu de madrugada a assalariar trabalhadores para a sua vinha. 2 E, ajustando com os trabalhadores a um dinheiro por dia, mandou-os para a sua vinha. 3 E, saindo perto da hora terceira, viu outros que estavam ociosos na praça, 4 E disse-lhes: Ide vós também para a vinha, e dar-vos-ei o que for justo. E eles foram. 5 Saindo outra vez, perto da hora sexta e nona, fez o mesmo. 6 E, saindo perto da hora undécima, encontrou outros que estavam ociosos, e perguntou-lhes: Por que estais ociosos todo o dia? 7 Disseram-lhe eles: Porque ninguém nos assalariou. Diz-lhes ele: Ide vós também para a vinha, e recebereis o que for justo. 8 E, aproximando-se a noite, diz o senhor da vinha ao seu mordomo: Chama os trabalhadores, e paga-lhes o jornal, começando pelos derradeiros, até aos primeiros. 9 E, chegando os que tinham ido perto da hora undécima, receberam um dinheiro cada um. 10 Vindo, porém, os primeiros, cuidaram que haviam de receber mais; mas do mesmo modo receberam um dinheiro cada um. 11 E, recebendo-o, murmuravam contra o pai de família, 12 Dizendo: Estes derradeiros trabalharam só uma hora, e tu os igualaste conosco, que suportamos a fadiga e a calma do dia. 13 Mas ele, respondendo, disse a um deles: Amigo, não te faço agravo; não ajustaste tu comigo um dinheiro? 14 Toma o que é teu, e retira-te; eu quero dar a este derradeiro tanto como a ti. 15 Ou não me é lícito fazer o que quiser do que é meu? Ou é mau o teu olho porque eu sou bom? 16 Assim os derradeiros serão primeiros, e os primeiros derradeiros; porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos. 17 E, subindo Jesus a Jerusalém, chamou de parte os seus doze discípulos, e no caminho disse-lhes: 18 Eis que vamos para Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes, e aos escribas, e condená-lo-ão à morte. 19 E o entregarão aos gentios para que dele escarneçam, e o açoitem e crucifiquem, e ao terceiro dia ressuscitará. 20 Então se aproximou dele a mãe dos filhos de Zebedeu, com seus filhos, adorando-o, e fazendo-lhe um pedido. 21 E ele diz-lhe: Que queres? Ela respondeu: Dize que estes meus dois filhos se assentem, um à tua direita e outro à tua esquerda, no teu reino. 22 Jesus, porém, respondendo, disse: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu hei de beber, e ser batizados com o batismo com que eu sou batizado? Dizem-lhe eles: Podemos. 23 E diz-lhes ele: Na verdade bebereis o meu cálice e sereis batizados com o batismo com que eu sou batizado, mas o assentar-se à minha direita ou à minha esquerda não me pertence dá-lo, mas é para aqueles para quem meu Pai o tem preparado. 24 E, quando os dez ouviram isto, indignaram-se contra os dois irmãos. 25 Então Jesus, chamando-os para junto de si, disse: Bem sabeis que pelos príncipes dos gentios são estes dominados, e que os grandes exercem autoridade sobre eles. 26 Não será assim entre vós; mas todo aquele que quiser entre vós fazer-se grande seja vosso serviçal; 27 E, qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo; 28 Bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos. 29 E, saindo eles de Jericó, seguiu-o grande multidão. 30 E eis que dois cegos, assentados junto do caminho, ouvindo que Jesus passava, clamaram, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de nós! 31 E a multidão os repreendia, para que se calassem; eles, porém, cada vez clamavam mais, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de nós! 32 E Jesus, parando, chamou-os, e disse: Que quereis que vos faça? 33 Disseram-lhe eles: Senhor, que os nossos olhos sejam abertos. 34 Então Jesus, movido de íntima compaixão, tocou-lhes nos olhos, e logo viram; e eles o seguiram.
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Capítulo 21
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1 E, quando se aproximaram de Jerusalém, e chegaram a Betfagé, ao Monte das Oliveiras, enviou, então, Jesus dois discípulos, dizendo-lhes: 2 Ide à aldeia que está defronte de vós, e logo encontrareis uma jumenta presa, e um jumentinho com ela; desprendei-a, e trazeimos. 3 E, se alguém vos disser alguma coisa, direis que o Senhor os há de mister; e logo os enviará. 4 Ora, tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta, que diz: 5 Dizei à filha de Sião: Eis que o teu Rei aí te vem, Manso, e assentado sobre uma jumenta, E sobre um jumentinho, filho de animal de carga. 6 E, indo os discípulos, e fazendo como Jesus lhes ordenara, 7 Trouxeram a jumenta e o jumentinho, e sobre eles puseram as suas vestes, e fizeram-no assentar em cima. 8 E muitíssima gente estendia as suas vestes pelo caminho, e outros cortavam ramos de árvores, e os espalhavam pelo caminho. 9 E a multidão que ia adiante, e a que seguia, clamava, dizendo: Hosana ao Filho de Davi; bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas! 10 E, entrando ele em Jerusalém, toda a cidade se alvoroçou, dizendo: Quem é este? 11 E a multidão dizia: Este é Jesus, o profeta de Nazaré da Galiléia. 12 E entrou Jesus no templo de Deus, e expulsou todos os que vendiam e compravam no templo, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas; 13 E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; mas vós a tendes convertido em covil de ladrões. 14 E foram ter com ele no templo cegos e coxos, e curou-os. 15 Vendo, então, os principais dos sacerdotes e os escribas as maravilhas que fazia, e os meninos clamando no templo: Hosana ao Filho de Davi, indignaram-se, 16 E disseram-lhe: Ouves o que estes dizem? E Jesus lhes disse: Sim; nunca lestes: Pela boca dos meninos e das criancinhas de peito tiraste o perfeito louvor? 17 E, deixando-os, saiu da cidade para Betánia, e ali passou a noite. 18 E, de manhã, voltando para a cidade, teve fome; 19 E, avistando uma figueira perto do caminho, dirigiu-se a ela, e não achou nela senão folhas. E disse-lhe: Nunca mais nasça fruto de ti! E a figueira secou imediatamente. 20 E os discípulos, vendo isto, maravilharam-se, dizendo: Como secou imediatamente a figueira? 21 Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Em verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não só fareis o que foi feito à figueira, mas até se a este monte disserdes: Ergue-te, e precipita-te no mar, assim será feito; 22 E, tudo o que pedirdes na oração, crendo, o recebereis. 23 E, chegando ao templo, acercaram-se dele, estando já ensinando, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo, dizendo: Com que autoridade fazes isto? e quem te deu tal autoridade? 24 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Eu também vos perguntarei uma coisa; se ma disserdes, também eu vos direi com que autoridade faço isto. 25 O batismo de João, de onde era? Do céu, ou dos homens? E pensavam entre si, dizendo: Se dissermos: Do céu, ele nos dirá: Então por que não o crestes? 26 E, se dissermos: Dos homens, tememos o povo, porque todos consideram João como profeta. 27 E, respondendo a Jesus, disseram: Não sabemos. Ele disse-lhes: Nem eu vos digo com que autoridade faço isto. 28 Mas, que vos parece? Um homem tinha dois filhos, e, dirigindo-se ao primeiro, disse: Filho, vai trabalhar hoje na minha vinha. 29 Ele, porém, respondendo, disse: Não quero. Mas depois, arrependendo-se, foi. 30 E, dirigindo-se ao segundo, falou-lhe de igual modo; e, respondendo ele, disse: Eu vou, senhor; e não foi. 31 Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram-lhe eles: O primeiro. Disse-lhes Jesus: Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus. 32 Porque João veio a vós no caminho da justiça, e não o crestes, mas os publicanos e as meretrizes o creram; vós, porém, vendo isto, nem depois vos arrependestes para o crer. 33 Ouvi, ainda, outra parábola: Houve um homem, pai de família, que plantou uma vinha, e circundou-a de um valado, e construiu nela um lagar, e edificou uma torre, e arrendou-a a uns lavradores, e ausentou-se para longe. 34 E, chegando o tempo dos frutos, enviou os seus servos aos lavradores, para receber os seus frutos. 35 E os lavradores, apoderando-se dos servos, feriram um, mataram outro, e apedrejaram outro. 36 Depois enviou outros servos, em maior número do que os primeiros; e eles fizeram-lhes o mesmo. 37 E, por último, enviou-lhes seu filho, dizendo: Terão respeito a meu filho. 38 Mas os lavradores, vendo o filho, disseram entre si: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, e apoderemo-nos da sua herança. 39 E, lançando mão dele, o arrastaram para fora da vinha, e o mataram. 40 Quando, pois, vier o senhor da vinha, que fará àqueles lavradores? 41 Dizem-lhe eles: Dará afrontosa morte aos maus, e arrendará a vinha a outros lavradores, que a seu tempo lhe dêem os frutos. 42 Diz-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras: A pedra, que os edificadores rejeitaram, Essa foi posta por cabeça do ángulo; Pelo Senhor foi feito isto, E é maravilhoso aos nossos olhos? 43 Portanto, eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que dê os seus frutos. 44 E, quem cair sobre esta pedra, despedaçar-se-á; e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó. 45 E os príncipes dos sacerdotes e os fariseus, ouvindo estas palavras, entenderam que falava deles; 46 E, pretendendo prendê-lo, recearam o povo, porquanto o tinham por profeta.
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Capítulo 22
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1 Então Jesus, tomando a palavra, tornou a falar-lhes em parábolas, dizendo: 2 O reino dos céus é semelhante a um certo rei que celebrou as bodas de seu filho; 3 E enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas, e estes não quiseram vir. 4 Depois, enviou outros servos, dizendo: Dizei aos convidados: Eis que tenho o meu jantar preparado, os meus bois e cevados já mortos, e tudo já pronto; vinde às bodas. 5 Eles, porém, não fazendo caso, foram, um para o seu campo, outro para o seu tráfico; 6 E os outros, apoderando-se dos servos, os ultrajaram e mataram. 7 E o rei, tendo notícia disto, encolerizou-se e, enviando os seus exércitos, destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade. 8 Então diz aos servos: As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os convidados não eram dignos. 9 Ide, pois, às saídas dos caminhos, e convidai para as bodas a todos os que encontrardes. 10 E os servos, saindo pelos caminhos, ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e a festa nupcial foi cheia de convidados. 11 E o rei, entrando para ver os convidados, viu ali um homem que não estava trajado com veste de núpcias. 12 E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo veste nupcial? E ele emudeceu. 13 Disse, então, o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o, e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes. 14 Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos. 15 Então, retirando-se os fariseus, consultaram entre si como o surpreenderiam nalguma palavra; 16 E enviaram-lhe os seus discípulos, com os herodianos, dizendo: Mestre, bem sabemos que és verdadeiro, e ensinas o caminho de Deus segundo a verdade, e de ninguém se te dá, porque não olhas a aparência dos homens. 17 Dize-nos, pois, que te parece? É lícito pagar o tributo a César, ou não? 18 Jesus, porém, conhecendo a sua malícia, disse: Por que me experimentais, hipócritas? 19 Mostrai-me a moeda do tributo. E eles lhe apresentaram um dinheiro. 20 E ele diz-lhes: De quem é esta efígie e esta inscrição? 21 Dizem-lhe eles: De César. Então ele lhes disse: Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. 22 E eles, ouvindo isto, maravilharam-se, e, deixando-o, se retiraram. 23 No mesmo dia chegaram junto dele os saduceus, que dizem não haver ressurreição, e o interrogaram, 24 Dizendo: Mestre, Moisés disse: Se morrer alguém, não tendo filhos, casará o seu irmão com a mulher dele, e suscitará descendência a seu irmão. 25 Ora, houve entre nós sete irmãos; e o primeiro, tendo casado, morreu e, não tendo descendência, deixou sua mulher a seu irmão. 26 Da mesma sorte o segundo, e o terceiro, até ao sétimo; 27 Por fim, depois de todos, morreu também a mulher. 28 Portanto, na ressurreição, de qual dos sete será a mulher, visto que todos a possuíram? 29 Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus. 30 Porque na ressurreição nem casam nem são dados em casamento; mas serão como os anjos de Deus no céu. 31 E, acerca da ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos declarou, dizendo: 32 Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó? Ora, Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos. 33 E, as turbas, ouvindo isto, ficaram maravilhadas da sua doutrina. 34 E os fariseus, ouvindo que ele fizera emudecer os saduceus, reuniram-se no mesmo lugar. 35 E um deles, doutor da lei, interrogou-o para o experimentar, dizendo: 36 Mestre, qual é o grande mandamento na lei? 37 E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. 38 Este é o primeiro e grande mandamento. 39 E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. 40 Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas. 41 E, estando reunidos os fariseus, interrogou-os Jesus, 42 Dizendo: Que pensais vós do Cristo? De quem é filho? Eles disseram-lhe: De Davi. 43 Disse-lhes ele: Como é então que Davi, em espírito, lhe chama Senhor, dizendo: 44 Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, Até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés? 45 Se Davi, pois, lhe chama Senhor, como é seu filho? 46 E ninguém podia responder-lhe uma palavra; nem desde aquele dia ousou mais alguém interrogá-lo.
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Capítulo 23
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1 Então falou Jesus à multidão, e aos seus discípulos, 2 Dizendo: Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus. 3 Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem; 4 Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los; 5 E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das suas vestes, 6 E amam os primeiros lugares nas ceias e as primeiras cadeiras nas sinagogas, 7 E as saudações nas praças, e o serem chamados pelos homens; Rabi, Rabi. 8 Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos. 9 E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus. 10 Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo. 11 O maior dentre vós será vosso servo. 12 E o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado. 13 Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que fechais aos homens o reino dos céus; e nem vós entrais nem deixais entrar aos que estão entrando. 14 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que devorais as casas das viúvas, sob pretexto de prolongadas orações; por isso sofrereis mais rigoroso juízo. 15 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno duas vezes mais do que vós. 16 Ai de vós, condutores cegos! pois que dizeis: Qualquer que jurar pelo templo, isso nada é; mas o que jurar pelo ouro do templo, esse é devedor. 17 Insensatos e cegos! Pois qual é maior: o ouro, ou o templo, que santifica o ouro? 18 E aquele que jurar pelo altar isso nada é; mas aquele que jurar pela oferta que está sobre o altar, esse é devedor. 19 Insensatos e cegos! Pois qual é maior: a oferta, ou o altar, que santifica a oferta? 20 Portanto, o que jurar pelo altar, jura por ele e por tudo o que sobre ele está; 21 E, o que jurar pelo templo, jura por ele e por aquele que nele habita; 22 E, o que jurar pelo céu, jura pelo trono de Deus e por aquele que está assentado nele. 23 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas. 24 Condutores cegos! que coais um mosquito e engolis um camelo. 25 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que limpais o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de rapina e de iniqüidade. 26 Fariseu cego! limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo. 27 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia. 28 Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade. 29 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que edificais os sepulcros dos profetas e adornais os monumentos dos justos, 30 E dizeis: Se existíssemos no tempo de nossos pais, nunca nos associaríamos com eles para derramar o sangue dos profetas. 31 Assim, vós mesmos testificais que sois filhos dos que mataram os profetas. 32 Enchei vós, pois, a medida de vossos pais. 33 Serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação do inferno? 34 Portanto, eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas; a uns deles matareis e crucificareis; e a outros deles açoitareis nas vossas sinagogas e os perseguireis de cidade em cidade; 35 Para que sobre vós caia todo o sangue justo, que foi derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo, até ao sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que matastes entre o santuário e o altar. 36 Em verdade vos digo que todas estas coisas hão de vir sobre esta geração. 37 Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste! 38 Eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta; 39 Porque eu vos digo que desde agora me não vereis mais, até que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor.
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Capítulo 24
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1 E, quando Jesus ia saindo do templo, aproximaram-se dele os seus discípulos para lhe mostrarem a estrutura do templo. 2 Jesus, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada. 3 E, estando assentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos em particular, dizendo: Dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo? 4 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Acautelai-vos, que ninguém vos engane; 5 Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos. 6 E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim. 7 Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares. 8 Mas todas estas coisas são o princípio de dores. 9 Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vos-ão; e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome. 10 Nesse tempo muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se odiarão. 11 E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos. 12 E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará. 13 Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo. 14 E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim. 15 Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, atenda; 16 Então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes; 17 E quem estiver sobre o telhado não desça a tirar alguma coisa de sua casa; 18 E quem estiver no campo não volte atrás a buscar as suas vestes. 19 Mas ai das grávidas e das que amamentarem naqueles dias! 20 E orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem no sábado; 21 Porque haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco há de haver. 22 E, se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias. 23 Então, se alguém vos disser: Eis que o Cristo está aqui, ou ali, não lhe deis crédito; 24 Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. 25 Eis que eu vo-lo tenho predito. 26 Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto, não saiais. Eis que ele está no interior da casa; não acrediteis. 27 Porque, assim como o relámpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem. 28 Pois onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão as águias. 29 E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas. 30 Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória. 31 E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus. 32 Aprendei, pois, esta parábola da figueira: Quando já os seus ramos se tornam tenros e brotam folhas, sabeis que está próximo o verão. 33 Igualmente, quando virdes todas estas coisas, sabei que ele está próximo, às portas. 34 Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam. 35 O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar. 36 Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai. 37 E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem. 38 Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, 39 E não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do homem. 40 Então, estando dois no campo, será levado um, e deixado o outro; 41 Estando duas moendo no moinho, será levada uma, e deixada outra. 42 Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor. 43 Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa. 44 Por isso, estai vós apercebidos também; porque o Filho do homem há de vir à hora em que não penseis. 45 Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o seu senhor constituiu sobre a sua casa, para dar o sustento a seu tempo? 46 Bem-aventurado aquele servo que o seu senhor, quando vier, achar servindo assim. 47 Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens. 48 Mas se aquele mau servo disser no seu coração: O meu senhor tarde virá; 49 E começar a espancar os seus conservos, e a comer e a beber com os ébrios, 50 Virá o senhor daquele servo num dia em que o não espera, e à hora em que ele não sabe, 51 E separá-lo-á, e destinará a sua parte com os hipócritas; ali haverá pranto e ranger de dentes.
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Capítulo 25
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1 Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lámpadas, saíram ao encontro do esposo. 2 E cinco delas eram prudentes, e cinco loucas. 3 As loucas, tomando as suas lámpadas, não levaram azeite consigo. 4 Mas as prudentes levaram azeite em suas vasilhas, com as suas lámpadas. 5 E, tardando o esposo, tosque-nejaram todas, e adormeceram. 6 Mas à meia-noite ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo, saí-lhe ao encontro. 7 Então todas aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lámpadas. 8 E as loucas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lámpadas se apagam. 9 Mas as prudentes responderam, dizendo: Não seja caso que nos falte a nós e a vós, ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós. 10 E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta. 11 E depois chegaram também as outras virgens, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos. 12 E ele, respondendo, disse: Em verdade vos digo que vos não conheço. 13 Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir. 14 Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens. 15 E a um deu cinco talentos, e a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se logo para longe. 16 E, tendo ele partido, o que recebera cinco talentos negociou com eles, e granjeou outros cinco talentos. 17 Da mesma sorte, o que recebera dois, granjeou também outros dois. 18 Mas o que recebera um, foi e cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor. 19 E muito tempo depois veio o senhor daqueles servos, e fez contas com eles. 20 Então aproximou-se o que recebera cinco talentos, e trouxe-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que granjeei com eles. 21 E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. 22 E, chegando também o que tinha recebido dois talentos, disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; eis que com eles granjeei outros dois talentos. 23 Disse-lhe o seu senhor: Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. 24 Mas, chegando também o que recebera um talento, disse: Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; 25 E, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu. 26 Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo; sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei? 27 Devias então ter dado o meu dinheiro aos banqueiros e, quando eu viesse, receberia o meu com os juros. 28 Tirai-lhe pois o talento, e dai-o ao que tem os dez talentos. 29 Porque a qualquer que tiver será dado, e terá em abundáncia; mas ao que não tiver até o que tem ser-lhe-á tirado. 30 Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes. 31 E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; 32 E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas; 33 E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. 34 Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; 35 Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; 36 Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me. 37 Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? 38 E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? 39 E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? 40 E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. 41 Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos; 42 Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; 43 Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes. 44 Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos? 45 Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim. 46 E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna.
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Capítulo 26
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1 E aconteceu que, quando Jesus concluiu todos estes discursos, disse aos seus discípulos: 2 Bem sabeis que daqui a dois dias é a páscoa; e o Filho do homem será entregue para ser crucificado. 3 Depois os príncipes dos sacerdotes, e os escribas, e os anciãos do povo reuniram-se na sala do sumo sacerdote, o qual se chamava Caifás. 4 E consultaram-se mutuamente para prenderem Jesus com dolo e o matarem. 5 Mas diziam: Não durante a festa, para que não haja alvoroço entre o povo. 6 E, estando Jesus em Betánia, em casa de Simão, o leproso, 7 Aproximou-se dele uma mulher com um vaso de alabastro, com ungüento de grande valor, e derramou-lho sobre a cabeça, quando ele estava assentado à mesa. 8 E os seus discípulos, vendo isto, indignaram-se, dizendo: Por que é este desperdício? 9 Pois este ungüento podia vender-se por grande preço, e dar-se o dinheiro aos pobres. 10 Jesus, porém, conhecendo isto, disse-lhes: Por que afligis esta mulher? pois praticou uma boa ação para comigo. 11 Porquanto sempre tendes convosco os pobres, mas a mim não me haveis de ter sempre. 12 Ora, derramando ela este ungüento sobre o meu corpo, fê-lo preparando-me para o meu sepultamento. 13 Em verdade vos digo que, onde quer que este evangelho for pregado em todo o mundo, também será referido o que ela fez, para memória sua. 14 Então um dos doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes, 15 E disse: Que me quereis dar, e eu vo-lo entregarei? E eles lhe pesaram trinta moedas de prata, 16 E desde então buscava oportunidade para o entregar. 17 E, no primeiro dia da festa dos pães ázimos, chegaram os discípulos junto de Jesus, dizendo: Onde queres que façamos os preparativos para comeres a páscoa? 18 E ele disse: Ide à cidade, a um certo homem, e dizei-lhe: O Mestre diz: O meu tempo está próximo; em tua casa celebrarei a páscoa com os meus discípulos. 19 E os discípulos fizeram como Jesus lhes ordenara, e prepararam a páscoa. 20 E, chegada a tarde, assentou-se à mesa com os doze. 21 E, comendo eles, disse: Em verdade vos digo que um de vós me há de trair. 22 E eles, entristecendo-se muito, começaram cada um a dizer-lhe: Porventura sou eu, Senhor? 23 E ele, respondendo, disse: O que põe comigo a mão no prato, esse me há de trair. 24 Em verdade o Filho do homem vai, como acerca dele está escrito, mas ai daquele homem por quem o Filho do homem é traído! Bom seria para esse homem se não houvera nascido. 25 E, respondendo Judas, o que o traía, disse: Porventura sou eu, Rabi? Ele disse: Tu o disseste. 26 E, quando comiam, Jesus tomou o pão, e abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo. 27 E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos; 28 Porque isto é o meu sangue; o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados. 29 E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide, até aquele dia em que o beba novo convosco no reino de meu Pai. 30 E, tendo cantado o hino, saíram para o Monte das Oliveiras. 31 Então Jesus lhes disse: Todos vós esta noite vos escandalizareis em mim; porque está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho se dispersarão. 32 Mas, depois de eu ressuscitar, irei adiante de vós para a Galiléia. 33 Mas Pedro, respondendo, disse-lhe: Ainda que todos se escandalizem em ti, eu nunca me escandalizarei. 34 Disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que, nesta mesma noite, antes que o galo cante, três vezes me negarás. 35 Disse-lhe Pedro: Ainda que me seja mister morrer contigo, não te negarei. E todos os discípulos disseram o mesmo. 36 Então chegou Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto vou além orar. 37 E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito. 38 Então lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até a morte; ficai aqui, e velai comigo. 39 E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres. 40 E, voltando para os seus discípulos, achou-os adormecidos; e disse a Pedro: Então nem uma hora pudeste velar comigo? 41 Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca. 42 E, indo segunda vez, orou, dizendo: Pai meu, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade. 43 E, voltando, achou-os outra vez adormecidos; porque os seus olhos estavam pesados. 44 E, deixando-os de novo, foi orar pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras. 45 Então chegou junto dos seus discípulos, e disse-lhes: Dormi agora, e repousai; eis que é chegada a hora, e o Filho do homem será entregue nas mãos dos pecadores. 46 Levantai-vos, partamos; eis que é chegado o que me trai. 47 E, estando ele ainda a falar, eis que chegou Judas, um dos doze, e com ele grande multidão com espadas e varapaus, enviada pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos do povo. 48 E o que o traía tinha-lhes dado um sinal, dizendo: O que eu beijar é esse; prendei-o. 49 E logo, aproximando-se de Jesus, disse: Eu te saúdo, Rabi; e beijou-o. 50 Jesus, porém, lhe disse: Amigo, a que vieste? Então, aproximando-se eles, lançaram mão de Jesus, e o prenderam. 51 E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou da espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma orelha. 52 Então Jesus disse-lhe: Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão. 53 Ou pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai, e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos? 54 Como, pois, se cumpririam as Escrituras, que dizem que assim convém que aconteça? 55 Então disse Jesus à multidão: Saístes, como para um salteador, com espadas e varapaus para me prender? Todos os dias me assentava junto de vós, ensinando no templo, e não me prendestes. 56 Mas tudo isto aconteceu para que se cumpram as escrituras dos profetas. Então, todos os discípulos, deixando-o, fugiram. 57 E os que prenderam a Jesus o conduziram à casa do sumo sacerdote Caifás, onde os escribas e os anciãos estavam reunidos. 58 E Pedro o seguiu de longe, até ao pátio do sumo sacerdote e, entrando, assentou-se entre os criados, para ver o fim. 59 Ora, os príncipes dos sacerdotes, e os anciãos, e todo o conselho, buscavam falso testemunho contra Jesus, para poderem dar-lhe a morte; 60 E não o achavam; apesar de se apresentarem muitas testemunhas falsas, não o achavam. Mas, por fim chegaram duas testemunhas falsas, 61 E disseram: Este disse: Eu posso derrubar o templo de Deus, e reedificá-lo em três dias. 62 E, levantando-se o sumo sacerdote, disse-lhe: Não respondes coisa alguma ao que estes depõem contra ti? 63 Jesus, porém, guardava silêncio. E, insistindo o sumo sacerdote, disse-lhe: Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus. 64 Disse-lhe Jesus: Tu o disseste; digo-vos, porém, que vereis em breve o Filho do homem assentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do céu. 65 Então o sumo sacerdote rasgou as suas vestes, dizendo: Blasfemou; para que precisamos ainda de testemunhas? Eis que bem ouvistes agora a sua blasfêmia. 66 Que vos parece? E eles, respondendo, disseram: É réu de morte. 67 Então cuspiram-lhe no rosto e lhe davam punhadas, e outros o esbofeteavam, 68 Dizendo: Profetiza-nos, Cristo, quem é o que te bateu? 69 Ora, Pedro estava assentado fora, no pátio; e, aproximando-se dele uma criada, disse: Tu também estavas com Jesus, o galileu. 70 Mas ele negou diante de todos, dizendo: Não sei o que dizes. 71 E, saindo para o vestíbulo, outra criada o viu, e disse aos que ali estavam: Este também estava com Jesus, o Nazareno. 72 E ele negou outra vez com juramento: Não conheço tal homem. 73 E, daí a pouco, aproximando-se os que ali estavam, disseram a Pedro: Verdadeiramente também tu és deles, pois a tua fala te denuncia. 74 Então começou ele a praguejar e a jurar, dizendo: Não conheço esse homem. E imediatamente o galo cantou. 75 E lembrou-se Pedro das palavras de Jesus, que lhe dissera: Antes que o galo cante, três vezes me negarás. E, saindo dali, chorou amargamente.
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Capítulo 27
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1 E, chegando a manhã, todos os príncipes dos sacerdotes, e os anciãos do povo, formavam juntamente conselho contra Jesus, para o matarem; 2 E maniatando-o, o levaram e entregaram ao presidente Póncio Pilatos. 3 Então Judas, o que o traíra, vendo que fora condenado, trouxe, arrependido, as trinta moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos, 4 Dizendo: Pequei, traindo o sangue inocente. Eles, porém, disseram: Que nos importa? Isso é contigo. 5 E ele, atirando para o templo as moedas de prata, retirou-se e foi-se enforcar. 6 E os príncipes dos sacerdotes, tomando as moedas de prata, disseram: Não é lícito colocá-las no cofre das ofertas, porque são preço de sangue. 7 E, tendo deliberado em conselho, compraram com elas o campo de um oleiro, para sepultura dos estrangeiros. 8 Por isso foi chamado aquele campo, até ao dia de hoje, Campo de Sangue. 9 Então se realizou o que vaticinara o profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de prata, preço do que foi avaliado, que certos filhos de Israel avaliaram, 10 E deram-nas pelo campo do oleiro, segundo o que o Senhor determinou. 11 E foi Jesus apresentado ao presidente, e o presidente o interrogou, dizendo: És tu o Rei dos Judeus? E disse-lhe Jesus: Tu o dizes. 12 E, sendo acusado pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu. 13 Disse-lhe então Pilatos: Não ouves quanto testificam contra ti? 14 E nem uma palavra lhe respondeu, de sorte que o presidente estava muito maravilhado. 15 Ora, por ocasião da festa, costumava o presidente soltar um preso, escolhendo o povo aquele que quisesse. 16 E tinham então um preso bem conhecido, chamado Barrabás. 17 Portanto, estando eles reunidos, disse-lhes Pilatos: Qual quereis que vos solte? Barrabás, ou Jesus, chamado Cristo? 18 Porque sabia que por inveja o haviam entregado. 19 E, estando ele assentado no tribunal, sua mulher mandou-lhe dizer: Não entres na questão desse justo, porque num sonho muito sofri por causa dele. 20 Mas os príncipes dos sacerdotes e os anciãos persuadiram à multidão que pedisse Barrabás e matasse Jesus. 21 E, respondendo o presidente, disse-lhes: Qual desses dois quereis vós que eu solte? E eles disseram: Barrabás. 22 Disse-lhes Pilatos: Que farei então de Jesus, chamado Cristo? Disseram-lhe todos: Seja crucificado. 23 O presidente, porém, disse: Mas que mal fez ele? E eles mais clamavam, dizendo: Seja crucificado. 24 Então Pilatos, vendo que nada aproveitava, antes o tumulto crescia, tomando água, lavou as mãos diante da multidão, dizendo: Estou inocente do sangue deste justo. Considerai isso. 25 E, respondendo todo o povo, disse: O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos. 26 Então soltou-lhes Barrabás, e, tendo mandado açoitar a Jesus, entregou-o para ser crucificado. 27 E logo os soldados do presidente, conduzindo Jesus à audiência, reuniram junto dele toda a coorte. 28 E, despindo-o, o cobriram com uma capa de escarlate; 29 E, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça, e em sua mão direita uma cana; e, ajoelhando diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, Rei dos judeus. 30 E, cuspindo nele, tiraram-lhe a cana, e batiam-lhe com ela na cabeça. 31 E, depois de o haverem escarnecido, tiraram-lhe a capa, vestiram-lhe as suas vestes e o levaram para ser crucificado. 32 E, quando saíam, encontraram um homem cireneu, chamado Simão, a quem constrangeram a levar a sua cruz. 33 E, chegando ao lugar chamado Gólgota, que se diz: Lugar da Caveira, 34 Deram-lhe a beber vinagre misturado com fel; mas ele, provando-o, não quis beber. 35 E, havendo-o crucificado, repartiram as suas vestes, lançando sortes, para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Repartiram entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica lançaram sortes. 36 E, assentados, o guardavam ali. 37 E por cima da sua cabeça puseram escrita a sua acusação: ESTE É JESUS, O REI DOS JUDEUS. 38 E foram crucificados com ele dois salteadores, um à direita, e outro à esquerda. 39 E os que passavam blasfemavam dele, meneando as cabeças, 40 E dizendo: Tu, que destróis o templo, e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo. Se és Filho de Deus, desce da cruz. 41 E da mesma maneira também os príncipes dos sacerdotes, com os escribas, e anciãos, e fariseus, escarnecendo, diziam: 42 Salvou os outros, e a si mesmo não pode salvar-se. Se é o Rei de Israel, desça agora da cruz, e crê-lo-emos. 43 Confiou em Deus; livre-o agora, se o ama; porque disse: Sou Filho de Deus. 44 E o mesmo lhe lançaram também em rosto os salteadores que com ele estavam crucificados. 45 E desde a hora sexta houve trevas sobre toda a terra, até à hora nona. 46 E perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactáni; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? 47 E alguns dos que ali estavam, ouvindo isto, diziam: Este chama por Elias, 48 E logo um deles, correndo, tomou uma esponja, e embebeu-a em vinagre, e, pondo-a numa cana, dava-lhe de beber. 49 Os outros, porém, diziam: Deixa, vejamos se Elias vem livrá-lo. 50 E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito. 51 E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras; 52 E abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados; 53 E, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos. 54 E o centurião e os que com ele guardavam a Jesus, vendo o terremoto, e as coisas que haviam sucedido, tiveram grande temor, e disseram: Verdadeiramente este era Filho de Deus. 55 E estavam ali, olhando de longe, muitas mulheres que tinham seguido Jesus desde a Galiléia, para o servir; 56 Entre as quais estavam Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu. 57 E, vinda já a tarde, chegou um homem rico, de Arimatéia, por nome José, que também era discípulo de Jesus. 58 Este foi ter com Pilatos, e pediu-lhe o corpo de Jesus. Então Pilatos mandou que o corpo lhe fosse dado. 59 E José, tomando o corpo, envolveu-o num fino e limpo lençol, 60 E o pós no seu sepulcro novo, que havia aberto em rocha, e, rodando uma grande pedra para a porta do sepulcro, retirou-se. 61 E estavam ali Maria Madalena e a outra Maria, assentadas defronte do sepulcro. 62 E no dia seguinte, que é o dia depois da Preparação, reuniram-se os príncipes dos sacerdotes e os fariseus em casa de Pilatos, 63 Dizendo: Senhor, lembramo-nos de que aquele enganador, vivendo ainda, disse: Depois de três dias ressuscitarei. 64 Manda, pois, que o sepulcro seja guardado com segurança até ao terceiro dia, não se dê o caso que os seus discípulos vão de noite, e o furtem, e digam ao povo: Ressuscitou dentre os mortos; e assim o último erro será pior do que o primeiro. 65 E disse-lhes Pilatos: Tendes a guarda; ide, guardai-o como entenderdes. 66 E, indo eles, seguraram o sepulcro com a guarda, selando a pedra.
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Capítulo 28
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1 E, no fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro. 2 E eis que houvera um grande terremoto, porque um anjo do Senhor, descendo do céu, chegou, removendo a pedra da porta, e sentou-se sobre ela. 3 E o seu aspecto era como um relámpago, e as suas vestes brancas como neve. 4 E os guardas, com medo dele, ficaram muito assombrados, e como mortos. 5 Mas o anjo, respondendo, disse às mulheres: Não tenhais medo; pois eu sei que buscais a Jesus, que foi crucificado. 6 Ele não está aqui, porque já ressuscitou, como havia dito. Vinde, vede o lugar onde o Senhor jazia. 7 Ide pois, imediatamente, e dizei aos seus discípulos que já ressuscitou dentre os mortos. E eis que ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis. Eis que eu vo-lo tenho dito. 8 E, saindo elas pressurosamente do sepulcro, com temor e grande alegria, correram a anunciá-lo aos seus discípulos. 9 E, indo elas a dar as novas aos seus discípulos, eis que Jesus lhes sai ao encontro, dizendo: Eu vos saúdo. E elas, chegando, abraçaram os seus pés, e o adoraram. 10 Então Jesus disse-lhes: Não temais; ide dizer a meus irmãos que vão à Galiléia, e lá me verão. 11 E, quando iam, eis que alguns da guarda, chegando à cidade, anunciaram aos príncipes dos sacerdotes todas as coisas que haviam acontecido. 12 E, congregados eles com os anciãos, e tomando conselho entre si, deram muito dinheiro aos soldados, 13 Dizendo: Dizei: Vieram de noite os seus discípulos e, dormindo nós, o furtaram. 14 E, se isto chegar a ser ouvido pelo presidente, nós o persuadiremos, e vos poremos em segurança. 15 E eles, recebendo o dinheiro, fizeram como estavam instruídos. E foi divulgado este dito entre os judeus, até ao dia de hoje. 16 E os onze discípulos partiram para a Galiléia, para o monte que Jesus lhes tinha designado. 17 E, quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram. 18 E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. 19 Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; 20 Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.
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